Lições que se aprende e que não se aprende.
Ele é bom, humano e benevolente para com todos, sem preferência de raças nem de crenças, porque vê irmãos em todos os homens. Respeita, nos outros, todas as convicções sinceras, e não lança o anátema àqueles que não pensam como ele. Em todas as circunstâncias, a caridade é seu guia; diz a si mesmo que aquele que leva prejuízo a outrem por palavras malévolas, que fere a suscetibilidade e alguém por seu orgulho e seu desdém, que não recua a ideia de causar uma inquietação, uma contrariedade, ainda que leve, quando pode evita-lo, falta ao dever de amor ao próximo, e, não merece a clemência do Senhor. Não tem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios; porque sabe que lhe será perdoado como ele próprio houve perdoado [ou como ele próprio concedeu o perdão] (KARDEC, 1986, p. 222).
Não há mais tempo para farsas, mesmo as dissimuladas que se simulam assim para que se aparecessem como a grande verdade, não há; porque a revelação ou qualquer conceito que de tão intangível e antigo, tornou-se obsoleto e empoeirado, ficaram relegados a si mesmos. E parece que a mais ninguém importa ou sequer interessa.
As pessoas esperam o passado, mas esquecem-se que o mundo vai pra frente e não para trás, o relógio vai no sentido horário, e não no anti-horário, enfim, assim se vai o fluxo do tempo.
Nietzsche (2010) dedicou seu tempo em afirmar que “o homem é mal – assim falavam os outros sábios uns aos outros para consolo meu –; ai se isso fosse verdade ainda hoje! Que o mal é a melhor força do homem” (NIETZSCHE, 2010, p. 240). Obviamente isto significa uma ironia e uma falácia proposital, porque na sequência, Nietzsche (2010) vem a afirmar que “o homem deve-se fazer melhor e pior” (NIETZSCHE, 2010, p. 240).
Ou seja, é aquilo que afirmo; que, de fato, é aquilo também que algumas pessoas consideram inalcançáveis e / ou utópica; que é o controle, e aqui nem falo de empresa ou governos, mas sim falo do autocontrole pessoal, o equilíbrio, a harmonia e o centro-sentido de si mesmo, ainda assim considerando o planeta em que se vive e o que se deseja dele.
Aqueles que acreditam em honra própria, em vingança, em olho por olho e dente por dente, sinceramente, estas pessoas precisam “dar um update” para se atualizarem; por favor, pessoas de maior grau de consciência que convivem com os mais simples e ignorantes de nosso planeta, lhes deem uns toques no sentido de que, hoje e sempre, avisar-lhes que a Terra deve ir à frente (adelante!) e não para traseira.
Quem quer que pense em princípios errôneos como do “Fazer Justiça com as Próprias Mãos” e viço, e orgulho, mas ora, mas vá, que tolice, se está em Terra de Reparações nada disto mais faz sentido, não é mesmo? Como diz a delegada e o criminoso: Gratidão.
Mas com o melhor e o pior (Nietzsche, 2010) dá para se entender, também, um ponteiro de controller, que oscila entre a esquerda e a direita, a fim de atingir o seu centro.
Quem se afirma só da direita, como certos dogmas evangélicos pretensos religiosos, de uma crença que exibi não permitir às mulheres cortar os cabelos nem depilarem-se, tal como igualmente devem apenas usar roupas que cubram o corpo todo; porém, que os homens podem fazer aquilo que quiserem – desde que tenham o cabelo curto e a barba feita, mas senhores, quem ainda crê nisso? No véu? Mas tudo o que é culto não deve ser desvelado, segundo o próprio Jesus? Quem confia?
Devem ser os mesmos que se acham que são os do lado direto das coisas. E os mesmos que ocultamente agregam os da pura-esquerda (contravenção e crime, aqui) em suas seitas, para que ninguém desconfia que a delinquência esteja interligada a estas “certas” crenças.
Por isto, há que se ter em cada igreja, evangélica, principalmente, porque católicos já tem os padres com formação específica e os espiritas já são instruídos pelas entidades que eles aceitam e prestam atenção, um psicólogo, no mínimo; isto para orientar, se não os fiéis, mas aos pastores, obreiros, servos, desculpe-me a ausência de conhecimento destes termos; mas a única coisa que venho a afirmar aqui é que as igrejas devem ter um psicólogo ou um psiquiatra, ou ambos, para orientarem as pessoas que orientam os fiéis desta igreja, no mínimo, principalmente as igrejas menorzinhas ou de menor representação estatística, segundo dados oficiais.
Como diz Kant (2015):
Um homem pode dissimular o quanto quiser, para dourar perante si mesmo um comportamento ilegal do qual se recorda, e declara-se não culpado a seu respeito, como se se tratasse de um engano não premeditado e de um simples descuido que jamais se pode evitar totalmente [...]; ele descobre, contudo, que o advogado que fala em seu favor de modo algum consegue fazer calar o acusador nele, tão logo ele se dê conta de que no momento em que praticava a injustiça, estava em posse de seu juízo, isto é, no exercício de sua liberdade e, apesar disso, ele explica o seu delito a partir de certo mau hábito contraído por crescente abandono do cuidado para consigo [...]. Pois a vida dos sentidos tem, em relação à consciência inteligível de sua existência (da liberdade), unidade absoluta de um fenômeno, o qual, na medida em que contém simplesmente fenômenos da disposição concernente à lei moral (do caráter), tem que ser ajuizado não segundo a necessidade natural [...] mas segundo a espontaneidade absoluta da liberdade (KANT, 2015, p. 132).
Senhores, vejamos; já é bem tempo disto ser bem entendido e praticado. Ou seja, além do dissimular – que estávamos argumentando agora a pouco nesta postagem –, a contribuição de Kant (2015) ao presente texto fala ainda do necessário e da liberdade; Nietzsche (2010), oportunamente mencionado, fala do bom e belo, e que algumas coisas – como os seios das mulheres – são bons e belos ao mesmo tempo.
Nas coisas que podemos optar por fazer ou não, deve-se entendê-las como dever ou como prazer; deve, ainda, ser notada que na época de Kant não era associável à ideia de trabalhar e ter prazer ao mesmo tempo, porque o trabalho era algo onerante, hoje há quem já entenda o trabalho como um exercício físico ou intelectual edificante e construtivo e isto é algo bom e belo também, ou necessário e de liberdade, inclusive. Assim, para evitar confundir o bom como o errado e vice-e-versa, primeiro, deve-se questionar: isto é bom ou belo, ou seja, é necessário ou é de liberdade?
O caráter moral do ser deve ser alicerceado na liberdade da razão do próprio ser e não nas suas necessidades naturais (Kant, 2015).
Tudo que é imposto, ou que se espera, e que tem que acontecer é geralmente um dever, se não for dever, é algo que pertence a fanáticos; por exemplo, se sou um fiscal, tudo bem eu analisar quem está consumindo muita água, se está tocando a sua empresa sem a emissão das notas fiscais e os lançamentos tributários e etc.; assim se sou fiscal, este é meu dever, agora se não sou fiscal e começo a observar estas coisas e mesmo me irritar enquanto estou andando pelas ruas e vejo tudo isto, então já não é dever, é um gozo, um prazer – que (se assim for) subvertido, traz mais dor de cabeça e desconforto do que gosto e prazer. E se fosse fiscal e mesmo assim realizasse isto nas horas vagas, certamente, mais coisas de fanáticos ou desiquilibrados seriam, e volta-se na questão da falta de autocontrole.
E nisto se ramificou os erros que se propagam como verdade pelo perverso. O crime, bem como algumas seitas ditas evangélicas (mas que apenas gostam de se segregar e dividir a sociedade), quer se impor pelo medo, pela dor, pela subvenção e etc.; por isto, temos que insistir no esclarecimento, na paz, no belo, no bom, no necessário, no útil, no prazer e no equilíbrio.
Kant escreveu seu último livro “À Paz Perpétua”, que foi publicado pela primeira vez em 1795, na Alemanha, prevendo os sistemas de direito e legislação internacional como sinônimo de Paz; evidentemente, o mundo contemporâneo deve MUITO a Kant. Enfim, neste livro, no segundo suplemento, no artigo secreto para a paz perpétua, se lê assim:
Um artigo secreto nas negociações do direito público é objetivamente considerado, segundo seu conteúdo, uma contradição; subjetivamente, porém, julgado segundo a qualidade da pessoa que o dita, pode bem ter lugar aí um segredo, que ela acharia comprometedor para sua dignidade anunciar-se publicamente como [sendo] seu autor. O único artigo desse tipo está contido na proposição: “as máximas dos filósofos sobre as condições de possibilidades da paz pública devem ser consultadas pelos Estados equipadas para a guerra” (KANT, 2016, p. 54-55).
O segredo da Paz para Kant (2016) são as máximas filosóficas, convocadas pelos gestores de Estado, tal como se fossem épocas de guerra – ou seja, com sigilo, tino, talvez meandros e condições e etc. O próprio autor (Kant, 2016) afirma que este artigo secreto, de seu livro, é mais uma contradição; mas, cá para nós, faz todo o sentido. Quem sabe da paz são os filósofos, não os reis ou os presidentes. Porque é dada a sabedoria aos filósofos, lembre-se da citação de Nietzsche, sempre.
Por exemplo, a paz é do homem; enquanto as pessoas a esperarem de Deus – dizerem, não a PAZ é de Deus! –, então ela nunca vai ser dos homens; porque nós temos que fazer a nossa parte pela paz, e aguardar, que um dia ela vem; e claro, ter sistemas e regras legislativas claras, justas; e, apenas dar a permitir que as nações ajam dentro daquilo que é entendido como o conceito de dignidade humana.
Sinto muito a quem torce pelo fim dos tempos, a quem quer a barbárie e o terror, a quem deseja se impor pelo medo, pelo ódio ou pela dor (seja física ou psicológica), mas há bastante tempo, pessoas como os autores citados nesta postagem, como Kant, Kardec e Nietzsche se esforçam para auxiliar na contribuição à evolução da humanidade; e mesmo que Guerras Mundiais, Bombas Atômicas, poluição mundial e graves crises tenham sucedido desde que essas ideias (aqui, também defendidas) foram tornadas públicas, o importante é que se observa um esforço para que o planeta tenha um equilíbrio; e mesmo no caso mais recente de poluição ambiental em nível mundial, está sim sendo dispendido bastante esforços para que estas situação se altere e as coisas se normalizarem; ou seja, a Terra está evoluindo sim, e não estamos regressando no tempo, não, mas sim, avançando-o, mais ou menos adequado, de acordo com o desenvolvimento da região que vivemos e nosso próprio desenvolvimento intelectual.
Claro que existe dor, sempre existiu. O próprio Nietzsche (2010), diz não se dá a luz por gosto. É uma dor, viver é isto. Mas hoje, em dia, já temos o parto sem dor, e mesmo o parto humanitário (desculpem-me, mais uma vez, a carência de termos neste sentido), que vem justamente a amenizar o fardo do “dar a luz” de uma criança ao mundo.
E nasce para saber: o que vai e o que não vai aprender? Se ele nasceu para ser violento e infame, provavelmente não se contenderia na calmaria e na alegria. Já há quem veio ao mundo para aprender e educar, é quem se compraz em estudar e, mais ainda, em lecionar, evidentemente; isto é até retumbante. E retumba.
E o que (ele / ela) vai ser? Ai, nem dever, nem necessidade, nem ética, nem moralidade, nem ilegalidade, nem nada: vai ser o que puder ser; isto é, o que é, e se tiver um lugar que o couber. Porque nem todas as coisas são dadas neste tempo, veja o exemplo de Kant, em que algumas de suas ideias ainda nem são aceitas e ainda existem países que confundem os sentidos das razões práticas e puras, e assim, confundem todo o sistema legal de suas nações – com uma política moralista, isto é, que quer impor uma dada visão de um grupo ao mundo ou ao país – e que não está de acordo com as rígidas regras de pensamento e lógica.
Ou seja, as pessoas são o que elas podem ser e aquilo que o tempo e o espaço em que vivem ou são aceitas também possibilitam que elas, as pessoas, sejam.
Por minha parte, aqui, mesmo com minhas afrontações, e as provações que vim a sofrer, eu sigo, com fé no Mais Alto de que tudo tem um porque, que nem sempre, podemos também conhecer. Mas confiante, estou, que tudo se altera para o melhor e para o nosso conforto; inclusive um conforto para continuar uma leitura tal como a que segue:
Abriu caminho em frente tomado pelo nervosismo, afetando uma pressa ainda maior e consciente dos sorrisos e dos olhares e cutucões que sua cabeça empoada deixava para trás. Quando chegou aos degraus encontrou a família esperando-o junto à primeira lanterna. De relance percebeu que todas as figuras do grupo eram familiares e correu irritado escada abaixo. _ Preciso dar um recado na George’s Street, disse apressadamente ao pai. Vou para casa mais tarde. Sem esperar as perguntas do pai atravessou a estrada correndo e pôs-se a correr alucinadamente morro abaixo. Mas sabia para onde estava indo. O orgulho e a esperança e o desejo eram como ervas maceradas no coração soltaram vapores de um incenso enlouquecedor ante os olhos da mente [...] Os vapores erguiam-se ante os olhos angustiados em nuvens densas e enlouquecedoras e continuavam a subir até que o ar estivesse mais uma vez límpido e frio. [...] Ele parou e lançou um olhar para a varanda sombria do necrotério e de lá para a estreita passagem calçada ao lado. Viu a palavra Lotts na parede que ladeava a passagem e inspirou lentamente o ar pesado e pungente. _ É mijo de cavalo e palha podre, pensou. Um odor bom de respirar. Vai acalmar o meu coração. Meu coração agora está calmo. Já posso voltar. (JOYCE, 2016, p. 88-89).
Enfim, deve-se buscar aquilo que nos acalenta. Ou, na dúvida entre o conforto e a necessidade (após saber se é mesmo um dever ou um prazer), deve-se, sempre, quando possível, optar pelo prazer / conforto; e que não fira ninguém, física ou psicologicamente.
Todavia, em nível de personalidade, de psique de cada um é que se reside o bem-estar do coletivo, e há que se notar o fator subjetivo da paz; ou seja, que cada um enxerga a paz como pessoal de si mesmo, como uma visão pessoal; onde, a paz de um pode ser a algazarra, e, a paz de outros, a tranquilidade. Por isto, que de acordo com Kant (2016) é correto, a nós deste blogue, afirmarmos que a Paz, também, prove de leis atuais e justas, que atualizando isto para nosso tempo, que venham a garantir a dignidade e a pessoalidade do ser humano. Mas claro, sem permitir que abusos e excessos sejam acometidos em nome disto. Complementado: Leis atuais e justas, e naturais, se possível.
Desejo aprender a paz, de mim para com cada um, e, (a paz) de cada um para comigo. Eu tive a oportunidade de escolher a briga, mas eu optei por apenas executar meu direito de cidadão, de apenas fazer e deixar de fazer algo em virtude da necessidade ou do prazer (lembrando que “prazer” aqui quer dizer: poder escolher por fazer ou não fazer tal coisa – ou seja, não quero estressar-me com uma dada situação porque posso realizar outra coisa enquanto eu faria aquilo que me estressa ou intenta por estressar). A paz e um sorriso. Obrigado, leitor. Agradeço a sua companhia. Muito Obrigado.
E em relação àqueles velhos conceitos e aquelas velhas rixas, históricas ou não, aconselho-os, a quem assim interessar, a analisar as situações sobre o olhar de soslaio perceptível pelos outros lados, e tentarem perceber como eles percebem; afinal tanto eles, quanto nós formamos a humanidade. Ou não formamos? #Peace #Paz
Bibliografia
JOYCE, James. Retrato do Artista Quando Jovem. Tradução de Guilherme da Silva Braga. São Paulo: Media Fashion, 2016.
KANT, Immanuel. A Crítica da Razão Prática. Tradução de Valério Rohden. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2015.
______. À Paz Perpétua. Tradução de Marco Zingano. Reimpressão. Porto Alegre (RS): L&PM, 2016.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 56.ª Edição. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1986.
NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. Tradução de Alex Marins. 4.ª Reimpressão. São Paulo: Martin Claret, 2010.
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