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Vale Mais Reinar no Inferno Do Que Servir no Céu



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Introdução 

 

Imagine-se em uma gigantesca sala de espera. Observe que não se trata de um longue, não é uma espera agradável. O local, todavia, é limpo, aliás, parece mais é totalmente esterilizado e frio, vendo por esse aspecto, assemelha-se a um frigorífico mas,de fato, é uma gigantesca sala de espera, onde há muitos aguardando suas vezes.

 

Hilário sempre foi paciente mas já estava a ponto de dar um berro quando um dos assistentes de esperas aproximou-se com um fichário eletrônico em mãos e falou:

_ Você tem preferencia, agora, entre carne ou vegetais pois sua espera será longa, você terá que se alimentar um pouco enquanto aguarda a sua vez...

 

 

*          *          *          *          *          *          *

 

Sem saber que estava sendo observado, vulgo, "Tirolês" abaixa as calças e deixa que seu organismo expila a vontade,mesmo sendo 7 e pouco da manhã e ele estar em um campo aberto, só protegido por umas árvores de eucalipto. Dois dentro de um automóvel, e uma moça numa bis viram ele se desapertando...

    Ele não queria nem saber, queria sim, como perdão da palavra e de vocês, amigos leitores, cagar e andar pros outros,entretanto creu que ninguém o viu, mas viram.

    Bom, após fazer tudo oque tinha para fazer, viu que não tinha como se limpar e seguiu com a bunda cagada mesmo, foi até ao mercado comprar mais cerveja, pois havia passado a noite toda bebendo e agora,pela manhã, ainda não tinha interesse em cessar o consumo desenfreado de álcool. Assim, mesmo um pouco cheirando mal e deselegante, foi, comprou mais bebida, e voltou para sua casa beber mais...

    Praticamente, na mesma hora que Tirolês entrou com a sacola plástica repleta de cerveja gelada dentro de casa, Dorinha, a vizinha dele, sai de sua casa,com sua bicicleta rosa e vai para o seu estágio em um escritório de advocacia, ela faz Secretariado a tarde e durante a manhã faz estágio, e a noite, ainda tem que cursar o ensino médio, nada de mais pra Dorinha, que ainda acha tempo pra Inglês,  Informática, faz Dança e sai todo final de semana.

    No céu da cidade, grandes nuvens grossas se aproximavam e parecia que vinha junto muito frio e algumas pedras de granizo.

    Quando ouve-se o primeiro trovão é a hora em que Tirolês percebe que esqueceu pão, queijo e a mistura pro almoço, só trouxera a cerveja.

    A chuva caiu as quinze pras dez daquela mesma manhã. Acordou Agássia, com o barulho da queda da  árvore que fica em frente de sua casa, uma pitangueira, carregada, e as pitangas, carimbaram o chão molhado. Por sorte a árvore despencou sobre a rua e não danificou nem muro, nem edificação alguma daquelas que Agássia Ralassa, comprou como espólio pela morte de seus familiares, em uma tragédia, terrível, manchete nos noticiários internacionais, em um monumental acidente de avião.

    Quando cai a árvore, D. Socorro, vizinha de Agássia, liga para o serviço de bombeiros:

     _ Meu filho, caiu uma  pitangueira, aqui, na Rua Viva La Vida, 07.       

    Do outro lado, Maranhão, Soldado do 73° Batalhão da Brigada anti incêndio, sobre o Comando Do Major Tenente Émerson Dalilo, tentava explicar:

    _ Senhora, calma, essa árvore na rua não está a oferecer maleficio algum à senhora, por favor, peço que aguarde o serviço da prefeitura ir retirar a árvore que atrapalha a rua, mas não somos nós, do Corpo de Bombeiros, quem devemos resolver isso pra senhora.

 

*          *          *          *           *            *        * 

    

  

Eu não suporto mais essa espera.

Por que tudo isso é mesmo necessário? Será  que tudo isso tem alguma necessidade crucial?

_ Calma Hilário, sou eu teu anjo guardião, Samelo quem digo isso.

Já não aguento mais esperar, isso daqui é o que hein? Parece um frigorífico, todo branco, tem aquelas infinitas portas lá, que saem pessoas e depois entram por aquela outra porta ali, sei lá, ali já parece mais um túnel gigante, igual um que tinha no desenho a caverna do dragão,sabe, né? E por que uns esperam tanto, como eu, e outros, como ele saem daqui logo?

_ Como não Hilário, tudo que vocês veem, antes nós, através da Aprovação do Grande, devemos permitir, senão amigo, nem uma folha cai por Terra, gravidade? Para os pássaros, só há gravidade quando eles morrem e para alguns nem assim. Agora aguarde que você ainda está se depurando...  

 

 

*          *          *          *           *            *        * 

 

 

  Talvez, se de fato houvesse um sentimento no mundo que pudesse medir o sucesso da vida de uma pessoa, certamente, a maioria das pessoas diria que tal sentimento, que tal demonstração de status e de respeito de sucesso na vida, de um de nossos semelhantes, essa medida, para muitos, seria a medida do sucesso financeiro, dos bens materiais.

    Nós mesmos, quando não dizemos que fulano ou ciclano são bons ou bem sucedidos pelas suas contas, suas casas, seus carros, caminhões, lanchas, iates e chácaras? Sempre! Mas as medidas não são iguais para todo mundo e de fato, para muitos acumular riquezas é sinal de fracasso na escala evolutiva.

   O dinheiro é bom. Mas o dinheiro que produz, que faz criar mais dinheiro e esse por sua vez deve ser contribuído para geral bem universal. Agora, o dinheiro posse, dinheiro particular, que só acumula riquezas mesquinhas e só contribui para a desigualdade e para acúmulos próprio, esse dinheiro por vezes é uma verdadeira desgraça e muitos ficam inteiramente dependentes dessa mesma desgraça. Como se o mais, o melhor, o novo, fosse tudo que importasse e os outros, ora, que se dane que os outros se incomodem, fiquem sem, sintam-se excluídos ou rebaixados, afinal  -  o meu sucesso é o que importa.

     "A isso não chamamos dinheiro e sim Mamom, o antigo deus das riquezas pessoais. Sabemos que há Deus e mamom, e sabemos que nenhum Homem decente pode servir a Deus e a mamom  ao mesmo tempo.

     Acontece que quem segue a Deus e abre mão de toda e qualquer vaidade, ganha o Reino do Céu, e quem segue Mamom e deixa-se levar pela vaidade, ganha o Vazio."


 

                             

           2

 

    Na mente evoluída de Tairá, a bola movimentava-se com impressionante leveza, ela conseguia ver quantas voltas a bola dava sobre si, no ar, enquanto o corpo de  Tairá, no impulso, em ar, concentrava a força para disparar a Cortada, o ataque do meio e... Ponto, a bola pingou, indefensável, sem bloqueio e uma porrada na diagonal; Era o match point, fim de jogo, a EM Adoniram Barbosa vencia o campeonatozinho municipal contra uma escola do sistema de ensino da indústria, era improvável mas ocorreu e de fato, Tairá Fora Responsável por isso.

     O campeonato teve dez escolas, Voleyball feminino, categoria Mirim e foi o primeiro troféu de Tairá.

     A impressa local estava presente, mas ela não chegou a ser entrevistada, só filmada em jogo,  a entrevista foi com o Diretor de Esportes que ressaltou a importância da Prefeitura incentivar campeonatos como esses.

     Tairá foi para casa a pé; gostava de fazer sempre o mesmo caminho, descer pela passarela da linha férrea, atravessar a praça do sebo, cruzar o mercado municipal, cair na avenida dos Precoces e seguir até o seu bairro, o Jardim Prussiano.

    Que bela ironia dos governadores, o jardim Prussiano, era composto quase que exclusivamente pelo pessoal de baixa renda e muitos nem da cidade eram, mas sim emigrantes vindos desse Mundão de Nosso Deus.

    Agora, Prússia, dizem o pessoal da Habitação, que esse nome é em homenagem ao sr prussiano, um grande comerciante que faleceu recentemente na cidade, mas o fato é que o nome, ficou no mínimo estranho.   

    Tairá estava fazendo seu caminho de praxe, mas agora tinha uma medalha de 1º lugar no peito, "Parabéns, Menina", disse um senhor na rua, "Só não vá ficar animada demais e não olhar os carros distraídos".

    E Tairá correu um pouco, ficou assustada com esse senhor. Mandava seu corpo de atleta, alta, magra, cabelo amarrado, cabelo afro, bem lindo, mandava seu corpo de atleta correr e era  o seu semblante, com o rosto saltado para a frente, imponente, como um cartão de visitas, quem chegava na frente; Eram seus    grandes olhos negros penetrantes, que detinham um ar de inteligentes, sagazes, ferozes nos cálculos., quem antes chegavam nos lugares. 

    Tairá menina esperta, ágil, graciosa, de muitos talentos e poucas palavras, incansável, corria, refletindo sobre o que aquele senhor disse...E Em um instante que mais refletia em abstrações do que prestava atenção em corridas, enquanto o movimento de carros crescia na escuridão que chegava...

[    _ Vai!

     Hilário abre o zíper da calça e se insinua para uma garota que acabou de apanhar na esquina. Ele pisava no acelerador e queria que a garota de programa, trabalhasse ali mesmo. Ela diz:

      _ Tá bom.

      E curva seu corpo ao "colo" dele. Enquanto Hilário acelerava perto do cruzamento da avenida dos Precoces, com a rua dos Voluntários.]

      ...Tairá pensava e corria e queria atravessar com tudo o cruzamento da Avenida dos Precoces com a rua dos Voluntários, e ela já estava na rua quando viu o carro vindo em sua direção, onde o motorista, estranhamente, olhava para a passageira que estrava debruçada no carro. Eles nem viram Tairá quando ela ia atravessar e tentou voltar, foi nesse momento em que o carro a pegou pela perna direita, fê-la virar 180º, mais ou menos, no ar e ela tenta apoiar o pé direito antes de cair, resultado  -  quebrou a perna e o pé.

    Hilário percebeu que alguma havia batido em seu carro:

    _ Que foi isso.

    A prostituta para de fazer o que estava fazendo, olha pela janela e diz:

    _ Você "rapelô" uma menina, ela está no chão segurando a perna direita.

    Hilário diz:

    _ Tô, vadia! Pega meu celular, liga pro resgate, não podemos parar, pois hoje eu quero te pegar.

    Tairá ficou atirada ao chão, consciente de sua dor, sem saber o que aqueles dois malucos estavam fazendo no carro, Tairá é inocente, tem malícia, mas uma malícia de menina, não de mulher, não entendeu nada, só que se machucou e que os carros continuavam a passar velozes, sem notarem o que uma linda menina negra,com joelheiras e uma medalha, estava fazendo atirada ao chão, em um ponto movimentado de Ofiófolis, a cidade líder mundial em produção de energia eólica. 

 

    Soldado Maranhão, soldado Thiago e o enfermeiro Patrício receberam o chamado da central interna do serviço de bombeiros, em meio a uma noite preguiçosa, que até o momento não tinham sido solicitados por nenhuma chamada.

  _ (som de sirene) "Menina ao chão, no cruzamento da Voluntários com a Precoces, motorista evadiu-se do local, a pedestre reclama de fortes dores, equipe de Socorro 06, preparar-se e partir! Estão em Chamada."


    Chamada: era para esses momentos que Maranhão vivia, para estar em chamada.

    Tudo era muito bem ensaiado e eficaz: Patrício pegava seu jaleco, seus instrumentos e já entrava na mini u.t.i que havia na viatura de resgate do Corpo de Bombeiros. Enquanto Maranhão ajeitava seus acessórios oficias, como uma esperteza, uma austeridade, ao passo que Thiago fazia suas obrigações e preparava-se para conduzir a viatura. E partiram...

  Maranhão via as ruas da cidade, consagrando sua sensação de conquista, era para esses momentos que ele via, para estar em Chamada, para prestar ajuda a quem precisa de socorro, para dar condições de sobrevivência à pessoas em situações de risco.

   Thiago fazia tudo, como sempre, como uma maestria que chega a ser frívola de tão precisa. Tudo precisamente calculado, a rota mais eficiente de tempo, a rota menos trafegosa,  a rota menos congestionada, o melhor jeito para ajudar. Enquanto no rádio ouviam:


_ Menina foi reconhecida: os soldados oficiais Tâmela e Pitful, chegaram ao local, e já reconheceram a vítima " Tairá Jaqueline Sofinas ", moradora do Jardim dos Prussianos, acabou de ganhar o campeonato municipal de volley ball mirim e voltava para casa quando foi acertada por um carro, ninguém notou nada, hora de pico, por sorte não passou por cima, a menina disse que recuou e o carro só a pegou de raspão, mas os policiais disseram que ela está em prantos copiosos de dores. Localização de vocês...

   

    _ Um momento.

   Maranhão verificou um dado na tela de led do dispositivo da viatura e rapidamente, quase que instantaneamente foi constatado que:

    _ Estamos a quatro minutos do local.

    Maranhão era vibrado por tudo aqui, pelas informações, pela precisão, pelo funcionamento do corpo de bombeiros como uma entidade, como uma unidade viva, era um cidadão muito feliz.

    Sempre que tinha uma chamado assim, repentino, lembrava-se de quando prestou o concurso para entrar na corporação,como também foi de surpresa.

    A tarde chuvosa, que tinha que ter ido treinar com os amigos de futebol, na época queria ser jogador e como, a notícia de que o Corpo de Bombeiros está abrindo Concurso mudou sua vida,na época, nem sabia o que era concursos, foi pesquisar, leu todo o edital, várias vezes, estou o que cairia na prova e estava escrito no edital,treinou para a prova física, fazia tudo certo, foi uma revolução disciplinar em sua vida e por fim, ao longo da maratona veio a recompensa "fora aprovado", entrou direto, sem lista de espera nem nada, satisfação.

    Satisfação como a que sentia agora, chegando na rua perto do acidente, já avistando a viatura de polícia e vendo, meio que embaçado pelas mesmas luzes da viatura, o rosto negro e belo de Tairá, em prantos meticulosos que pouco a pouco, se misturam com as gotas de chuva que começam a cair, timidamente, do céu carregado do inicio de noite.    

    Estacionaram a viatura bem próximo de onde Tairá estava caída. Nessa mesma hora,um carro para por perto e agora poo resgate da garota é ao som de Consciência Ex Atual, Esteja em Paz. Tudo era muito harmonioso e devidamente ensaiado, uma vez que eles tinham que imobiliza-la, medir pressão, batimentos,olhar pupila, enfim, fazer umas perguntas:

    _ Como é seu nome?

    _ Quantos anos tem?

    _ Onde Mora?

    _ O que aconteceu aqui;

    Tairá, lentamente ia perdendo a consciência conquanto mais e mais coisas iam acontecendo ao redor dela.   A treva apossou-se da consciência dela   e quando recobrou a lucidez, já estava no hospital, mas estranhamente, em vez de estar deitada na cama, como estava seu corpo, Tairá viu-se de cima, seu corpo na cama e sua consciência, vendo tudo de cima, praticamente no teto do hospital.

    _ Fica tranquila, tudo isso é normal, e você está bem, foi mais grave do que se pensa, mas tem muita gente que gosta de você lá em cima e nada de mal Vai lhe acontecer, apenas aguarde!





CAPÍTULO I

SERVIR NO CÉU 

 

   A Recepção dos novatos era dada nessa sala, toda estilizada, com seus cantos escuros, para os seres afeiçoados às trevas, com seu centro e cúpula todos claros, bem iluminados da luz natural do lugar.

   Era o claro e o escuro, mais claro, claro, e menos escuro, muito pouco,de fato, se não soubéssemos do que se trata, poderíamos dizer que as trevas faziam parte da decoração do ambiente...enfim...  

    Da cúpula acessava-se outras áreas e era justamente sobre essas outras áreas que Quaresma refletia, no silêncio e harmonia na Sala de Recepção aos Novatos...

    Quando nem percebeu Apôlono aproximar-se para o meio para a luz com uma criatura hostil que estava encoberta pelas trevas e assim que entrou na Luz, a criatura imediatamente estrebuchou-se e começou  a se debater com  Apôlono, Quaresma, totalmente confuso por aquela intromissão em seus pensamentos, ou seu trabalho o chamando enquanto devaneava, enfim, o fato e que Quaresma nada fez senão olhar atônico que Apôlono estava sendo atacado por uma criatura sombria, que posta a luz, emanava confusão à tranquilidade do ambiente e desafiava os dois com sua aura terrível e venenosa, por fim disse em um dialeto:

    _ Daki pra  lá, já não entra.

    Deu mais um golpe em Apôlono e tornou a voltar pelo mesmo caminho que viera,os guardiões da recepção estavam em uma reunião pois havia muitos outros perigosos a se  cuidar e afinal, há muito tempo não haviam incidentes na sala da recepção dos novatos.

    _ Ai

    Disse Apôlono ao solo, meio que sem forças e Quaresma aproximando-se dizia:

    _ Você o encontrou e não me chamou para ajuda-lo à trazer a recepção?

      _  Eu achei que poderia trazê-lo sozinho. Estava cansado, exausto, sem energia e muito dócil...

      _  Sim, disseste bem. estava. entretanto, bastou que viu e sentiu a Luz para que sua revolta tornasse a crescer e mostrar sua força descontrolada, instintiva e primal...para não citarmos maldosa. estava vendo o que fizeste Apôlono, trouxeste a desarmonia aqui porque não pediu minha ajuda par trazer o hostil.

    _ Acho que já está suficiente, não é mesmo, Quaresma?

     Quem perguntou era o próprio ambiente, era a própria Luz do lugar, que ainda continuou enquanto Quaresma abaixava a cabeça e Apôlono criava forças, como que por efeito do Divino...

     _  Sabíeis  perfeitamente que Apôlono jamais deveria ter quisto trazer sozinho a Fedora para nosso centro de Recepções desse setor em que sóis e estais designados ainda pela vontade do Mais Alto, sabíeis que jamais um hostil deve ver a luz sem certificada as clausuras que cremos que havíeis adquirido em pregressas ocasiões,mas isto ainda será verificado. Ademais, Apôlono estava a executar o trabalho dele, ao passo que Quaresma estava a cuidar, em pensamento, daquilo que não lhe era designado fazer agora.

    _ Vamos buscá-la? Vamos atrás dela, Quaresma...

    Nisso, Apôlono já  havia se levantado e já estava novamente embrenhado no caminho das trevas, á captura de Fedora, enquanto Quaresma esforçava-se para ir o mais veloz possível atrás da trilha do Apôlono, enquanto a Luz, dizia:

     _  Ides!

    

 

 

 1991, bandeira do Brasil, em uma repartição pública.


    _ É imprescindível que o senhor saiba que toda essa documentação até agora apresentada, diga-se de passagem, com muita choramingas e má vontade de vossa parte, é apenas o início de todo o processo e, além do mais, isso é importantíssimo (sorri Ignacius), é importa que vós saibais, isso não vos garante nada no processo, senão uma resposta que pode ser simplesmente "negada", era indeferido, mudaram para "negada", consideram mais apropriado.

    O Senhor Taylor tentava dizer algo em um português improvisado, oba, no momento mais inoportuno, todavia, a cara dele, já dizia tudo:

     _ Meu, c om o é e?

     Como era mesmo, que o senhor dizia. Pensou Ignacius, mas se conteve e disse:

    _ Senhor, contenha os seus modos, o senhor se encontra em uma repartição, não pode dizer como se estivesse em um boteco. 

    O terceiro homem na sala, que estava sentado em uma mesa mais ao fundo, deixou que sua voz ecoasse por toda essa repartição:

    _ Não se preocupe senhor Ignacius, eu entendi oque o senhor Taylor quis dizer com aquele ruído. I said don't be worried mister Taylor, i understand you.

    Um clima de espanto irrompeu na sala e imediatamente o senhor Taylor começou a se explicar em inglês, enquanto que o terceiro elemento na sala, falava com o chefe Ignacius:

    _ Ele quer saber chefe que o que vai acontecer com ele agora...

    _ (à parte) Tem gente que insisti em desenterrar o morto e ainda pedem autópsia... Sim,  Jeremias, entendo o que quer, ou melhorem, querem dizer, mas diga ao ilustríssimo senhor, em inglês, que agora o processinho dele que vamos fazer aqui, estará em análise e isso pode levar o tempo hábil necessário para que se realize todas as verificações, diga que entendemos da urgência dele no caso, mas que agora o que ele deve fazer é esperar e já avise que pode vir "negado" e que nesses casos, ele terá que apresentar novas provas, novos documentos, enfim, diga, aproveite para exercitar o seu inglês, que ele anda meio caidinho mesmo...    

     Mister Taylor não deixou de demonstrar a certa perplexidade que a cena emanava em seu rosto irlandês. Um dos motivos, foi que o moço ficou nervoso e se enrolou todo no inglês, o outro foi a burocracia lenta e absurda do país. Como assim, "Your ordermay be accepted , but more likely , it will  be not approved or negated", oh god, o que era aquilo. Saindo da repartição pensava, no que tinha sido aquela cena, e acreditara, com toda a certeza, que tinha sofrido preconceito étnico, só poderia ser isso, pensava que recebera um tratamento diferenciado,em um sentido negativo,pois é estrangeiro, e certamente fora hostilizado. O serviço deles não podem ser assim, O Ignacius nem sequer olhou atentamente os papéis e mais se entregou com seu livretinho, que parecia ser um jogo de palavras cruzadas, e o pobre Jeremias, tentar ajudar, até tentou, mas só veio a confirmar que de boas intenções o inferno está cheio e que se muitos se jogam no poço, muitos outros se jogam atrás.  

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