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domingo, 9 de março de 2014

Vocês Precisam Acreditar Em Mim... Eu Sou Tarólogo!!!




depois dos 75%,


LIVROS DO EDSON


POSTAGEM 76 

Astronauta Libertário:

Vocês precisam acreditar em mim,

Eu Sou Tarólogo


Dedicado a quem vai e a quem chega.



Estas postagens emblemáticas deste blog... ! ? Pois afinal, o que significa ser um blog de literatura, poesia, rpg, correntes cult, ensaios e filosofia, escrito em Kompozer do mandriva Linux (esses meses que o autor do blog passou sem net em casa)? E o que mais? E que tem artes feitas em GIMP, Inkscape, OO, mas, por que,  não usar o Windows, o Photoshop e o Corell Draw, pra simplificar tudo? Escrever em Dreamweaver e pegar mais e mais links da web para por nesse http? Isso em Matão, interior de SP/Brasil... Por que tanta diversidade em um só lugar, tanta coisa distinta?

É aí que está o âmago deste blog. Isso aqui, amigos, é feito de dura lição de aprendizado, pois aliás, nem tudo deve ser flores no caminho, ainda mais para quem se propõe a construir algo e não só colher ou aceitar "algo" que os outros nos ofertam. Por aqui, raciocinamos. Por aqui pensamos no conjunto inteiro, de todas as coisas possíveis ou não. A imaginação é o limite, a criação é o importante e tudo o mais tem que ter os seus aspectos e limites respeitados.  Notaram: Conjunto, Limite, Criação e Imaginação. E o tempo. E o seu compasso em relação ao Tempo e a Dança.

Este tipo de retórica, que deixa frases soltas e desconexas, é utilizado para criar profundas reflexões e que permite que a pessoa conclua, por si só, a frase, quase sempre de maneira objetiva - existe um indução lógica aqui. Enfim, senhores, senhoras, depois de 3/4 (que significa, uma casa com três quartos, pressuponho), Mata a Mata Atlântica, Voltar a Banca, e muitos outros posts, que gosto muito, mais um que estou a elaborar há um tempo: "Astronarta"!!! Espero que apreciem, sem moderação alguma.

(já ouviram Mutantes, com 2001?, ou um belo Raul Seixas?, e que tal, na sequência - mixado, always, ever  good dj does - Sesto Sento, com Disconnecting? Pois bem, é disso, também que falaremos agora).

Boa leitura e ...

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NOVA "VINHETA" DO BLOG - TAMANHO ORIGINAL

(QUEBRANDO O "width" DA POSTAGEM)










Abaixo, o tamanho adaptado ao post.

... E Boa navegação, principalmente nesta página.















POEMA PARA MIM - FUNDO 3D

feita em OO e GIMP






UM POUCO MAIS DE SI



Tá bem gari, fica assim:

Este final de ano, te dou "caixinha",

uma lembrancinha por ter suportado meu lixo;

E quanto aos outros, vai me perdoando aos poucos.


Equalizei-me no mais profundo sub-bass underwoofer

restaram os filtros da maldade que guardo todos

para quando nunca mais os precisos -


Oh sim! Acabou a tempestade,

mas ainda fomos calados pela noite,

Como muito bem diz Keane - em Silenced by the night.


Vi o quanto exacerbou a populaça mal-risonha,

o quanto o grande gênio nada vale,

frente a nádegas de instinto e sexo,

Vi o gelo desgelar e nada sobrar além do mar,

enquanto espalhavam boatos como verdades da web,

que apenas, supostamente,

um pequeno grupo de pessoas, tinham a senha de acesso.

E que grande besteira, tornou-se viver pos 2010,

onde todos sonham com um facebook memorável,

mas esquecem que geralmente, memória não é com a gente.


Mas se tudo isso te deixa descontente,

esqueça.

Desejamos apenas que abra-se o novo,

que inove-se tudo - que viva seu sonho realizado.


O mais, o nada além de tristeza, vaidade, orgulho, sofrer e nada ter

devem ficar no passado, lugar em que nunca deveriam ter estado,

mas que de fato, aguardam no estado contemplado, em futuro.


Mas tudo deve fluir para o Bem, e senão for do Bem, não deve ser.

Demorei para entender isto, mas agora sei, tudo é hora, espaço e mente,

tudo é gente sorridente, se você é sorridente,

ou tudo é descontente, se você é descontente.

Coisas que sabemos, mas que só aprendemos com o tempo.


Pois há muita gente que acha que sabe, mas não sabe,

assim como tem muita gente que sabe, mas não sabe explicar e nem fazer,

gente que sabe e quer fazer mas não faz,

é gente que vivia do pra-trás-mente,

e finalmente há quem não sabe e faz,

ou seja, o agir, que de tão pleno,

chega a ser inconsciente, de tão sabido -

seria o fazer automaticamente, porém extremamente bem feito.


Mas quer saber, mesmo?

O melhor, mesmo, mas mesmo, mesmo mesmo

é doar-se um pouco mais de si,

é sempre tentar fazer a cada dia, sempre,

um pouco melhor do que foi feito pelo dia de ontem,

para que assim, óh sim, só assim, meu amigo,

O Amanhã finalmente será nosso, como prometido

Pois a Bondade, e  Os Melhores,

 É apenas o que vai restar

quando passar o frenesi da embriagues do vulgar.



E quando chegar a ressaca moral,

pois a humanidade tem uma moralidade,

mesmo que queiram que pareça que não,

mais uma peneira será utilizada, 

esculpida no precioso crivo da arte,

será a peneira da cultura atemporal, e destas,

prezados queridos, muitos poucos conseguem safarem-se.


20/02/2014  --  22:30




Ficção Realística

Conto do Noctâmbulo:

Ondas Espectrais de Vodkas


    "Astronarta". Ele pensava nesta palavra: astronauta.

    Mas, subitamente, um forte barulho tira-lhe totalmente qualquer "ideia de cogitação". Um estrondo tamanho que até mesmo os mais cômodos e felizes (sonolentos, até) tigres, levantar-se-iam de suas aconchegantes tocas, e iriam, curiosos, a ver qual despertador seria esse. Ele apenas move vagamente o rosto. Vê um acidente entre uma moto e um carro. O lado frontal do corpo dele volta-se todo para tal tragédia que os olhos captaram. Repara melhor, acaba notando que em poucos instantes um aglomerado crescente de povos e cabelos vinham chegando para ver também o que acontecera;  "tudo é tão complicado". Ele não sabia o que pensar, tudo aquilo era muito horrível: o motoqueiro havia sido jogado à  uma  distância considerável (a frente do carro acertou o lado direito da moto - o motoqueiro na horizontal e o motorista na vertical), e as pessoas surgiam de múltiplas direções e perto do acidente paravam. "Sempre é assim.

    A Polícia e as ambulâncias (sempre mais que uma, por quê?) também participaram da cena; não juntas, nem ao mesmo tempo, nem uma tão logo e a outra a seguir. Apenas estavam lá. Luis estava de tão forma confuso que olhava o acidente e abaixava a cabeça, fazia uma coisa e depois se dedicava a fazer outra; primeiro chegou a ambulância e depois, mais gente, e finalmente, a polícia. Luis, suspeito e paranóico, como sempre, não se aproximava do acidente, observava tudo a distância, com o dito. Onde Luis estava parado foi de onde ele observou toda a cena; enquanto pensava - "astronarta" - ouviu o acidente, moveu os olhos, depois o corpo e ficou assim: a olhar o acidente e a pensar de cabeça baixa, onde, quase sempre, resumia-se a olhar e abaixar o semblante.

    Ele, em nada, senão na semelhança, se parecia com as outras pessoas. Enquanto os povos (rebanho, populaça) queriam se aproximar mais e falar, ele não queria acreditar no que via. Decidiu-se por sair imediatamente dali, decidiu-se com calma, deu meia volta (1/2) e continuou a seguir seu "Rumo".

    "Astronarta". Esse pensamento lhe tornava a vir à mente, e o fez ter um profundo sentimento de desprezo por si mesmo (como ser humano). Pensava:

    "Como posso lembrar de tal canção, se acabo de presenciar um terrível cena - como é mesquinha a humanidade. Esses povos, como eles se parecem! Devem ser todos iguais, mesmo!"

    O que mais lhe indignara, era o fato das pessoas se preocuparem tanto em irem até o acidente; o que não lhe agradara, era o fato de todos aqueles que estavam lá, vendo (ou os ditos "sãos"), só se aglomeravam, pela tragédia, tal como, se o acidente fosse uma atração, um espetáculo. Ele, por sua vez, recebeu com revolta o fato do acidente e pensou "por que aquele povo gostava tanto de observar aquela cena fatal?"

    Não conseguiu achar a resposta certa. O que queria era, em poucos passos, nem ouvir as vozes dos populares e, muito menos, o som irritante que produz todos aqueles veículos úteis, no momento em que prestam auxílio - a viatura e a ambulância, entre todo o mais.

    Tudo aquilo havia-lhe apavorado profundamente. Não sabia o que pensar do acidente, não sabia que conclusão tomar sobre as pessoas, não sabia para onde queria ir e não sabia no que pensar. Por fim, desta angústia, ele olhou para todos os lados (em um panorama 360°, segundo as construções da cidade permitem), e viu que a testemunha mais próxima dele se encontrava a uma distância considerável para não notar nada, nem ver,ouvir ou ponderar. E nisto, imediatamente, ele começa a falar consigo mesmo:

    _ Que merda. Estava justamente pensando em ideias, figuras, cores e imagens. Estava pensando nos Mutantes, quando aquele infeliz acidente ocorreu. E aquelas pessoas todos, as autoridades... Que vinham chegando e logo após iam se aconchegando ou prontificando para lidar com tal feito tristonho, da maneira mais racional possível nos meios sociais... ai, tudo isso me incomodou por demais...

    E assim prosseguia. Uma vez que, antes do acidente, estava ele pensando em como poderia divertir-se. Astronauta (em caipirês, "astronarta"), é a última palavra que se canta em Dois Mil e Um, em performance por Mutantes. O que achou a atenção dele, é que no momento em que pensava nesta última palavra cantada na música citada, pensou conjuntamente no que fazer - notem que em "astronarta", subtende-se algo para cima, algo ascendido, ou que tem leveza e que sobe e se vai mais além (e isto fez ele ter um profundo gozo interno, de riso), e foi quando, de súbito, ocorre aquele maldito acidente - certamente, isto o confundiu tudo. Fora confundido nessa união de ideias, totalmente desconexas, onde acabou por se cansar de tudo aquilo. Fora, o fato de, ter sido confundido, inclusive, pela mudança radical no rumo de seus pensamentos: astronarta, o que fazer, riso, frenesi e por fim, batida e morte... e mais aqueles outros pensamentos que vieram a ele depois da tragédia, com as pessoas e tudo o mais... por fim, sentou em uma calçada e acendeu um cigarro.

    Cada vez mais um sentimento de tristeza tomava conta dele; estava totalmente desolado, lembrou-se de "os ombros suportam o mundo", de Carlos Drummond de Andrade: "a vida apenas, sem mistificação". Logo começou sua dialética solitária:

    _Eu, que não me dei a reparar a tragédia alheia, sofro mais com ela do que todos aqueles curiosos que se aproximavam para se deleitarem com o sofrimento dos outros. Esses olhudos, que em ferro de automóvel amassado veem um atrativo para toda a família ou para toda a confraria. Toda a sociedade pertence a uma confraria de tolos, assim trata John Kennedy Troole em seu único livro (a história do lançamento do livro já é terrível). A humanidade é mesquinha e essa é a máxima mais certa. E agora, quem teria dito tal primeiro pensamento ''a humanidade é mesquinha" ? Difícil de saber se sei ou não quem disse primeiro isso. Posso arriscar muitos nomes, mas creio que não arriscar nenhum seja a citação mais eloquente: já devo estar muito bêbado mesmo.

    E não era só isso, não. Luis adorava alterar o seu estado "normal" de consciência. Ele fumava cigarro de papel, fumava fumo de corda com palha, fumava (explicitamente) maconha e, pode-se dizer, que ele não tinha problema algum com frases tipo "eu não gosto de tal substância" ou "por que eu quereria experimentar mais uma porcaria?", pelo contrário, encontrava na marijuana e em outros alteradores de estado consciência, um ingrediente perfeito para chegar "ao ponto ideal". E mesmo depois dele ter dito que já estava bêbado, e mesmo depois que eu (o narrado) esclareci sobre a real situação mental dele, ele levantou-se e foi até um bar próximo (claro, beber mais). Enquanto caminha, pensava (falando):

    _Sempre é possível ficar mais bêbado, mas quero ver o que vou fazer para passar a bebedeira... Há quem diga: "para passar a bebedeira, só com pó (cocaína). Eu porém, não acredito nesta opção, como a melhor. Eu digo, "para passar a bebedeira, só dormindo", ou o famoso, "teu mal é sono".

    Enquanto Luis atravessava as ruas, passando por calçadas, pensava nestas e em outras coisas, as vezes as dizia, as vezes somente, ria. As outras pessoas, seguiam suas vidas, sozinhas e raras, ou, mais comum, em casais ou grupos, a juntar interesses e fazer coisas de modo coletivo. Algumas pessoas falam. Mas o problema da fala é o vento. Pois o vento espalha as palavras - feito um vendaval de gotas fonemas - e as mistura, em um turbilhão caótico, as transformando em algo diferente do que foram ditas. As pessoas permanecem sentadas ou jogadas no mundo, como consequências de atos sexuais inconsequentes, filhos de pais e mães que mais fruíram uns dos outros do que propriamente preocuparam-se com o amor e a procriação. E neste mundo, onde tudo é complicado, onde cada um tem o SEU MUNDO (seus ideais ou a falta deles), onde tudo se choca, se mistura ou se ignora.... é neste mundo que vive Luis.

    Luis é ser sem luz. Por isto Luis sem z? O brilho dele nada mais é que o desejo das trevas, a vontade de declinar, o anseio pelo erro e por se machucar. É uma pessoa com uma inteligência razoável (para os padrões contemporâneos, chega a ser culta) - pois, hoje, quem tem conhecimentos? A música se perdeu, a arte é escassa, a literatura vendida em bancas de jornais pode nos salvar, porem, quem salvará livros, quando nem mesmo a comida está salva? - ; mas, de uma forma ou de outra,  ele chega a ser o que qualquer um é: uma pessoa que tem (teve) que escolher, que tem que tentar viver... assim como a grande maioria, é alguém que, ser quiser ser feliz, terá de lutar muito. Ele se consola na chapação - que é o não estado "normal' da mente - , seja bebendo, lendo poesias, fumando um beque, uma rocha, sei lá o quê... é a vida dele, ele deve saber o que faz. Eu posso explorá-lo psicologicamente, dá-lhos (a vós - leitores que são meu motivo de escrever) todos os detalhes íntimos dele, dizê-lhes todos os pormenores e mesmo assim, ainda não me contentar, e escrever mais um ou dois epílogos, mas, que direito tenho eu de expor assim tal ser? Mesmo que ficcional? 

    Existem muitas coisas que podem pôr Luis na prisão (ou coisas que ele poderia ter pago mais caro ainda), e eu, tornando pública a história dele corro o risco de ser a testemunha mais importante em um provável, futuro processo imaginativo judicial - mnese superego - , contra ele. Mas não, não poso criá-lo somente para ser preso ou morrer. Luis não pode ser preso, pois todo personagem só tem compromisso com o difundir de seu caminho (Rumo), de seu destino (hora e lugar certos), para que assim, quando alguém entrar em contato com tal obra, uma lição tirar disso tudo. E por isso não posso explorá-lo muito além do fundamental. Todavia, por outro lado, ele pode ainda ser preso, para causar o resgate e mais, nunca tive medo do que os outros temem e não fazem, pelo contrário, e além de mim,  Luis mais gosta quando ele mais ultrapassa os "limites", as leis.... ele mais gosta quanto mais ele vai além.

    Ou, TALVEZ, nem seja isso. Talvez, e se, somente se, talvez Luis realmente goste dessas coisas, talvez ele não tenha mesmo mais nada para gostar, vai ver que o que lhe restou foi apenas isso mesmo: um mundo de perdição, drogas, sarjetas e barraquinhas, uma vida cheia de erros e uma ou outra que, desconfiadamente, talvez, lhe traga prazer.

    Finalmente Luis acha um bar aberto e chega nele.Enquanto rumava a entrar no bar, ele só tomou por pensamento aquela base que vimos agora à pouco: "para passar a bebedeira é melhor ir durmir ou ir cheirar cocaína? Parecia que Luis não tinha mais certeza sobre isso, e talvez, sobre mais nada.

    Uma das duas portas do bar já estava fechada e não havia ninguém do lado de fora. Luis entrou e dentro do bar haviam outras cinco pessoas: o dono e quatro bebuns. Os homens estavam falando que o emprego era cada vez mais difícil de arrumar e também que é mais fácil ser demitido do que ser contratado, hoje em dia. Luis achou tudo aquilo tolo, mas ficou quieto.

    O homem atrás do balcão, olha para Luis e fala: "fala.

     _ Uma dose de vodka - Luis falou timidamente, como que com vergonha.

    _Vodka? Você a bebe pura, garoto?

    Quem fez essa última pergunta foi um homem já ébrio, de mais de quarenta anos, que o disse com uma voz seca e arrastada, com um certo ar de irritante.

    _Sim, eu bebo pura - disse confiante e desafiador, por fim, enquanto pegava um outro cigarro do aço; e, de fato, Luis bebia vodka pura e o que mais fosse, pinga, conhaque e com o que viesse acompanhado, fosse pedra ou pó.

    _Pois, saiba - disse o homem, depois de 1/2 segundo de silêncio - que ela não faz nada bem e hahaha - era-se possível ouvir uma espécie de riso ali.

     _hehe, sim eu sei. Saibam, os senhores, que, certos dias, eu acordo de ressaca de vodka e passo-os, esses dias, todos, ou quase inteiro, com ânsias, diarreias... além de vômitos e mal estar.

    _ Então, por que bebe?

    _ah, essa pergunta... O senhor sabe quantas vezes já me fizeram essa pergunta? E acredita mesmo que eu pretendo levar essa conversa adiante?

    O bar que se alterava em momentos de euforia ardilosa e silêncio com ôfegos de respiração, acaba por calar-se por completo. Decerto, só Luis sabia porque ele estava tão irritado, mas, posso arriscar que ele estava mal humorado assim, principalmente por tudo o que ocorreu e ele não queria dizer - não seria ele aquele quem iria fofocar sobre a tragédia alheia - e mais, ele não queria falar nada, ainda mais com este senhor tão atrevido. Logo o copo cheio de vodka, que ele havia pedido, estava sobre o balcão, pagou com uma moeda (pois sim, naquela época era possível pagar as coisas com moedas), pegou o copo e disse:

    _ Me dão licença, só vim pegar isto aqui, vou beber lá fora.

    Luis saiu do bar, foi sentar-se na mureta, e bebia enquanto não saía a cena do acidente de sua cabeça e pensava: Poxa a vida, aquele pessoal, gente da rua, gente nas casas dormindo e exceto pelos "utilitários do momento"(hashtag #utilitariosdomomento), todos só iam lá para olhar e não ajudar - onde está a caridade, meu Deus! Hahahahaha, ouvia risadas dentro do bar enquanto supostamente repetiam o que Luis dizia. Ele estava inquieto e resolveu entrar novamente no bar, enquanto entrava um dos homens disse rindo, "é rapaz, a coisa tá feia!", Luis apenas disse:

    _Queria falar uma coisa para vocês. Isso que todos nós formamos, a humanidade, é uma coisa... uma experiência que deu errado e que só os piores acham boa. Agora mesmo, à pouco, acabei de presenciar uma cena trágica e o que vi, foi uma porção de pessoas que vinha exclusivamente para ver o acidente. Eles não estavam lá por piedade, caridade ou mesmo, pavor, eles estavam lá, porque gente morta é atração.

    Riu ironicamente. Ele mesmo estava confuso, tragou o cigarro (naquela época podia fumar dentro dos botecos), espirou muito profundamente e prosseguiu, enquanto viu que os homens escutavam quietos e calmos, por enquanto:

    _ Vejo que serei ouvido. E será que para tal terei de ouví-los, também? Senhores, bêbados, homens de uma cervejinha só, vagabundos, empresários, donos de bar, sejam o que forem, ouçam-me: A humanidade só pode me ver quando eu me mascaro - quando bebo, fumo um cigarro ou qualquer outra coisa. Esse povo não tem o direito de me ver de cara.

    O homem que se encontrava sentado à maior distância de Luis, tão logo, ouviu tais palavras, começou a rir e quando Luis continuou, tão logo pois se a rir em gargalhadas prolongadas. Luis se mantinha:

    _ Pois saibam que vocês só tem direito de verem a mim no meu estado não-normal, não sóbrio e... de que o senhor se rí?

    _ he he, se eu pudesse falar... he hahaha.... - talvez a voz de um anjo (da luz ou não) tenha dito:

    _ Um amigo meu diz que antes tudo, deve viro riso - aparentenmente era um terceiro (quinto) elemento, que até então entretê-se com suas goladas.

    _ Acaso estão a me ofender, a mim? - pergunta Luis em seguida a ter bebido de seu copo cheio.

    _ Amigo - falou o dono do bar - , não do mesmo modo que você falou que não iria falar com ele, nós não estamos acostumados com pessoas que não conhecemos em nossa conversa de copo. Tome! - o dono do bar oferece a ele um copo descartável. Luis se cala por um tempo. Logo corou e disse:

     _ Senhor - começou pausadamente - , apesar de tudo, reconheço a sua cortesia, muito cordial... se for essa a palavra/sentido. Mas digo, que fico muito ressentido com essa ofensa, tamanha!

    E novamente o silêncio. Luis estava exauto por dentro, e por fora aparentava alcoolismo e calma causada por tontura. Todos esperavam atenciosamente que ele falasse: "Que diabos, estou eu a fazer aqui?", mas pensou consigo mesmo:

    _Ora deixe. Vocês são tolos. Não compreenderiam uma só palavra das que eu dissesse, nem das que eu disse. O senhor está certo, dá-me teu copo, que eu sair daqui será o melhor. Mas, por fim, só disse:

    _Falou, "tiazãos"!

    Luis coloca a vodka do copo de vidro no copo descartável, deixa o copo de vidro sobre o balcão e sai, sem dizer mais uma palavra, ou dar um suspiro, sequer.  Nas ruas, pensava consigo mesmo.


    "Nem ao menos me deram atenção à minha ideia de me mostrar com máscara mental à sociedade, são tolos, mesmo. As crianças deveriam ter anseio por quando crescerem, pudessem, finalmente, compreender todos os mistérios que suas cabecinhas pensantes não podiam nem imaginar, enquanto eram pequenas. Mas ocorre o oposto: muitos pensam e tem criatividade (do Criativo, o 1° I Ching), enquanto crianças, pois não foram "condicionadas" a pensar segundo a sociedade, e o seja, pensavam, justamente por não saberem ou por cultivaram algumas dúvidas e "fantasias", agora, quando tornam-se adultas, não carregam mais esse hábito, pois acabam acreditando que a sociedade e as ideias dos outros é que estão certas..."

    Luis estava muito acelerado, é uma pena, estava tão perto de concluir uma linda reflexão, mas a sua mente, veio uma vontade de fumar pedra, ao mesmo tempo em que lhe volta a mente a cena do bar, e ele torna a ter mais raiva ainda, e parte para essa reflexão aqui:

    "Devo estar certo. Muitos quando crescem se tornam iguais aqueles senhores daquele bar fuleiro, se acham os donos da verdade e do lugar. Essas pessoas podem estar totalmente ou semi erradas, já pensaram nisso? Pois muitos do que eu vejo que se intitulam certos, em maioria, estão equivocados. Ah, que tolice pensar.

    Por fim, grita:

    _Ninguém sabe. Todos estão incógnitos.

    Ele estava cada vez mais possuído por um sentimento que lhe aterrorizava. Tinha vontade de gritar mais pela rua, porém percebeu que estava muito entorpecido  e fora de si mesmo! Os pensamentos lhe eram agradáveis, talvez, mas, na voz dele, havia algum sotaque do leste europeu, de alguma entidade poliglota, além é claro, dos evidentes sinais de extrema bebedeira.

    E falou, enquanto ia para boca, torrar seus últimos dez contos com pedra:

    _"em algum lugar, alguém deve chorar por mim"




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