blog de Escritor: Edson Fernando

Livros do Edson: Blog









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Aproveitando as imensas facilidades do mundo on line e, também, aproveitando o imenso conteúdo que tenho de material escrito, resolvi transcrever uns livros on line.
É um projeto longo, acho que vai levar um tempo, mas as semente foram lançadas. E ora, os frutos, os frutos serão os mais variados possíveis, como agregar novos leitores e aumentar a minha visibilidade,além de proporcionar um pouco de diversão e cultura gratuitamente a todos vocês.Espero que gostem!

Boa Leitura, Leitores Amigos.

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Teatro

QUEM VAI MORAR COM O TIO CARLOS?

Por Edson Souza

Dramatis Personae:

Vagner: O Irmão mais velho

Jéssica: A Segunda Filha.

Fabio: O Outro irmão.

Amanda: A Irmã Caçula.

Matheus - O Irmão Caçula.

Carla - A Outra Irma.

 

 

ATO EM:

Um Cômodo do grande casarão da família Marques Fúvio. A Casa não lembra a vitalidade de antigos tempos. No cenário, duas cadeiras, uma mesa, um tapete, lenha, um fogão feito de tijolos, lampiões, sacolas, roupas e caixotes. Representa uma antiga área da lazer da mansão.

 

 

 

 

ATO PRIMERIO

DRAMA E SOLUÇÃO

CENA I :

Orientações: Vagner está sentado nos caixotes, ele deverá estar fumando um cigarro. Deverá estar fumando de uma forma pesada, como se toda a dor do mundo fosse embora junto com a fumaça do cigarro. E os lampiões estão acesos.

VAGNER : Mundo Mundo Vasto Mundo

                  Se me Chamasse Raimundo

                  Seria uma rima,não seria uma solução.

                 Mundo Mundo vasto Mundo,

                 Mais vasto é meu coração.

(Leitura dessa estrofe de Drummond no " Poema de sete Faces"; Nisso entra Jéssica com um saco de Pães)

JÉSSICA: Aqui está. Foi isso o que o dinheiro deu.

Por acaso falava com alguém? Ouvi vozes....

VAGNER(indiferente): Eu falava.

JÉSSICA: Com quem? Tem mais alguém aqui?(procurando)

VAGNER: Não, nossa casa somente nos possui. Quem mais há de estar por aqui? Sim, estamos sozinhos. E tudo que temos para comer está nesse saco.(levantando-se) Vamos comer agora. Como tenho fome!

JÉSSICA: Espere e os outros?

VAGNER: Quais outros? Somos só eu e  você agora, você e eu apenas. Vamos comer. O que é ?

JÉSSICA: Meia duzia de pães amanhecidos. foi o que o dinheiro deu(enfadonha)...

VAGNER: Já ouvi isso. Que terrível. Pães. Pães amanhecidos. Que terrível....

JÉSSICA: Já disse, foi o que o dinheiro deu...

VAGNER: Chega. Não quero mais saber....estava tirando o peso do mundo de meus ombros e ele não pesava mais que a mão de uma criança. Espere nossos irmãos chegarem da escola, lá eles fazem refeição uma boa refeição, mas dê o pão a eles, primeiro. Se sobrar comerei! (senta-se no caixote) Mundo Mundo vasto Mundo

(Jéssica no meio do palco, Vagner nos caixotes. Vagner recita agora "Os ombros suportam o mundo" de Drummond,:

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

 enquanto (ao mesmo tempo, simultaneamente) Jéssica dirá a seguinte fala:)

JÉSSICA: às vezes, eu tenho medo de você. Agora mesmo,viu o que fez?

     Primeiro queria todo o pão, depois não quis mais. Sem falar que antes de eu entrar, tive a nítida impressão de que você falava sozinho... você está cada vez mais falando só. Eu não sei mais o que fazer. Nós somos os mais velhos. Você é o mais velho. Deveria fazer alguma coisa, mas não faz nada. (Nada. Nada.)

    ....Mas....o que....o que está falando? Pensei que prestava atenção no que eu falo, em minhas palavras, mas vejo que é inútil. Nada adianta com você. Acho que está louco....sei como é difícil, vejo que se esforça, tem boas intenções, mas se desanimou e desanimar não pode, meu irmão. Tenho certeza que daremos certo. Tenho certeza que você ainda pode achar um emprego. Apenas; Não se desanime, ainda temos esses pães e um pouquinho, muito pouco de dinheiro em banco.

(Depois dos dois monólogos simultâneos, volta o diálogo)

VAGNER: Não temos o mais importante. Onde estão os nossos pais?

JéSSICA: O que fala irmão?

VAGNER: Não suportei tal perda; tentei suporta-la mas não consegui. Você viu. Eu tentei.  Logo que nossos pais faleceram, eu consegui administrar um pouco a casa. Mas agora não dá mais. Não trabalho a meses, não tenho mais forças para lutar e só a ruína me espera.

JÉSSICA: Nos espera....para de falar assim,não podemos desistir e nossos irmãos?

VAGNER(levantando-se): Já cansei de tentar, não sei mais por onde clamar.De tudo já fiz e tentei. Resta apenas agora me contentar.Você é mais nova e cheia de esperanças. O que sou agora?

    Sou um menino que não tornou-se homem, não dei certo. Jogaram-me responsabilidades demais sobre as costas e agora estou perdido na mais perdida das situações: sem nossos pais, com muitos irmãos mais novos, com a penhora da casa vencendo, com apenas eu para tentar as coisas....mas qual força eu tenho para mudar as coisas?Será que nesse estado em que estou, é possível, eu mudar realmente, para melhor, algo?

    Jéssica, Jéssica. Já lhe disse ' por que vocês não aceitão o convite do tio Carlos e vão morar com ele?'

JÉSSICA: Nunca! Jamais deixaremos você. Cuidou tão bem de nós até agora.

VAGNER: Cuidei, Jéssica,você disse tudo, cuidei. Agora não cuido mais.às vezes, levando em conta o status que o tio Carlos tem, chego até a pensar que ele usou da influencia que tem para que eu não ache emprego e passe a guarde de vocês para ele. Porque é muito estranho, sou inteligente, venho de família rica, tenho uma formação excelente e como assim, todas as portas se fecham para mim?O que pode ser isso senão um azar premeditado? O que pode ser senão o destino controlado pelos homens? Mas como não tenho prova, calo-me, ou melhor desespero por dentro...

JÉSSICA: è isso que te atrapalha, esse seu jeito de falar as coisas....

VAGNER: Não Jéssica. Houve um tempo em que eu acreditei que era eu o dono de meu destino, mas agora sei que  minha vontade jamais se realizará se a vontade dos outros assim não o quiser.

JÉSSICA: Chega. Nós, ou melhor, nossos irmãos e eu, nunca iremos deixaremos você.Nós gostamos de você. Apesar do tio Carlos já ter convidado todos nós para ir morar com ele, exceto você, nós nunca sairemos daqui. Nosso Lugar é ao seu lado. Nunca vamos deixa-lo querido irmão.





CENA II

Orientações: Entra Fábio, Mateus, Amanda e Carla. Todos com material escolar.


AMANDA: Jéssica, Jéssica!

JÉSSICA: (indo perto da mesa) O que foi?

AMANDA: Aposto que não consegue adivinhar quem foi ver a gente na escola? 

JÉSSICA:  Não me fala que foi aquele menino que azucrina vocês... ah, como eu não suporto aquele menino, huln. 

CARLA: Não Jé. Quem foi visitar a gente foi o tio Carlos. 

AMANDA: Falou que quando a gente quiser ir lá é só a gente ir, viu? Porque ele já tem até quartos arrumados esperando por nós. Nós, cinco, viu, Jé. 

VAGNER: Estava justamente falando disso - para vocês irem morar com ele. Deixem-me aqui. 

JÉSSICA:  E eu estava falando que nós devemos ficar aqui, pois ele é nosso irmão. E que nós e ele devemos ficar sempre uns ao lado do outro. Não acha Vagner que você deve ficar do nosso lado? 

VAGNER: Eles devem ir agora. 

(para si apenas) Eles vão agora.

(para o público) Jéssica, minha irmã querida, por favor, mostre aos nossos queridos irmãos o que há para comer. Dê-lhes o saco e deixe que decidam se querem ou não morar com o amável tio Carlos. 

FÁBIO: Nossa! Eu tô com uma fome. 

MATEUS: Vai, Jéssica, cadê a comida? 

JÉSSICA: Bem... a comida... 

VAGNER: (cantarolando) É o saco sobre a mesa, é o saco sobre a mesa, la la la lala. 

MATEUS: (pegando o saco de pão) Mas só tem pão duro... pensei que fosse algo melhor... 

VAGNER: Se quiserem algo melhor, basta irem morar com o tio Carlos. 

JÉSSICA: Não, nós não vamos. 

CARLA: Todo mundo aqui gosta do Vagner, mas o importante é saber a opinião de todos. Que fale o Mateus, o Fabio, a Amanda, você, Jéssica e Eu. 

VAGNER: E Eu também, e meu voto deve valer por dois, eu sou o mais velho. 

CARLA: Começamos a votação. Todos concordam que o voto do Vagner valha por dois?  

(Vagner, Mateus, Fabio e Amanda levantam a mão)

CARLA: É Suficiente. 

JÉSSICA: Eu acho melhor a gente...  

CARLA: Comece você, Amanda. Fale, então se a gente deve ir morar com o tio Carlos ou ficar aqui com o Vagner e fale mais o que quiser. 

AMANDA: Eu queria viver bem, o tio Carlos nos ofereceu uma boa vida. Sou nova e nem deveria estar participando disso, mas faço parte porque sei que quando eu for mais velha essa opção de hoje me fará diferença no que serei. Acho que eu posso ser mais feliz no casarão do tio Carlos, mas gosto de meu irmão... 

VAGNER: Amanda, não deixe o coração falar à cabeça... 

AMANDA: Eu prefiro ficar. 

CARLA: Um voto contra nós irmos. Agora, sou eu quem voto. Bem, acho que concordo com a Amanda. Gosto muito de você, Vagner. Eu prefiro ficar aqui. E é essa a minha opinião. Então são dois votos contra nós irmos. Agora, fale, Mateus. 

MATEUS: Eu não sei se sou novo ou velho. Mas ando muito triste e acho que se eu ficar nesta casa ficarei mais triste ainda. Amo muito meu irmão, mas o tio Carlos é a nossa salvação. Eu prefiro ir. 

JÉSSICA: Mateus, se for votar assim, anule ou reveja seu voto, por favor. 

VAGNER: Por favor, você, Jéssica! Deixe-o exercer o direito a ele dado. Assim ele quis, esse é o voto dele. Lembre-se educamos nossos irmão para terem opção de escolhas e não para seguirem o que esperamos deles. 

CARLA: Atualizando a contagem, são dois votos contra e um a favor de  nós irmos morar com o Tio Carlos. Vai, Fabio, seu voto. 

FABIO: Ninguém deveria sair daqui. Pois o Vagner colocou a nossa vida acima da vida dele. Ele renunciou tudo para cuida da gente. Lembram-se de cinco anos atrás? Na época do acidente e da morte de nossos pais? Quem cuidou de nós? Quem tinha que trabalhar, mas deixava de ir ao emprego, pra cuidar da gente quando a gente muito sofria com o acontecido? E quando o Vagner perdeu a promoção do emprego e a chance dele se especializar no exterior? E sem falar que ele perdeu a juventude tomando conta da família e tentando manter o nosso nível depois que os pais morreram... E a nossa família? Que até agora nada tem feito a não ser querer que a gente saia desta casa e que deixemos o Vagner a deriva no mar da sorte que restou dele, vamos deixá-lo sofrer sozinho? 

VAGNER: Eu prefiro assim... deixem minha vida, a de vocês é muito mais importante. Vocês são cinco, eu sou um só. 

JÉSSICA: Não se intrometa. Assim ele quer, esse é o voto dele. 

FABIO: Eu não terminei ainda...  Bem, não seríamos justos se deixarmos ele e, de todo modo, não viveremos se continuarmos a viver nesta casa, porque a situação tá bem feia aqui. Falamos bem, somos educados e de certo modo, cínicos, pois o Vagner nos ensinou assim, mas o que permite nos fazer a nossa idade pouca? Todos aqui não temos nem  uma década e meia;o que se pode fazer com essa idade? Devemos estudar para garantirmos uma boa vida, e o único que pode nos dar isto, aquele que pode nos proporcionar bons estudos é o tio Carlos. Eu voto a favor de irmos. 

CARLA: Empate: São dois votos a favor de nós irmos e dois contra. Agora, pela ordem, a voto da Jéssica e do Vagner.

JÉSSICA: Antes de vocês entrarem, eu estava falando como o Vagner, portanto, já sei o resultado. O meu voto de nada vale, a sentença está dada... Mas mesmo assim eu quero falar! O Vagner é o nosso salvador, se hoje estamos aqui é porque ele nos trouxe até aqui vivos e bem – ele nos fez aguentar  até esse ponto. Agora, ele fala que não existe solução e que o melhor é irmos para os braços de nosso tio, que, diga-se de passagem, vive confortável economicamente.
VAGNER: Folgado economicamente, eu diria. O dinheiro que ele possui bastaria para diminuir em cerca de 5% a pobreza do Brasil, por exemplo.
JÉSSICA: de qualquer forma, ir morar com o tio Carlos não indica apenas uma boa vida para nós, indica também deixar o Vagner jogado à sorte dele mesmo. Justo o Vagner que tanto lutou para que nós ficássemos todos juntos, agora, nos implora de joelhos que deixemo-lo sozinho nessa casa, essa casa, meus irmãos, que ele lutou tanto pra que ficasse em pé até esse ponto, e que nos acolheu até hoje, casa de nossos pais, nossa casa... Mas, agora Vagner nos pede: “Deixem-me sozinho nessa casa!” Ele então, também mentiu para nós, quando falou que íamos ficar juntos e agora nos pede que deixemo-lo? Mais do que deixa-lo, estaremos deixando a casa que foi de nossos pais.
VAGNER: Já chega Jéssica. Isso é terrível. Olha o ponto em que chegou nossa discussão. Eles estão vendo. Eles estão vendo, eles que são crianças estão tendo que decidir pelo próprio destino. Já chega Jéssica. Todos sabemos que é melhor vocês irem. Tire a responsabilidade deles, não os faça optar, não é disso que precisam. Eles precisam de uma boa vida e esta está em outra casa... eu achei que poderia sustentar o brilho deste lar, continuando minha faculdade, meu estágio, depois pensava que iria fazer meu mestrado e dirigir uma grande companhia, mas infelizmente, tive que abandonar tudo e agora, vou ter que abandonar até mesmo vocês,  ou seja, isso indica que falhei, que não tive forças para ter o sucesso – como só agora percebi minhas fraquezas. Mateus é mais forte do que eu. Fábio é mais objetivo. Amanda é a que tem mais coragem. Carla sane liderar. E você Jéssica, sabe como ser teimosa. Você é dura na queda, menina!
CARLA: E a votação?
AMANDA: Eu só vou falar uma coisa: não faz mal a nós decidirmos. Você, Vagner, fez de nós crianças preparadas para ver as coisas sem medo.
MATEUS: Sim. Você nos tornou fortes. Conseguimos andar de cabeça erguida pela educação que você nos deu.
VAGNER: Qual educação, Mateus? Nem o ensino médio vocês tem ainda? No final das contas, a única coisa que fiz foi o oposto do que Jéssica disse: eu nunca menti. Vocês sempre souberam da fatalidade de nossos pais, souberam da vida difícil que íamos levar,  souberam da pobreza, da correria, da sorte e do acaso. Souberam que uma mão se estendia como sabem que ele não me tolera. O mais velho, o que tem que se virar, o menos engraçado, o incômodo e o que aprenda a correr com as próprias pernas: é isso o que eu sou para o tio Carlos, caros irmãos. Agora vocês, vocês são os fracos, os sem pai e mãe, os que não tiveram sorte, coitadinhos, o tio Carlos tem piedade de vocês e acha que vocês merecem uma segunda chance. Eu não, nenhuma chance pra mim. Se a vida me lascou uma vez, que meu corpo fique lascado. Em outras palavras, eu sou um maior abandonado e vocês menores com um lar disposto a lhes dar acolhimento. Sigam o vosso destino; sejam acolhidos. Deixem-me com meu próprio destino: ser entregue a mim mesmo.
FABIO: Belas palavras, feias mentiras. Como mentes, Vagner. Queria tu seres o escolhido do tio Carlos. Como querias estudar mais, poder seu douto. Querias saber filosofia, literatura, queria ser um mestre em Administração e querias, tu, que os cursos fossem te pagos. Querias ser custeado. Mas o que aconteceste a ti? Foste fadado a criares cinco irmãos, para que para ti te tornaram filhos. E bravamente negaste as artes e a administração e partiste para a vida dura, árdua, do dia a dia. E agora, tu vês teus irmãos com boas chances, ao passo que enxergas tua vida perdida e desagradavelmente sem perspectiva alguma.
MATEUS: Devemos te agradecer elo que fez a nós. Mas o jeito que você nos deu não nos permite de negarmos tal proposta. É o que penso.
CARLA: Bem, a votação está empatada e a vez do voto é da Jéssica.
JÉSSICA: Meu voto toma suas palavras, Amanda, querida, sou contra nós irmos morar com o tio Carlos.
CARLA: Agora, então, o resultado está três contra nós irmos morar com o tio Carlos e dois a favor de nós irmos. Mas, ainda faltam os votos do Vagner, e digo votos porque o voto dele vale por dois.
MATEUS: Você vai votar agora, Vagner?
VAGNER: Vou e vou ser breve. Não mais se discuti sobre isto. Se qualquer Juiz da Infância e Juventude visse a situação em que vocês vivem, já teria tirado vocês daqui a muito tempo. É um verdadeiro milagre o próprio Carlos não ter entrado num processo judicial para obter suas guardas, tutorias, etc. De qualquer forma, vocês vão.
JÉSSICA + AMANDA + CARLA: Mas, Vagner, nós...
VAGNER: Chega, parem. É a melhor coisa a ser feita nem sei por que insistem. Ficar aqui, nesta casa, neste estado, é loucura, eu próprio acredito que estou ficando louco. Não combata os monstros do abismo com medo de se tornar um deles, se você não olhar para o Abismo, ele não olhará para você. Porventura fui compreendido?
MATEUS: Mas isto é Nietzsche, e parece que nem citou direito...
VAGNER: Não! Isso é Dionísio contra o Crucifixo.
FÁBIO: Uma coisa é certa: não pode nos impedir de prestarmos homenagem a você em forma de despedida. Queremos recitar teu nome, queremos bajular quem tanto nos ensinou – e acreditamos que devemos muito a você, irmão.


ATO SEGUNDO


Um comentário:

  1. Essa peça nunca chegou a ser encenada, ela já foi ensaiada e feita a leitura coletiva, mas nunca foi pro palco, com o público. è uma peça emocionante, até hoje, emociono-me escrevendo-a e ainda precisa de uns ajustes, coisas que só com a trupe, em uma pré estreia, digamos assim, pode ser corrigido....não foi à toa que escolhi essa peça pra abrir essa nova página link, Quem vai morar com o Tio Carlos.

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