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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Estão subindo Arquivos cada vez mais Bizarros na Web na Intenção de Ver se o Divino Resolve-Se por fazer Igual Sodoma e Gomorra Outra Vez

Desconfiamos que os outros estão pretendendo subir arquivos cada vez mais bizarros e grotescos na Internet para ver se o Divino faz suceder à Terra outro acometimento como o que houve em Sodoma e Gomorra.


Preciso solicitar ao leitor que [...] não se esqueça de que a duplicidade que há na discrepância entre o dialético e o mítico é um dos indícios, um dos vestígios que oxalá conduzirão à diferenciação daqueles dois lados que pela força do tempo e da intimidade se tornaram aparentemente indissociáveis (KIERKEGAARD, 2015, p. 83).


Introdução

Que tal termos uma pergunta, uma proposta inicial. O que mais chama a nossa atenção: as coisas da terra; ou as coisas que estão além da terra e do espaço?
Kierkegaard (2015) afirma que é muito comum que caiba ao mítico a arte da especulação ou o abordar de assuntos que venham a extravasar com o mero e corriqueiro campo do material ou do humano.
Ou seja, de um lado se tem a amplitude do que é material e humano. E em outro ponto, em uns outros níveis, existe então a possibilidade de se investigar ou de se divagar sobre o mítico, que é o que se diz nas lendas, ou sobre as divindades, dos mitos e etc.
Então, existe sempre dois lados: o concreto e o simbólico. E de certa forma, mesmo no conjunto da realidade concreta (concreto) das coisas, sempre também se terá outros embates, como a questão de que se algo serve a nós (isto é: a si mesmo ou ao eu) ou se serve aos outros (isto é: a você, ou ao tu, eles e etc.). Ou seja, ‘se é material e se isto é pra mim ou se é para o outro?’: estas questões sempre vão haver por estas terras...
De certa forma, há muitas pessoas hoje em dia que aguardam pelo fim do mundo ou dos tempos (ou o momento em que o espiritual estará afetando totalmente o mundo físico). Ou então aguardam por alguma coisa que venha a acontecer de bizarro e trágico às cidades, como o que ao menos tenha acontecido em Sodoma e Gomorra: onde todos os moradores e viandantes de passagem por aquela cidade, isto com exceção de Ló – que foi literalmente avohai de Ben-Ami (Amom) e Moabe (pai dos moabitas) – e exceção também de duas filhas de Ló, onde todos os moradores de Sodoma e Gomorra foram destruídos com uma chuva de fogo e enxofre; e mesmo quem em caminho, se se atrevesse a olhar para trás e ver o que estava acontecendo em Sodoma e Gomorra se tornava, instantemente, uma estátua de sal (GÊNESIS, Cap. 19). Lembraram o que houve em Sodoma e Gomorra?
O capítulo XIX da Gênese, segundo a versão da Bíblia Sagrada, diz que Ló de Zoar se salvou de Sodoma e Gomorra com sua família, mas sua mulher olhou para trás e se tornou uma estátua de sal, e apenas Ló e duas filhas dele conseguiram saírem vivos e sem serem violentados pelos homens bárbaros e com perversões sexuais de Sodoma e Gomorra.
Porém, como será visto mais a frente neste post, a questão de Sodoma e Gomorra está ligada mais a cultura daqueles povos primitivos e a associação que eles faziam destas práticas com o mítico, ou com Deus e com a aprovação Dele ou não, do que com qualquer outra coisa. Enfim, é uma questão de inconsciente coletivo sim, de um desencarne de consciência; mesmo que de fato seja real o que houve a Sodoma e Gomorra, o que houve lá não foi uma punição à homossexualidade, mas sim uma severa repreensão à barbárie, à bestialidade e as prática do estupro. E se de fato houve aquilo, foi para contribuir para a melhoria das relações sociais, e não meramente para punir os gays mais primitivos, como sugerem algumas outras teorias.
Neste ponto, se percebe talvez não apenas a ligação entre o mítico servindo para regular e afetar as questões sociais, mas também isto se relaciona com aquilo que entendemos de nós e dos outros, e que também se relaciona com a postura que assumimos quando impomos que os outros devam fazer exatamente aquilo que fazemos; sendo que isto não é verdade porque na natureza, cada indivíduo tem uma função e um conjunto de caraterísticas peculiares, isto ainda dentro da sociedade coletiva em que o indivíduo está inserido.
Ou seja, é justamente a diversidade e a ampla capacidade dos indivíduos coletivamente, formando uma sociedade ampla e diversa, que trazem inovação e criatividade aos povos, e não um cultura uniforme apenas como sendo a cultuada, sendo semeada como que por aviões em terra fértil do intelecto o povo da nação, dando-lhes um rumo único e sem opções. O que torna rico culturalmente um povo não é o quanto de sua [cultura] tradicional que prevalece sobre os modismo, mas é como os modismo são afetados por uma dada cultura de um povo ou de uma região.
Percebe-se, assim, o desenvolvimento e a capacidade de intelectualidade e de criação que cada indivíduo tem, através de como a sociedade ao qual ele está inserido se relaciona com ele, de acordo com suas capacidades intelectuais e cognitivas que ele tem mais do que com as posturas ou trejeitos que este sujeito tenha; ou seja, observando assim o desenvolvimento social através de como trata os indivíduos na razão das virtude e não de seus hábitos ou de suas culturas exóticas que tenha.
Sendo que se foi por muito tempo que era cabido ao indivíduo que detivesse que se adaptar a sociedade para ser bem sucedido e ser aceito nos meios sociais, hoje, de fato, são os meios sociais e o fenômeno dos seguidores em redes sociais que causam um sucesso, ao menos virtual, das pessoas. E isto indica aceitação, e sintonia de ideias ou comportamentos (ou carisma, bom conteúdo de ser visto e etc.). O que deve ser notado aqui é que a sociedade ainda continua impondo os seus padrões, porém as pessoas já estão se identificando com outras culturas e outras concepções (outras pessoas, sem dúvida!) e abandonando os velhos exemplos, os velhos paradigmas que sempre deveriam ser seguidos à risca. E é sobre isto, no fim das contas, que fala esta postagem.


Deduções

A continuidade das troças feitas nos jornais, a maneira com que o olhavam na rua, exasperavam-no e mais forte se enraizava nele a ideia. À medida que engolia uma troça, uma pilhéria, vinha-lhe a meditar sobre a sua lembrança, pesar-lhe todos os aspectos, examiná-la nitidamente, compará-la a coisas semelhantes, recordar os autores e as autoridades; e, à proporção que fazia isso, a sua própria convicção mostrava a inanidade da crítica, a ligeireza das pilhéria, e a ideia o tomava, o assaltava, o absorvia cada vez mais. [...] Amam-se ou antes suportam-se melhor aqueles que se fazem célebres nas informações, na redação, na assiduidade ao trabalho, mesmo os doutores, os bacharéis, do que os que têm nomeada e fama. Em geral, a incompreensão da obra ou do mérito do colega é total e nenhum deles se pode capacitar que aquele tipo, aquele amanuense, como eles, faça qualquer coisa que interesse os estranhos e dê que falar a uma cidade inteira (LIMA BARRETO, S/d, p.50).


Os padrões sociais tradicionais, como o casamento heterossexual com filhos; as casas próprias; os carros próprios; os empregos fixos e muito bem estabelecidos, enfim, alguns conceitos do “feliz” socialmente estão caindo por terra. E as pessoas estão buscando a felicidade no empreendedorismo, no alternativismo (corrente do alternativo), no free-love (o amor livre, liberal), nas experiências homossexuais, na transgenereidade ou na transsexualidade, e estão descobrindo um novo mundo de possibilidades com isto; enfim, as pessoas estão buscando outras coisas para serem felizes e se realizarem, e este é um dos traços da contemporaneidade: a construção do indivíduo integral, único e exclusivo (ideal utópico, em muitos os sentidos, evidentemente).
Claro que não há nada de errado em ser heterossexual e ter filhos; porém, as pessoas estão entendo que a vida do outro, pode ser do jeito que o outro o desejar e assim o deixar feliz. Entenda, querido leitor, nem tudo o que se diz é para se aplicar exclusivamente a si ou aos outros. Às vezes, algo é dito para si mesmo ou é o ‘eu dizendo a mim mesmo’. Lembre-se sempre das sábias palavras de Jesus Cristo: ser exigente com suas próprias ações, atitudes e pensamentos e ser complacente ou ser bem compreensivo com as situações alheias, dos outros. O problema é que muitos confundem os discursos e acabam por entender que o que era destinado ao outro foi transfigurado a si e vice-e-versa. De certa forma, Jesus foi posto ao Calvário e às suas próprias consequências na razão de que, de fato, alguns religiosos e pessoas importantes da época Dele perceberam que o padrão comportamental, ético e humano proposto por Jesus era muito evoluído, e muito além do que a maioria das pessoas da época praticava; e que por isto jamais eles conseguiriam atingir aquele nível de arete espiritual, e assim, resolveu-se por tirar Jesus do Mundo, mas acontece que Jesus veio a vencer o Mundo, enfim... Mas o que aquele povo poderoso daquela época não sabia era que Jesus não dizia dos outros, mas sim de nós mesmos, de quem aceita o que o mestre diz e de nós, que pretendemos melhorar a nós mesmos.
O Major Quaresma (Lima Barreto, S/d) é um brasileiro típico, ultranacionalista e que vive um estado de quase sonho utópico ininterrupto de almejar e tentar realizar projetos de como fazer um país mais forte, com as culturas e as características locais brasileiras, mas claro, como sempre a politicagem e os demais interesses dos poderosos brasileiros não permitem que isto seja deste modo apontado por Policarpo Quaresma.
A alegoria de Sodoma e Gomorra remete à bestialidade e a essência das mais violentas e torpes condições que há no ser humano. Muitas pessoas, equivocamente, associam Sodoma e Gomorra à homossexualidade, a pederastia (que palavra mais infeliz esta, não?) e ao sexo liberal; porém Sodoma e Gomorra nada tem disto, ou disto tem muito pouco. Pense bem: se Sodoma e Gomorra falasse apenas de sexo gay desmedido e sem controle algum, porque é que no final da história desta cidade, já na cidade de Zoar, Ló viria a ser avohai de Ben-Ami e Moabe? Sendo que isto sucedeu após ele incestar-se com suas filhas sobreviventes de Sodoma e Gomorra? Não faz sentido, exceto se encararmos este conto bíblico com um fator sexual e cultural daquela região, naquela época, em que o incesto era visto como algo muito mais “normal e natural” do que a homossexualidade, mesmo a homossexualidade imposta, porque em algumas culturas mais primitivas, como a de animais como gato e veados, existe a observação de práticas homossexuais para demonstrar que um gato é mais forte que outro gato macho, por exemplo; é uma relação complicada e apenas entendi isto tendo muitos gatos machos em casa, como o tenho agora. Enfim, mas isto é bestial, é animalesco e vai contra todas as práticas de dignidade e superação humana de hoje em dia, enfim, mais uma vez, quaisquer destas práticas, seja a homossexualidade imposta, por dominação, à força, ou seja o incesto à força ou consentida-mente, é lago impensável hoje em dia, é isto remente a eras mais primitivas e arcaicas da humanidade, sendo que a contemporaneidade, dá um novo enfoque a individualidade do ser adulto, sem associá-lo a dominações ou práticas de submissão a outras pessoas, principalmente desconhecidos e familiares.
O que havia em Sodoma e Gomorra era abuso, uma imposição sexual pela força, onde todos que chegassem na cidade, principalmente os homens, tinham que ser violentados sexualmente e de outras formas pelos moradores homens de Sodoma e Gomorra, sejam este moradores jovem ou novos. Ou seja, não era homossexualidade era um estupro violentíssimo a qualquer forasteiro – e as suas famílias – que chegasse em Sodoma e Gomorra.
Mas as pessoas tendem a associar o mítico com a razão, ou como diz Protágoras, com a dissertação (Kierkegaard, 2015).

Protágoras, por exemplo, ao preparar-se para demonstrar que a virtude pode ser ensinada, diz: “está bem Sócrates, eu não guardarei isto só para mim; mas devo demonstrá-lo assim como os velhos, quando falam aos mais jovens, revestindo a prova com as formas de um mito, ou devo expô-la numa dissertação?” (HEISE, 320, p. 130). E observa, ao terminar: “assim Sócrates, demonstrei, de ambas as formas, como um mito e com razões, que a virtude pode ser ensinada (HEISE, 320, p. 145) (PROTÁGORAS, S/d apud HEISE, 320 apud KIERKEGAARD, 2015, p. 83-84).

Para a maioria das pessoas não basta saber que há as coisas desta terra e as coisas mitológicas, é também necessário saber quem sobressai a quem; e é por isto que contos como os de Sodoma e Gomorra impressionam tanto os mais fervorosos ou mais fanáticos ideológica ou religiosamente, mas, de fato, Sodoma e Gomorra vale mesmo para dizer da cegueira causada pela obsessão e pelo ímpeto do desejo carnal e brutal.


Conclusões

Deste modo fica claro que o fenômeno das barbáries e dos bizarrices na internet e na vida real, que são apoiadas, vistas e compartilhadas por milhões de pessoas apenas representam as facetas mais primitivas, insaciáveis, bestiais e de certa forma, infantilizadas da condição humana.

Deve-se saber reconhecer que de certa forma o outro tem a liberdade de fazer o que bem entender de sua vida, mesmo que isto seja algo totalmente irracional ou insano; o problema é quando isto extrapola os limites da legalidade e se torna algo criminoso ou subversivo, e sem controle algum. Ou quando isto afeta outras pessoas.

De qualquer forma, este mesmo fenômeno dos seguidores de redes sociais e das pessoas que compartilham conteúdo impróprio ou ácido na internet está causando outro fenômeno na web, o das pessoas que são da contracorrente, que tem um estilo de vida diferenciado, e vem com uma outra proposta de um mundo mais amoroso, mais diverso, mais consciente e etc.

O que precisa ser entendido é que não adianta nada esperar que venha outro acontecimento como o que houve em Sodoma e Gomorra para realinhar a ordem do mundo, o que temos que fazer é nos cercar do que gostamos e das pessoas que gostam da gente, e claro saber o que se passa lá fora, mas sem isto ser mais importante que o nosso bem estar. E lembrando que o nosso bem estar hoje pode estar em correntes cult, em música eletrônica, em leituras e RPGs, em outras formas de sentir e viver; e claro, pode também estar no conforto material, na saúde e na paz. Mas que nunca nos esqueçamos que aquilo que não serve para uns, pode ser o que faz a alegria de outros.

Concluindo que atualmente são as pessoas que buscam por originalidade e diversidade e não apenas a sociedade, ou o conceito do divino, que impõe os seu velhos e manjados padrões e os seus comportamentos bem aceitos; sendo que se por muitas eras foi o contrário, ou seja: não se percebia a capacidade e o desenvolvimento de cada civilização e sociedade de acordo como o tratamento que estas sociedades dispensava e dava a cada um dos seus cidadãos intelectualizados, artísticas-políticos e etc.  Atualmente, é prezado muito pela capacidade de compreensão, de assimilação e de análise crítica que as pessoas tem e fazem do mundo, e não apenas que as pessoas estejam aptas a se sensibilizarem ou se deixarem virtualizar por alguma tendência de vídeo ou propostas de entretenimento da tevê ou da internet.

Ou seja, isto quer dizer da valorização que a sociedade dava aos pesadores, aos críticos que realizam seus trabalhos com artes e manifestações culturais e a outras categorias de profissionais e pessoas que apontam novos rumos e inovações salutares e inquietantes para a sociedade. E quer dizer que se antigamente eram os artistas que se enquadravam ao status quo que eram os movimentos intelectuais aceitos popularmente (salvo raras exceções, como Goethe, por exemplo) hoje em dia, cada um – cada indivíduo, cada nicho de mercado – está buscando aquilo que lhe agrada e lhe toca, mas que ainda há muito interesse em que apenas alguns tipos de culturas e artes se sobressaiam a outras. E é por isto que postagens como estas se tornam importantes, porque veem a delimitar o que se esperar de cada criador de conteúdo ou de cada nicho artístico ou cultural de uma região, ou de um site.



Referências

KIERKEGAARD, SorenO conceito de ironia. Tradução de Álvaro Luis Montenegro Valls. São Paulo (SP): Folha de São Paulo, 2015.

LIMA BARRETO, Afonso Henriques de. Triste Fim de Policarpo Quaresma. São Paulo (SP): Editora Escala, S/d.