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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Sarau Livre

Post 130: Sarau Livre nº 1

HiThere. Olá, Vocês!! Saudações sinceras a todos os visitantes deste blog / site. Muito Obrigado (de verdade) por passar uma parte do seu tempo lendo (e interagindo com) esta página web. Obrigado, também, por ouvirem meus mixes no SoundcloudReverbnationPromodj; enfim, obrigado por verem meus ‘Slideshares’; e, também, obrigado por curtirem e me compartilharem (e me seguirem) no Twitter. Só tenho a agradecer, e mostro aqui o motivo (além da presença de vocês – claro, evidentemente) para agradecer:
Há já dois meses o blog mantêm, sempre, graças a vocês, leitores, ouvintes (seguidores, etc.) [sim, graças a vocês, pois, o dom vem de Deus – Deus deu a um (dos seus servos) cinco talento, a outro dois, e, a um outro um talento (Novo Testamento) -, mas a audiência vem do povo da Terra mesmo], o blog está mantendo uma média de (+ ou -) 10 a 20 view / dia; e isto, para um blog de cultura, RPG, literatura, Poesia e contabilidade, é muito, eu considero, vocês já o sabem disto - porque se tratam de temas maduros (intelectualizada-mente falando), específicos, etc. e mais, ajunte a isto o péssimo hábito que é observado, onde é que possa haver, de ter poucas (pouquíssimas) pessoas que leem, principalmente, no Brasil (público, em tese, natural deste blog) -; enfim, por isto e outros fatores, eu só tenho a agradecer estes meses que chegamos a maravilhosa marca de 680 view / mês, seguido de outros meses com valores próximos a quinhentas (mais ou menos) visualizações / mês. Muito bem. Muito feliz. JEspecialmente, obrigado, a todos e todas, vocês.
E por causa de toda esta alegria, e felicidade, nada melhor do que comemorar de algum modo. E como fazer isto na web? Com a distância que existe entre nós? Vejamos o que pensei.
Esta noite (madrugada, manhã ou tarde) teremos a satisfação de lermos / declamarmos as mais belas palavras em formas muito bem elaboradas e escritas (e transcritas em html) – leremos poesias pelo écran. Ecrã (ou écran) é semelhante a uma “tela” (eletrônica).
Neste post 130, postagem #1 de sarau (de Livros do Edson) teremos poemas de várias fases e movimentos [basicamente dois (ou três) movimentos]. Poemas que considero (eu, o autor do post) muito expressivos e representativos da nossa língua portuguesa (além de combinar, muito bem, com a leitura das poesias, a audição do set Under The Time by Edsonnando – em fase de finalização e que, provavelmente, por questões de direitos autorais, será postado apenas no Promodj –, disponível em breve);
Mas que estejam desde já avisados: os poemas a seguir não são puramente das flores, nem ao menos da luz do sol que floresce os girassóis no solo; e nem falam apenas da vida que renasce a cada dia no campo (apesar de isto também ser dito nos poemas a seguir); são antes, e, primeiramente, poemas modernistas (ou pré-modernistas), de temáticas fortes, como as rupturas econômicas, as perdas sentimentais, a distância de entes queridos, e etc. Mas, não é só isso. Teremos ainda, outro estilo, a poesia satírica, da Bahia recém colonizada, uma cidade onde existe muita libertinagem, orgias, descobertas e decepções (talvez, até hoje – eu nunca fui à Bahia) – e muitas mais oportunidades, existentes, de que se isto se realize. E por fim, a poesia contemporânea do Brasil, com um certo aspecto (e ambientação) alternativa e pós-concretista, com a preocupação ambiental, social; além de questões existenciais e de sentimentos indestrutíveis como amizade, uniões, consciência de preservação, e etc.
E onde, também, com isto, nesta mesma linguagem contemporânea, a postagem termina com um poema de minha autoria, inédito e recém-escrito. Publicado originalmente com este post (óbvio).

Bem, a saber, com maiores detalhes, os poemas a serem lidos (ou transcritos) são:

1.         Começa com o Carlos Drummond de Andrade, com o épico moderno “Os Bens e o Sangue” (escrito, acredito, na segunda metade de século XX - originalmente); que entendo que se trata de um poema, que é: uma escritura familiar e de feudo / de burgo, uma divisão de bens, as “formalidades” (no I); e, se trata de um escrito ao pequeno (II); e, um texto ao sofrido (III); também, destaca o lado da família mais “marginal” (no IV); e fala mais, ainda, da progênie, ao que se sugere, pelos progenitores (V); e os urubus no telhado.... Enfim, São as memórias de uma família, nos bens, no sangue, no barro e no sarro. O que acontece com a tradição a terra, o que vem depois das companhias inglesas; o que sucede ao mundo, e a que pode acontecer (ou aconteceu) a nós, ou  com a nossa família, ou ainda com uma espécie maior, chamada de humanidade. Subjetivamente, pode indicar um momento de crisis. Leitura reflexiva e envolvente.

2.         Depois, duas poesia do primeiro poeta brasileiro – considerado – o “boca maldita” do Gregório de Matos, com seus sonetos ultra atuais, desde o século XVII até hoje, na Bahia e no Brasil; Dois poemas: Define a Sua Cidade (Bahia) e Descreve a Vida Escolástica. Se tratam de sátiras, isto é poemas de temáticas burlescas e de zombarias, algumas destas poesias contém palavrões ou alusões sexuais; mas as selecionadas, são bem “leves” e descontraídas.

3.         E nosso terceiro autor é Augusto dos Anjos (um poeta pré-modernista do início do século XX), que trata de uma poesia densa e com poucas esperanças nas coisas e no outro (exceto de decompor-se), o soneto apresentado é o d’A Psicologia de Um Vencido.

4.         Depois vem a Poesia de autor brasileiro (impactante, reflexivo, consciente de seu lugar no mundo – e no cosmos – e) atual, Eduardo Waack, que aparece em nosso primeiro Sarau deste blog, diretamente com uma participação de seu novíssimo livro (acabado de sair do forno) Pessoas & Lugares. Sobre este livro, o autor assim afirma em seu e-mail de divulgação (2015):

‘Pessoas & Lugares’, este é o título do novo livro do escritor e jornalista Eduardo Waack, já disponível para seus leitores. Um roteiro histórico, geográfico, sentimental e cultural — quase memórias. Esta obra reúne, em oitenta páginas, crônicas e poemas escritos nos últimos trinta anos, formando um painel abrangente e dinâmico de nosso país. É um trabalho de resgate histórico e carinhosa preservação da memória nacional. Pedidos podem ser feitos através do próprio autor:eduardowaack@gmail.com.

A poesia se chama a Flor da Caatinga, e também, mantém a mesma linha das poesias anteriormente selecionadas, com a forma textual e as palavras muito bem escritas, além de conter ideias impactantes e precisas, que nos apontam um melhor rumo do futuro. Em uma busca pela poesia que renove os pensamentos e as desilusões, uma poesia que nos mostre o caminho da vida natural e saudável.
E este livro novo de Eduardo Waack (Editor e Idealizador d’O Boêmio), Pessoas & Lugares, é um grande “guia” (de viagem ou espiritual, ou ambos, a critério das crenças do leitor – porque não há cobrança em tais páginas, mas sim, considero, que há exames de consciências, de situações e observações – para dentro e para fora de nós mesmos e do mundo. Estou lendo ainda, e em breve, também será feita uma postagem sobre este livro, tanto aqui no Livros do Edson, quanto no o_boemio (O Boêmio – under – on Line) (outra página minha do blogger). Aguardem!!! E quem puder, não hesite em adquirir o novo livro de Eduardo, porque é uma fonte histórica da cultura, da memória, com muita poesia, fotos e impressionantes causos e ideias (encontros e paisagens; animais e consciências), em formas de poemas, textos ou mesmo nas sutilezas das entrelinhas... Leitura Recomendada. Pessoas & Lugares.

5.         E por fim, nosso último texto deste post. Inédito. Este poema é de autoria de Edson Fernando (nome artístico e natural) ou E.F. Souza (eu mesmo, de qualquer modo), com a “Olhada Transpassada” que é aquela que é vista em 2015, por olhos atentos à sua volta – enquanto todos os demais se distraem. Diz, por fim, que as crises existem para unirem mais a humanidade (e, consequentemente, as pessoas) e não as aniquilar, irredutivelmente.

Espero que apreciem, todos vocês, esta seleção e que tenhamos, todos, sempre, uma boa leitura; e, renovados, sejamos surpreendidos com um novo amanhã, de tons bem mais esperançosos, a nos presentear com as maiores e mais precisas novidades das quais precisávamos - quando nem ao menos assim as esperávamos (mais ou no entanto) ...

Assim, só tenho a desejar: uma ótima leitura e obrigado por ajudarem a divulgar este blog (e pelas visitas, sempre), mais uma vez, OBRIGADO!

O Samba bom
É Aquele que o povo cantar
De fome Basta
A que o povo na vida já tem
Pra que lhe fazer
Cantar isso também?
Mas é que é tempo
De ser diferente.
E essa gente
Não quer mais saber
De amor.
Falar de Terra
Na areia do Arpoador
Quem pelo pobre
Na vida não faz um favor
Falar de Morro
Morando de frente por mar
Não vai fazer ninguém
Melhorar.
Mas é que é tempo
De ser diferente(Marcos Valle - Paulo Sergio Valle; A Resposta; Interprete Leny Andrade).


° Carlos Drummond de Andrade: Os Bens e o Sangue
I
As duas horas da tarde deste nove de agosto de 1847
nesta fazenda do Tanque e em dez outras casas de rei, não de valetes,
em Itabira Ferros Guanhães Cocais Joanésia Capão
diante do estrume em q se movem nossos escravos, e da viração
perfumada dos cafezais q trança na palma dos coqueiros
fieis servidores de nossa paisagem e de nossos fins primeiros,
deliberamos vender, como de fato vendemos, cedendo posse jus e domínio
e abrangendo desde os engenhos de secar areia até o ouro mais fino,
nossas lavras mto nossas por herança de nossos pais e sogros bem-amados
q dormem na paz de Deus entre santas e santos martirizados.
Por isso neste papel azul Bath escrevemos com a nossa melhor letra
estes nomes q em qualquer tempo desafiarão tramoia trapaça e treta:

ESMERIL
PISSARRÃO
CANDONGA
CONCEIÇÃO

E tudo damos por vendido ao compadre e nosso amigo o snr. Raimundo Procópio
e a d Maria Narcisa sua mulher, e o q não for vendido, por alborque
de nossa mão passará, e trocaremos lavras por matas,
lavras por títulos, lavras por mulas, lavras por mulatas e arriatas.
q trocar é nosso fraco e lucrar é nosso forte. Mas fique esclarecido:
somos levado menos por gosto do sempre negócio q no sentido
de nossa remota descendência ainda mal debuxada ao longe dos serros.
De nossa mente lavamos o ouro como de nossa alma um dia os erros
se lavarão na pia da penitência. E filhos netos bisnetos
tataranetos despojados dos bens mais sólidos e rutilantes portanto os mais completos
irão tomando pouco a pouco desapego de toda fortuna
e concentrando seu fervor numa riqueza só, abstrata e uma.
LAVRA DA PACIÊNCIA
LAVRINHA  DE CUBAS
ITABIRUÇU

II
Mais que todos deserdamos
deste nosso oblíquo modo
um menino inda não nado
(e melhor não fora nado)
que de nada lhe daremos
sua parte de nonada
e que nada, porém nada
o há de ter desenganado.

E nossa rica fazenda
Já presto se desfazendo
vai-se em sal cristalizando
na porta de sua casa
ou na ponta da asa
de seu nariz fino e frágil
de sua alma fina e frágil,
de sua certeza frágil
frágil frágil frágil frágil

mas que por frágil é ágil,
e na sua mala-sorte
se rirá ele da morte.

III
Este figura em nosso
pensamento secreto.
Num magoado alvoroço
o queremos marcado
a nos negar; depois
de sua negação
nos buscará. Em tudo
será pelo contrário
seu fado extra ordinário.
Vergonha da família
que de nobre se humilha
na sua malincônica
tristeza meio cômica,
dulciamara nux-vômica.

IV
Este iremos por bem
reduzir à simples
condição ninguém.
Não lavrará campo.
Tirará sustento
de algum mel nojento.
Há de ser violento
Sem ter movimento.
Sofrerá tormenta
no melhor momento.
[...]
Este será tonto
e amará no vinho
um novo equilíbrio
e seu passo tíbio
sairá da cola
de nenhum caminho.

V
_ Não judie com o menino, compadre.
_ Não torça tanto o pepino, major.
_ Assim vai crescer morfino, sinhô!

_ Pedimos pelo menino porque pedir é nosso destino.
Pedimos pelo menino porque vamos acalentá-lo.
Pedimos pelo menino porque já se ouve planger o sino
do tombo que ele levar quando monte a cavalo.

_ Vai cair do cavalo
de cabeça no valo.
Vai ter catapora
amarelão e gálico
vai errar o caminho
vai quebrar o pescoço
vai deitar-se no espinho
fazer tanta besteira
e dar tanto desgosto
que nem a vida inteira
dava para contar.
E vai muito chorar.
(A praga que te rogo
Para teu bem será.)

VI
Os urubus no telhado:
E virá a companhia inglesa e por sua vez comprará tudo
e por sua vez perderá tudo e tudo volverá a nada
e secado o ouro escorrerá ferro, e secos morros de ferro
taparão o vale sinistro onde não mais haverá privilégios,
e se irão os últimos escravos, e virão os primeiros camaradas:
e a besta Belisa renderá os arrogantes corcéis da monarquia,
e a vaca Belisa dará leite no curral vazio para o menino doentio,
e o menino crescerá sombrio, e os antepassados no cemitério
se rirão se rirão porque os mortos não choram.

VII
Ó monstros lajos e andridos [...]
de minhas minas me expulsais. [...]
Meu sangue é dos que não negociaram, minha alma é dos pretos,
minha carne dos palhaços, minha fome das nuvens,
e não tenho outro amor a não ser dos doidos.

Onde estás capitão, onde estás, João Francisco,
do alto de tua serra eu te sinto sozinho
e sem filhos e netos interrompes a linha
que veio dar a mim neste chão esgotado.
Salva-me, capitão, de um passado voraz.
Livra-me, capitão, da conjura dos mortos.
Inclui-me entre os que não são, sendo filhos de ti.
E no fundo da mina, ó capitão, me esconde!

VIII
_ Ó meu, ó nosso filho de cem anos depois,
Que não sabes viver nem conheces os bois
pelos seus nomes tradicionais... nem suas cores
marcadas em padrões eternos desde o Egito.
Ó filho pobre, e descorçoado, e finito,
ó inapto para as cavalhadas e os trabalhos brutais
com a faca, o formão, o couro... Ó tal como quiséramos
para a tristeza e consumação das eras,
para o fim de tudo o que foi grande!
 Ó desejado,
ó poeta de uma poesia que se furta e se expande
à maneira de um lago de pez e resíduos letais...
És nosso fim natural e somos teu adubo,
Tua explicação e tua mais singela virtude . . .
Pois carecia que um de nós nos recusasse
para melhor servir-nos. Face a face
te contemplamos, e é teu esse primeiro
e úmido beijo em nossa boca de barro e de sarro.
(DRUMMOND DE ANDRADE, 1998, p. 60-67)


° Gregório de Matos: Define a Sua Cidade
MOTE

De dous ff se compõe
esta cidade a meu ver
um furtar, outro foder.

1.Recopilou-se o direito,
e quem o recopilou
com dois ff o explicou
por estar feito, e bem feito:
por bem Digesto, e Colheito
 com dois ff o expõe,
e assim quem os olhou põe
no trato, que aqui se encerra
 de dizer, que esta terra
De dous ff de compõe.

2.Se de dois ff composta
está a nossa Bahia,
errada a ortografia
a grande dano está posta
e quero fazer aposta,
e quero um tostão perder,
que isso a há de perverter,
se o furtar e o foder bem
não são os ff que tem
Esta cidade a meu ver.

3.Provo a conjetura já
prontamente como um brinco:
Bahia tem letras cinco
que são B-A-H-I-A:
logo ninguém me dirá
que dois ff chega a ter,
pois nenhum contém sequer,
salvo se em boa verdade
são os ff da cidade
um furtar, outro foder.
(MATOS, 1997, p. 25-26)

° Gregório de Matos: Descreve a Vida Escolástica

Mancebo sem dinheiro, bom barrete,
Medíocre o vestido, bom sapato,
Meias velhas, calção de esfola-gato,
Cabelo penteado, bom topete.

Presumir de dançar, cantar falsete,
Jogo de fidalguia, bom barato,
Tirar falsídia ao Moço do seu trato,
Furtar a carne à ama, que promete.

A putinha aldeão achada em feira,
Eterno murmurar de alheias famas,
Soneto infame, sátira elegante.

Cartinhas de trocado a Feira,
Comer boi, ser Quixote com as Damas,
Pouco estudo, isto é ser estudante.
(MATOS, 1997, p. 29)


° Augusto dos Anjos: Psicologia de um Vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Mostro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimo hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
(ANJOS, 1997, p. 175)


° Eduardo WaackAs Flores da Caatinga

Há de surgir um poema
Dera Deus de minhas mãos
Um filho de luz, profundo e puro
Como as flores da caatinga,

Que saiba se defender.
Que tenha cheiro de mato,
De animal selvagem. Um poema despojado
Que liberte o homem de sua descrença.

Que louve o alimento a todos
E que também seja lido. Dádiva
De uma estrela chamada amor,
Fruto de firme organização.

Eu conto as minhas horas,
Enquanto isso crianças morrerão,
Idosos serão humilhados e cretinos
Subirão ao poder.

Há de surgir um poema
Contra qualquer poder opulento, cor
Da terra e sangue, nunca um batom,
Antes uma chaga.
(WAACK, 2015, p.77)


° Edson Fernando: OLHADA TRANSPASSADA

Havia um vazio intransponível
tão extenso e solitário
que era amargo como uma fumaça
densa e aprisionadora
- que nem se quer se mistura ao ar.

Um som com bom tom / tal bom tom como
crateras de matracas encravadas
na ruptura da craque-lação
das ideias sem concepção
natural – suas
e de apelos ao seu lado ‘sentimentalão’.

Uma abstração mais delongada que a sua própria aplicação
E, dotado, uma vivência doada à solidão.

São os ecos que se ouvem em seu coração
que dizem

“Larga mão de tua opressão
vivas o hoje, viva o outro
saias da clausura
e vais, para ganhar as ruas”.

Vou consigo na andança
Olhar por onde anda com
a postura que alavanca –
muito mais – a roda da esperança?

... Percebi o desejo que desertou no outro...

“Há um ponto positivo na crise (crisis):
Ela exibe mais as pessoas
- as expõem a elas mesmas
do modo exato
ou quase (ou praticamente) exato,
e assim, as pessoas têm mais
chances de se conhecerem entre si.”

Tá bom – como não formar união?
Ainda mais em época de crise?
Quando o que mais temos é
a nós mesmos?
E no mais
quer sair da crise? =
crise  -  S (de Sair) =
crie

Faça, refaça – ultrapassa
a crise, a solidão, a raiva,
a falta de concepção
supera a era da abstração
sem finalidade – aptidão
para ser mais do que
os demais acham que você é
pode ser.

E com aquele outro lá,
Aquele que se interessou por você,
- juntos – vocês podem mais
do que simplesmente viver
renegados a abismos de
vaidades e situações passadas - erradas -,

Mais do que os passos seus que se perderam no tempo,
naquela olhada transpassada, foi quando vi a intenção que ali havia,
De Que Um Dia, as coisas seriam como deveriam ser; ser assim
Entre vocês, e mesmo entre as suas relações com os outros no mundo.

Onde apenas seriam permitidos a vocês que se sorrissem e se divertissem. E que
Vivessem em um mundo com muito mais gente vivendo de um modo ainda muito mais contente.
(SOUZA, 2015)


REFERÊNCIAS

ANJOS, Augustos dos. 1884 – 1914. Pré-modernismo. Clássicos da Poesia Brasileira - Antologia da Poesia Brasileira: Anterior Ao Modernismo. Seleção e Organização de Frederico Barbosa. São Paulo: O Estado de S. Paulo/Klick Editora, 1997. P. 174 – 178. Volume 19 [Coletânea].

CASTRO, Ruy. Leny Andrade / Ruy Castro. Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008. 64p. – Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova. Volume 13.

DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. 1902 – 1987. Poesias, Seleções. Antologia Poética. Organizada pelo autor. 39ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. [Coletânea].

MATOS, Gregório de. 1636 (?) – 1697. Barroco, Poesias Satíricas. Clássicos da Poesia Brasileira - Antologia da Poesia Brasileira: Anterior Ao Modernismo. Seleção e Organização de Frederico Barbosa. São Paulo: O Estado de S. Paulo/Klick Editora, 1997. P. 14 – 31. Volume 19 [Coletânea].

WAACK, Eduardo. Poesias, crônicas, matérias, fotografias et alPessoas & Lugares - Um roteiro histórico, geográfico, sentimental e cultural: quase memórias. Organizado pelo autor. Matão: O Boêmio – Cultura Popular Independente e Evolucionária –, 2015. [Coletânea].

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