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Lições

Lições que se aprende e que não se aprende.


Ele é bom, humano e benevolente para com todos, sem preferência de raças nem de crenças, porque vê irmãos em todos os homens. Respeita, nos outros, todas as convicções sinceras, e não lança o anátema àqueles que não pensam como ele. Em todas as circunstâncias, a caridade é seu guia; diz a si mesmo que aquele que leva prejuízo a outrem por palavras malévolas, que fere a suscetibilidade e alguém por seu orgulho e seu desdém, que não recua a ideia de causar uma inquietação, uma contrariedade, ainda que leve, quando pode evita-lo, falta ao dever de amor ao próximo, e, não merece a clemência do Senhor. Não tem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios; porque sabe que lhe será perdoado como ele próprio houve perdoado [ou como ele próprio concedeu o perdão] (KARDEC, 1986, p. 222).


Não há mais tempo para farsas, mesmo as dissimuladas que se simulam assim para que se aparecessem como a grande verdade, não há; porque a revelação ou qualquer conceito que de tão intangível e antigo, tornou-se obsoleto e empoeirado, ficaram relegados a si mesmos. E parece que a mais ninguém importa ou sequer interessa.
As pessoas esperam o passado, mas esquecem-se que o mundo vai pra frente e não para trás, o relógio vai no sentido horário, e não no anti-horário, enfim, assim se vai o fluxo do tempo.
Nietzsche (2010) dedicou seu tempo em afirmar que “o homem é mal – assim falavam os outros sábios uns aos outros para consolo meu –; ai se isso fosse verdade ainda hoje! Que o mal é a melhor força do homem” (NIETZSCHE, 2010, p. 240). Obviamente isto significa uma ironia e uma falácia proposital, porque na sequência, Nietzsche (2010) vem a afirmar que “o homem deve-se fazer melhor e pior” (NIETZSCHE, 2010, p. 240).
Ou seja, é aquilo que afirmo; que, de fato, é aquilo também que algumas pessoas consideram inalcançáveis e / ou utópica; que é o controle, e aqui nem falo de empresa ou governos, mas sim falo do autocontrole pessoal, o equilíbrio, a harmonia e o centro-sentido de si mesmo, ainda assim considerando o planeta em que se vive e o que se deseja dele.
Aqueles que acreditam em honra própria, em vingança, em olho por olho e dente por dente, sinceramente, estas pessoas precisam “dar um update” para se atualizarem; por favor, pessoas de maior grau de consciência que convivem com os mais simples e ignorantes de nosso planeta, lhes deem uns toques no sentido de que, hoje e sempre, avisar-lhes que a Terra deve ir à frente (adelante!) e não para traseira.
Quem quer que pense em princípios errôneos como do “Fazer Justiça com as Próprias Mãos” e viço, e orgulho, mas ora, mas vá, que tolice, se está em Terra de Reparações nada disto mais faz sentido, não é mesmo? Como diz a delegada e o criminoso: Gratidão.
Mas com o melhor e o pior (Nietzsche, 2010) dá para se entender, também, um ponteiro de controller, que oscila entre a esquerda e a direita, a fim de atingir o seu centro.
Quem se afirma só da direita, como certos dogmas evangélicos pretensos religiosos, de uma crença que exibi não permitir às mulheres cortar os cabelos nem depilarem-se, tal como igualmente devem apenas usar roupas que cubram o corpo todo; porém, que os homens podem fazer aquilo que quiserem – desde que tenham o cabelo curto e a barba feita, mas senhores, quem ainda crê nisso? No véu? Mas tudo o que é culto não deve ser desvelado, segundo o próprio Jesus? Quem confia?
Devem ser os mesmos que se acham que são os do lado direto das coisas. E os mesmos que ocultamente agregam os da pura-esquerda (contravenção e crime, aqui) em suas seitas, para que ninguém desconfia que a delinquência esteja interligada a estas “certas” crenças.
Por isto, há que se ter em cada igreja, evangélica, principalmente, porque católicos já tem os padres com formação específica e os espiritas já são instruídos pelas entidades que eles aceitam e prestam atenção, um psicólogo, no mínimo; isto para orientar, se não os fiéis, mas aos pastores, obreiros, servos, desculpe-me a ausência de conhecimento destes termos; mas a única coisa que venho a afirmar aqui é que as igrejas devem ter um psicólogo ou um psiquiatra, ou ambos, para orientarem as pessoas que orientam os fiéis desta igreja, no mínimo, principalmente as igrejas menorzinhas ou de menor representação estatística, segundo dados oficiais.
Como diz Kant (2015):

Um homem pode dissimular o quanto quiser, para dourar perante si mesmo um comportamento ilegal do qual se recorda, e declara-se não culpado a seu respeito, como se se tratasse de um engano não premeditado e de um simples descuido que jamais se pode evitar totalmente [...]; ele descobre, contudo, que o advogado que fala em seu favor de modo algum consegue fazer calar o acusador nele, tão logo ele se dê conta de que no momento em que praticava a injustiça, estava em posse de seu juízo, isto é, no exercício de sua liberdade e, apesar disso, ele explica o seu delito a partir de certo mau hábito contraído por crescente abandono do cuidado para consigo [...]. Pois a vida dos sentidos tem, em relação à consciência inteligível de sua existência (da liberdade), unidade absoluta de um fenômeno, o qual, na medida em que contém simplesmente fenômenos da disposição concernente à lei moral (do caráter), tem que ser ajuizado não segundo a necessidade natural [...] mas segundo a espontaneidade absoluta da liberdade (KANT, 2015, p. 132).

Senhores, vejamos; já é bem tempo disto ser bem entendido e praticado. Ou seja, além do dissimular – que estávamos argumentando agora a pouco nesta postagem –, a contribuição de Kant (2015) ao presente texto fala ainda do necessário e da liberdade; Nietzsche (2010), oportunamente mencionado, fala do bom e belo, e que algumas coisas – como os seios das mulheres – são bons e belos ao mesmo tempo.
Nas coisas que podemos optar por fazer ou não, deve-se entendê-las como dever ou como prazer; deve, ainda, ser notada que na época de Kant não era associável à ideia de trabalhar e ter prazer ao mesmo tempo, porque o trabalho era algo onerante, hoje há quem já entenda o trabalho como um exercício físico ou intelectual edificante e construtivo e isto é algo bom e belo também, ou necessário e de liberdade, inclusive. Assim, para evitar confundir o bom como o errado e vice-e-versa, primeiro, deve-se questionar: isto é bom ou belo, ou seja, é necessário ou é de liberdade?
O caráter moral do ser deve ser alicerceado na liberdade da razão do próprio ser e não nas suas necessidades naturais (Kant, 2015).
Tudo que é imposto, ou que se espera, e que tem que acontecer é geralmente um dever, se não for dever, é algo que pertence a fanáticos; por exemplo, se sou um fiscal, tudo bem eu analisar quem está consumindo muita água, se está tocando a sua empresa sem a emissão das notas fiscais e os lançamentos tributários e etc.; assim se sou fiscal, este é meu dever, agora se não sou fiscal e começo a observar estas coisas e mesmo me irritar enquanto estou andando pelas ruas e vejo tudo isto, então já não é dever, é um gozo, um prazer – que (se assim for) subvertido, traz mais dor de cabeça e desconforto do que gosto e prazer. E se fosse fiscal e mesmo assim realizasse isto nas horas vagas, certamente, mais coisas de fanáticos ou desiquilibrados seriam, e volta-se na questão da falta de autocontrole.
E nisto se ramificou os erros que se propagam como verdade pelo perverso. O crime, bem como algumas seitas ditas evangélicas (mas que apenas gostam de se segregar e dividir a sociedade), quer se impor pelo medo, pela dor, pela subvenção e etc.; por isto, temos que insistir no esclarecimento, na paz, no belo, no bom, no necessário, no útil, no prazer e no equilíbrio.
Kant escreveu seu último livro “À Paz Perpétua”, que foi publicado pela primeira vez em 1795, na Alemanha, prevendo os sistemas de direito e legislação internacional como sinônimo de Paz; evidentemente, o mundo contemporâneo deve MUITO a Kant. Enfim, neste livro, no segundo suplemento, no artigo secreto para a paz perpétua, se lê assim:

Um artigo secreto nas negociações do direito público é objetivamente considerado, segundo seu conteúdo, uma contradição; subjetivamente, porém, julgado segundo a qualidade da pessoa que o dita, pode bem ter lugar aí um segredo, que ela acharia comprometedor para sua dignidade anunciar-se publicamente como [sendo] seu autor. O único artigo desse tipo está contido na proposição: “as máximas dos filósofos sobre as condições de possibilidades da paz pública devem ser consultadas pelos Estados equipadas para a guerra” (KANT, 2016, p. 54-55).

O segredo da Paz para Kant (2016) são as máximas filosóficas, convocadas pelos gestores de Estado, tal como se fossem épocas de guerra – ou seja, com sigilo, tino, talvez meandros e condições e etc. O próprio autor (Kant, 2016) afirma que este artigo secreto, de seu livro, é mais uma contradição; mas, cá para nós, faz todo o sentido. Quem sabe da paz são os filósofos, não os reis ou os presidentes. Porque é dada a sabedoria aos filósofos, lembre-se da citação de Nietzsche, sempre.
Por exemplo, a paz é do homem; enquanto as pessoas a esperarem de Deus – dizerem, não a PAZ é de Deus! –, então ela nunca vai ser dos homens; porque nós temos que fazer a nossa parte pela paz, e aguardar, que um dia ela vem; e claro, ter sistemas e regras legislativas claras, justas; e, apenas dar a permitir que as nações ajam dentro daquilo que é entendido como o conceito de dignidade humana.
Sinto muito a quem torce pelo fim dos tempos, a quem quer a barbárie e o terror, a quem deseja se impor pelo medo, pelo ódio ou pela dor (seja física ou psicológica), mas há bastante tempo, pessoas como os autores citados nesta postagem, como Kant, Kardec e Nietzsche se esforçam para auxiliar na contribuição à evolução da humanidade; e mesmo que Guerras Mundiais, Bombas Atômicas, poluição mundial e graves crises tenham sucedido desde que essas ideias (aqui, também defendidas) foram tornadas públicas, o importante é que se observa um esforço para que o planeta tenha um equilíbrio; e mesmo no caso mais recente de poluição ambiental em nível mundial, está sim sendo dispendido bastante esforços para que estas situação se altere e as coisas se normalizarem; ou seja, a Terra está evoluindo sim, e não estamos regressando no tempo, não, mas sim, avançando-o, mais ou menos adequado, de acordo com o desenvolvimento da região que vivemos e nosso próprio desenvolvimento intelectual.
Claro que existe dor, sempre existiu. O próprio Nietzsche (2010), diz não se dá a luz por gosto. É uma dor, viver é isto. Mas hoje, em dia, já temos o parto sem dor, e mesmo o parto humanitário (desculpem-me, mais uma vez, a carência de termos neste sentido), que vem justamente a amenizar o fardo do “dar a luz” de uma criança ao mundo.
E nasce para saber: o que vai e o que não vai aprender? Se ele nasceu para ser violento e infame, provavelmente não se contenderia na calmaria e na alegria. Já há quem veio ao mundo para aprender e educar, é quem se compraz em estudar e, mais ainda, em lecionar, evidentemente; isto é até retumbante. E retumba.
E o que (ele / ela) vai ser? Ai, nem dever, nem necessidade, nem ética, nem moralidade, nem ilegalidade, nem nada: vai ser o que puder ser; isto é, o que é, e se tiver um lugar que o couber. Porque nem todas as coisas são dadas neste tempo, veja o exemplo de Kant, em que algumas de suas ideias ainda nem são aceitas e ainda existem países que confundem os sentidos das razões práticas e puras, e assim, confundem todo o sistema legal de suas nações – com uma política moralista, isto é, que quer impor uma dada visão de um grupo ao mundo ou ao país – e que não está de acordo com as rígidas regras de pensamento e lógica.
Ou seja, as pessoas são o que elas podem ser e aquilo que o tempo e o espaço em que vivem ou são aceitas também possibilitam que elas, as pessoas, sejam.
Por minha parte, aqui, mesmo com minhas afrontações, e as provações que vim a sofrer, eu sigo, com fé no Mais Alto de que tudo tem um porque, que nem sempre, podemos também conhecer. Mas confiante, estou, que tudo se altera para o melhor e para o nosso conforto; inclusive um conforto para continuar uma leitura tal como a que segue:

Abriu caminho em frente tomado pelo nervosismo, afetando uma pressa ainda maior e consciente dos sorrisos e dos olhares e cutucões que sua cabeça empoada deixava para trás. Quando chegou aos degraus encontrou a família esperando-o junto à primeira lanterna. De relance percebeu que todas as figuras do grupo eram familiares e correu irritado escada abaixo. _ Preciso dar um recado na George’s Street, disse apressadamente ao pai. Vou para casa mais tarde. Sem esperar as perguntas do pai atravessou a estrada correndo e pôs-se a correr alucinadamente morro abaixo. Mas sabia para onde estava indo. O orgulho e a esperança e o desejo eram como ervas maceradas no coração soltaram vapores de um incenso enlouquecedor ante os olhos da mente [...] Os vapores erguiam-se ante os olhos angustiados em nuvens densas e enlouquecedoras e continuavam a subir até que o ar estivesse mais uma vez límpido e frio. [...] Ele parou e lançou um olhar para a varanda sombria do necrotério e de lá para a estreita passagem calçada ao lado. Viu a palavra Lotts na parede que ladeava a passagem e inspirou lentamente o ar pesado e pungente. _ É mijo de cavalo e palha podre, pensou. Um odor bom de respirar. Vai acalmar o meu coração. Meu coração agora está calmo. Já posso voltar. (JOYCE, 2016, p. 88-89).

Enfim, deve-se buscar aquilo que nos acalenta. Ou, na dúvida entre o conforto e a necessidade (após saber se é mesmo um dever ou um prazer), deve-se, sempre, quando possível, optar pelo prazer / conforto; e que não fira ninguém, física ou psicologicamente.
Todavia, em nível de personalidade, de psique de cada um é que se reside o bem-estar do coletivo, e há que se notar o fator subjetivo da paz; ou seja, que cada um enxerga a paz como pessoal de si mesmo, como uma visão pessoal; onde, a paz de um pode ser a algazarra, e, a paz de outros, a tranquilidade. Por isto, que de acordo com Kant (2016) é correto, a nós deste blogue, afirmarmos que a Paz, também, prove de leis atuais e justas, que atualizando isto para nosso tempo, que venham a garantir a dignidade e a pessoalidade do ser humano. Mas claro, sem permitir que abusos e excessos sejam acometidos em nome disto. Complementado: Leis atuais e justas, e naturais, se possível.
Desejo aprender a paz, de mim para com cada um, e, (a paz) de cada um para comigo. Eu tive a oportunidade de escolher a briga, mas eu optei por apenas executar meu direito de cidadão, de apenas fazer e deixar de fazer algo em virtude da necessidade ou do prazer (lembrando que “prazer” aqui quer dizer: poder escolher por fazer ou não fazer tal coisa – ou seja, não quero estressar-me com uma dada situação porque posso realizar outra coisa enquanto eu faria aquilo que me estressa ou intenta por estressar). A paz e um sorriso. Obrigado, leitor. Agradeço a sua companhia. Muito Obrigado.
E em relação àqueles velhos conceitos e aquelas velhas rixas, históricas ou não, aconselho-os, a quem assim interessar, a analisar as situações sobre o olhar de soslaio perceptível pelos outros lados, e tentarem perceber como eles percebem; afinal tanto eles, quanto nós formamos a humanidade. Ou não formamos? #Peace #Paz


Bibliografia

JOYCE, James. Retrato do Artista Quando Jovem. Tradução de Guilherme da Silva Braga. São Paulo: Media Fashion, 2016.

KANT, Immanuel. A Crítica da Razão Prática. Tradução de Valério Rohden. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2015.

______. À Paz Perpétua. Tradução de Marco Zingano. Reimpressão. Porto Alegre (RS): L&PM, 2016.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 56.ª Edição. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1986.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. Tradução de Alex Marins. 4.ª Reimpressão. São Paulo: Martin Claret, 2010.



Vídeo You Tube: Coral Sem Fôlego, by Philips


Feudos e Conventículos Modernos


Do Barro ao Sarro: De os Feudos e os Conventículos Modernos

“Aqui cabe o antigo verso:
semel emissum volat irrevocabile verbum”
[(isto é,) tão logo que é emitida a palavra – verbo -  ela se volatiliza irrevogavelmente] (KIERKGAARD, 2015, p. 192).

“Se dão mostras de sábios, horrorizam-me com suas pequenas sentenças e verdade: a sua sabedoria cheira amiúde como se saísse de um pântano, e indubitavelmente já nele ouvi cantar as rãs. São destros e tem dedos hábeis [ágeis]; que tem a ver a minha simplicidade com a sua complexidade? Os seus dedos entendem à maravilha tudo quanto seja fiar, ajuntar, tecer; assim tanto que fazem as meias de ESPÍRITO. São bons relógios – sempre que haja o cuidado de lhes dar corda. Indicam então a hora sem falar e com um ruído modesto [...]. Olham os dedos uns dos outros com desconfiança. Inventivos em pequenas maldades, espreitam aqueles cuja ciência coxeia; espreitam-se como aranhas. Sempre os vi preparar veneno com precaução, tapando as mãos com luvas de cristal” (NIETZSCHE, 2010, p.115 – Dos Doutos).


EDITORIAL: Fevereiro de 2015.

Há muito mais de mim em mim do que se supõe de mim para mim.
Há bastante menos do diverso nos outros que só se repetem e se fecham.
Mas a minha inteligência também me fecha para os demais, afinal, quem vai saber igual?
Poxa a vida! É você aí quem sabe? Opa, vamos então nos falar de igual para igual, nesta postagem.

Certas coisas ainda me impressionam Muito. Tal como esta fonte, a GOUDY STOUT [e certas formatações de Hyper-Text]:
_ são marcadas, EXPLÍCITAS, E, AINDA ASSIM, MUITOS INSISTEM EM DIZER QUE NÃO EXISTEM OU QUE NÃO SÃO VALIOSAS; e quiçá, [quando] de bom humor, apenas questionam se é que elas têm algum valor, para eles; eles que são aqueles que TÊM cabeças de operários mecanizadoS e terceirizados, de um terceiro mundo quebrado por tanta corrupção e tolices (vaidades) que estimulam egos equivocados, enquanto deveriam se esforçar [e muito] por Se fazer pôr os corrigirem.
Mas deixemos que cada um siga seu caminho dentro das possibilidades de sua mentalidade; uma vez que de conflitos o mundo já está repleto e o que mais precisamos agora é de Mediação: soluções e apaziguamentos e não [precisamos] mais de lenha ou atiçamento nas fogueiras dos conflitos mundiais ou nacionais.
Nesta postagem de Livros do Edson, será tratada da questão da RUPTURA do Mundo, onde, estamos nos fechando em congregações maiores (feudos – grupos, associações, classes etc. – e regiões) ou em pequenas guildas ou nichos de resistências, que Soren Kierkegaard, segundo o meu entendimento, chamou de Conventículos – ou pequeníssimos ”conventos” ou locais de convenções e não conversões, sendo que a  primeira diz daquilo que se aceita como correto e convencional; e o segundo diz de quem se converte de um dogma – geralmente – para outro, quase sempre, antagônicos.
Leitores mais atenciosos devem ter percebido a relação [que há] entre o antigo aforismo “da palavra ao vento” (citado por Kierkegaard) e o pensamento de Nietzsche sobre os doutos, que são estas as duas citações que abrem este post; onde os doutos podem até mesmo pronunciar as suas palavras (e assim emitir uma mensagem ao mundo), mas de acordo com o teor delas, ou a quem elas se destinam, isto pode mais se assemelhar a um pântano, a uma corda mecânica ou um amontar de ideias e frases, do que ser algo realmente novo e que venha a se propagar pelo mundo e pelos homens. Esta postagem é sobre isto e muito mais. Mas antes, os agradecimentos.
Eu, o autor, gostaria de agradecer a todos vocês, leitores e visitantes desta página, pelos boom de visualizações que vocês criam, quando batem recordes de acesso (em um dia, ou mês e Total) neste blog, passando em muito de 50 ou 80 view em um dia; o que repito, isto é o que me faz enaltecer bastante, uma vez que não divulgo este blog exceto em minhas redes sociais e etc.; ou seja, nada disso Seria possível sem a interação e o clique de vocês, público, a outra ponta da mensagem que nós, escritores, deixamos ao mundo, onde sem vocês aqui neste blog, sinceramente, nós nunca iríamos ser vistos nem conhecidos, e nossas ideias, imagens, contabilidade e textos, igualmente, talvez seria posta em alguma gaveta do esquecimento em algum armário burocrático ou dogmáticos dos altos prédios de concreto e vidro (que sufocam a Terra). OBRIGADO pelo excelente janeiro 2016 em termos de View a este blog, muito Legal. Obrigado, pessoas da Rússia, USA, aqui do Brasil, gente da Ucrânia, da França, da região costeira-Atlântica da África, do Oriente Médio, e etc. Mais uma vez, meu maior e mais sincero MUITO OBRIGADO. E vamos lá. Vamos a este post. Boa leitura!



De os Feudos e os Conventículos Modernos

Inicialmente, vejamos mais duas citações (uma ainda não citada e outra já citada):
Na medida então que os círculos mais elevados (isso compreendido naturalmente no sentido de uma hierarquia espiritual) falam assim de maneira irônica, como os reis e os nobres falam francês para que o povo leigo não compreenda, nesta medida, a ironia está em vias de se isolar, ela não gostaria de ser compreendida pelo comum dos mortais. Por conseguinte, aqui a ironia não se anula a si mesma. Constitui apenas uma forma subordinada de vaidade irônica o desejar ter testemunhas para estar bem certo e seguro de si; e igualmente é apenas uma simples inconsequência, que a ironia tem em comum com todos os pontos de vista negativos – que ela, que por definição procura o isolamento, tente constituir uma sociedade e, incapaz, de se elevar à ideia de comunidade, se realize em conventículos. Mas há tão pouca unidade comunitária numa clique de irônicos quanto honestidade num Estado de ladrões (KIERKEGAARD, 2015, p. 192-193).

E, “Olham os dedos uns dos outros com desconfiança” (NIETZSCHE, 2010, p.115).
Estas duas (ideias, citações), por hora, nos bastam (mas leitores podem correlacionar com demais “quotes” destes post, por exemplo e à vontade). Enfim, a ideia do dedo de desconfiança é muito salutar e precisa, ainda mais hoje, com a biometria, com as impressões digitais online e etc. E mais, além da autenticidade de quem se diz ser que se é, os dedos de desconfiança podem dizer de pessoas de dedos amarelos que indicam hábitos de fumantes inveterados ou de hábito pior, de usuários de drogas (por exemplo); e ainda há o pior ainda, os que têm os dedos queimados, obviamente, um update pós-90 em referência ao crack – que tem a “mania” de queimar e deixar terrivelmente feio o dedo de seus usuários. Assim, Nietzsche diz muito bem dos dedos de desconfiança entre os doutos:
·        Dedo de Desconfiança: o básico, o saber se alguém é quem diz e / ou sabe aquilo que afirma ter conhecimento ou prática; como afirmado, acima, a biometria exige que os usuários de sistemas biométricos insiram seus dedos em aparelhos, ou apenas os pressionem em um superfície, a fim que ocorra o reconhecimento de identidade pela impressão digital;
·        Dedo Amarelo: indício de grave vício (ou vício leve, isto varia muito de cultura para cultura), seja um dedo amarelo em virtude de uso prolongado de fumo de corda, de cigarro, maconha, e etc.;
·        Dedo Queimado: indício de vício gravíssimo (quase sempre), pode ser em virtude de uso constante de crack ou heroína queimada (fumada, em cachimbos improvisados) e etc.;
·        Dedo Sujo: tem um sentido muito amplo; pode indicar denotação sexual, de classes trabalhistas, de subempregos, etc.; pode dizer ainda de hábitos, de falta de higiene, de falta de postura ou [falta] de credibilidade na hora de acusar ou prestar testemunho contra alguém ou alguma coisa.
Assim, os doutos, muito comum, podem se perderem em abstrações muito específicas, em longas questões sobre a originalidade e maiores detalhes sobre as origens e as aplicações das ideias e dos conceitos-complexos, por exemplo. E isto os atrapalha a si mesmos e quanto mais aos outros, que por vezes, não falam nem sabem a linguagem que os doutos usam para se comunicar. Por isto, Nietzsche disse que eles olham-se os seus dedos, de uns e de outros, com desconfiança. Os doutos são hábeis nos dedos, mas não admitem que outros [doutos] possam ser igualmente hábeis nos dedos sem um minucioso teste de critérios aleatórios... que venha a demonstrar metodologicamente a qual categoria de doutos aprovados (ou não) em testes aqueles outros pertencem.
O texto abaixo (delimitado por um quadro – tabela – e intitulado AOS NENS) fala de minha fase pré-acadêmica; aliás, fase marginal, verdade seja dita, ou seja, neste caso, trata-se de um texto, o baixo, que poderia até ter um certo valor literário, mas como foi escrito de modo muito underground, provavelmente, jamais seria aceita – por ninguém – como um texto dentro dos padrões; mas eu considero que o texto a seguir (após este texto aqui) tem algo precioso em si, como uma valiosa mensagem à humanidade, sim, senão a todos, ao menos, para alguns. E este é um exemplo algo que não inspiraria um dedo de desconfiança aos doutos, mas sim, quereriam me analisar todos os membros e demais componentes químicos e biológicos de minha-própria-carne nesta vida.
Feita a atualizações sobre o VS que existe entre o marginalismo, a meio acadêmico e científico, sendo em comum, a ambos, talvez apenas a desconfiança e o pertencimento ao gênero do que é humano, entende-se, após isto, que um passo natural a esta desconfiança e segregação por títulos ou trajetórias escolares, é o unir-se em seus iguais, o que já nos remete a citação de Kierkegaard.
Isto realmente faz muito sentido: (..) “e igualmente é apenas uma simples inconsequência, que a ironia tem em comum com todos os pontos de vista negativos – que ela, que por definição procura o isolamento, tente constituir uma sociedade e, incapaz, de se elevar à ideia de comunidade, se realize em conventículos” (KIERKEGAARD, 2015, p. 193). Quem se considera superior, ou que deva andar com uma casta, uma categoria, um tipo de pessoas e não com outros, de certo modo, faz tal como todos aqueles que se fecham aos demais e se abrem, apenas, para eles mesos e seus “iguais”, ou aos que são exatamente como eles, resguardadas algumas exceções de que não convêm falar agora. E Kierkegaard conclui assim após dizer de conventículos, “mas há tão pouca unidade comunitária numa clique de irônicos quanto honestidade num Estado de ladrões” (KIERKEGAARD, 2015, p. 193).
Ou seja, qual a utilidade dos ladrões à nação, uma vez que se são ladrões, não deveriam se fazer de políticos, senadores, governadores, deputados, presidentes, príncipes, o que fossem... se os ladrões estão na rua praticando seus roubos e furtos, o que fazem os políticos ladrões no poder, seria lá mesmo o lugar deles?
Os conventículos são os menores feudos do hoje em dia. Os feudos modernos são os conglomerados de famílias, tribos, religiões, partidos, classes, regiões unidas e etc. Se na idade média o feudo era a terra é a cultura (riqueza, sofrimento e abuso – que nem se comparam aos “abusos” causados depois do século XIX) da terra (Terra), agora, o feudo diz de ideologia e pensamentos semelhantes, que dizem se complementar. Mas será?
Do mesmo modo, a Ironia já foi considera algo positivo (e segundo o autor citado, base conceitual e padronizada da filosofia socrática); mas, como afirma Kierkegaard, dela percebe-se uma inconsequência negativa: “e igualmente é apenas uma simples inconsequência, que a ironia tem em comum com todos os pontos de vista negativos – que ela, que por definição procura o isolamento” (KIERKEGAARD, 2015, p. 193).
E por isto o título de post é Barro ao Sarro, isto se parece muito ao culto dos 4 idola de Bacon, as associações feudais – de qualquer época e em qualquer sentido – e se parece com o absurdo que se tornou a política brasileira, com os políticos sendo falsos, mentirosos, dissimulados, no fim das contas, “vivendo a tirar sarro da caro de barro do povo” enquanto eles [os políticos] fazem o que sempre (foi feito, o que sempre) fizeram aqui no Brasil: explorar, extrair riqueza de um lugar – comum de todos – e dá-la de propriedade a um ou outro – donos, mais apropriadamente pensando, tomadores dos bens desta terra – e deixar a nossa terra (e seu povo) pobre e fraca. Onde os donos da riqueza mandam e desmandam em quem depende deles, e o que se irá fazer contra quem manda em você, lhe dá emprego ou supostamente garante a sua segurança? Aqui, sempre foi assim, desde a colônia, na política do café com leite, e etc. Este, infelizmente é o Brasil. E sobre isto diz a teoria (compilação de conceitos) chamada d’ “O Barro ao Sarro”.
E esta ironia, essa falsa sabedoria, tão difícil de ser usada corretamente, e de ser percebida sem muito esforço ou sem uma entonação berrante em suas pronunciações ou escrita, mais infelizmente ainda, ela [tal conceito, teoria] é o comum, o “de praxe” da alta política (ou velha politicagem) brasileira; exceções, de um caso ou outro, raríssimas.
Kierkegaard quase foi reprovado em sua Tese de mestrado do Conceito de Ironia, e não para mim, pois, a mim, o livro dele é muito bem escrito, mas a banca examinadora fez sugestões ao texto, as quais não foram atendidas pelo autor; sem falar da questão da liberdade de não usar o latim (ou usá-lo) em alguns pontos do livro dele [que Kierkegaard queria alterar, porque o livro dele fala, na parte II, de se usar francês apenas para que o povo não entenda, quando de reis e políticos; mas o Rei Dinamarquês da época disse que ele deveria fazer a argumentação oral em latim, tal como era comum em sua época, ou seja ele teve “licença” de não usar latim em alguns pontos, assim podendo escrever em dinamarquês parcialmente sua obra].
Enfim, o que dizer disto senhores? Um texto original – e que definitivamente fundamentalizou e categorizou Sócrates e a Ironia - com potencial de abrir muitas outras revisões e correlações com as áreas, principalmente, da filosofia e da linguagem, mas que nada, éKierkegaard, e quem dele o sabe?
E volta-se assim aos questionamentos e trabalhos – mais ou bem elaborados – dos doutos que por vezes, podem ter até algum valor, mas que de tão específico e herméticos, como se pretenderá, com ele, que se achegue às MASSAS?
Do mesmo modo, se até os professores de Kierkegaard queriam alterar o texto dele, mas se estes mesmos professores pedissem que algumas de suas secretárias elaborasse um material de estudo para os respectivos aluno de cada professor, então tudo bem? Claro que não, a originalidade de Kierkegaard vale pouco, mas o mérito dos professores – que hipoteticamente podem ter material elaborado por outrem, como se deles fossem – valem muito mais?
Claro que não; o original vale muito mais, assim entendo. Mas, enfim...
 Isto ainda não é “jeitinho”, tal como aquele jeito de Barro & Sarro, em um livro dedicado a pura-Ironia? Ora, pois... Pois é, então.
Olha, talvez a maior ironia tenha sido esta mesma. Ou aquela outra logo ali, aquela que diz de a ironia praticada [pelos e / ou involuntariamente instigada de Kierkegaard aos...] pelos professores e pelo rei que não entenderam o pensamento avant-garde deKierkegaard de não usar latim e usar em seu texto (citado neste texto) o que hoje é considerada a estrutura padrão de textos dissertativos de mestrado [o que, nos remete, analogamente, ao livro de Zaratustra, tal como o próprio autor, Nietzsche, que não foi (foram) entendido(s) em seu tempo, e que ele ainda o é entendido pouco, muito pouco, hoje].
Moral: O que faz a gente pensar, comumente, que estas duas coisas, são uma só; ou que eles (os dois) é o mesmo [quando dois são um OU quando UM é DOIS]. E muitas vezes é assim mesmo.




AOS NENS – Original

(E editado para este post, devido ao alto teor pessoal desta mensagem):


Essa é mais uma mensagem minha à humanidade; sei que creem que eu não sai o que digo e que não sou diplomado no que exponho, isso pouco me vale, penso coisas piores deste mundo econômico, convencional, democrata e tirano. A aristocracia ainda sofrerá por convenções que só pregam a produção e o consumo, ambos, devidamente, especializados. Eu descobri o consenso feliz da vivência intelectual: é o não importar-se com conceitos, tradições filosóficas ou CAMINHOS. O que há é a inteligência prática precedente à prática; em outras palavras, o decidir sem saber (da decisão) que resulta na solução mais adequada; isto é uma espécie de intuição sem a consciência do que seja a intuição; o saber, sem o saber que se sabe – pro dom de fazer as coisas.
Isto não só existe mas disto eu provei (não da forma que queria, mas provei). Provei tal como se fosse que um adulto, numa ingênua e inocente alma de criança, soubesse exatamente tudo o que deveria ser sabido (por ele); tal como se soubesse sem antes ter tido de estudar e estudar antes, ainda, de começar a realizar a forma prática do saber. É uma verdade rebenta que arregaça os alicerces do empirismo (e olha que ou empírico e abstrato, mas claro, quem conheci não era / sou eu), é algo maior do que as classes doutorais, além de legisladores do “BEM” comum, superior às bem-feitorias sociais, pois sequer aparece ou sofre se não tem reconhecimento. A vida humana no sentido que nenhum epistemológico chegou perto; onde o homem trabalha, a mulher trabalha, os dois – juntos, óbvio – geram vida e sabem esperar, fazendo, enquanto esperam, o seus dia-a-dia. Nada de conflitos internos, a não ser sobre a minha presença (imunda companhia que só traz niilismo existencial, mundos sensíveis, inteligíveis e astrais ou o fugir da realidade aloprando-se e me crendo num mundo em que não há – um “planeta” em que nada mais exista a não ser fumaças, álcoois, solventes, ácidos e alucinógenos: isto realmente é decadente); minha presença imunda que pode acabar com a puerilidade do verdadeiro sentido do ser humano. Eu contamino a todos. Mas eu fui des-contaminado com esse ser que me disse:
Faiz [faça], isso sô. Ô Edsô [Edson]... onde ‘’ [você] tá... vem cá;vamô [vamos] lá [...]
Muitas vezes é melhor se entregar a algo do que a pensamentos. Seja e faça, seja para fazer. [...]
É quase um ser perfeito, esta pessoa, que conheci e que me ensinou estas coisas apenas de eu observá-la [, apenas com eu me dedicando em analisa-la e replicá-la]. Quase perfeito, se não fossem os preconceitos inoculados pelas instituições religiões e pela educação familiar e social. Mas na média este ser se salva, mesmo eu tendo posto minhas ideias hereges em sua mentalidade.
[~ O leitor deste blog deve ter em mente que eu tomava pinga e cerveja simultaneamente naquela época e isto, sem dúvida, me deixava de um modo na salutar, as chaves “[]” neste quadro-texto se referem já às adequações desta postagem ~].
Bem, eu agora escrevo jogando fora a falta que esta pessoa me faz quando tenho dúvidas sobre qual a melhor coisa a se fazer. Tal pessoa não é uma gênia, uma vez que eu lhe dava diversos conselhos e ensinei-lhe a não se apaixonar [...].
De qualquer forma, no fim das contas, é como diz Dostoievsky mesmo, em Crime e Castigo, ele é um bom homem ao passo que eu sou uma besta. Chega, minha máquina de escreveu deu tilt e parou de funcionar, a fita não roda e palavra alguma mais sai...
2005.






Sobre certo ponto de vista,
uma grande verdade pode não ser
dada como uma verdade
Mas como uma elaborada ironia.

Em qual ponto de um tempo atrasado
Ficou a estar presa a sua mentalidade?

Sabe do ódio e do fracasso
mas ainda deverá aprender a amar e aceitar.
Tenha já um pouco bem suficiente de si
e quase nada daquilo que não vai precisar.





Quadro 1: He can Only Hold Her – Amy Winehouse
Fonte: Imagem retirada da web e editada por edsonnando.
Transcrição: So He tries to pacify her; cause what’s inside her never die.


BIBLIOGRAFIA:

KIERKEGAARD, Soren. O Conceito de Ironia. Tradução de Álvaro Luis Montenegro Valls. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2015.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. 4° Edição. Tradução de Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 2010.



De Muitos Modos

De n Modos:
Como se vive um, ou outro, escritor e pesquisador (alternativos) no Brasil.





Faltando pouco mais de 144 horas para o ano de 2016, é chegada a hora de dizer algumas das últimas palavras – e isto quer dizer, aqui, também, consecutivamente, neste canal comunicativo – e postar algumas das últimas coisas que serão datadas originalmente de 2015.
Hoje, será abordado sobre o não-main-stream brasileiro, ou aquilo que não é convencionalmente aceito.
Vamos começar? Esta postagem é um texto simples, sem maiores recursos gráficos ou de HTML – exceção da arte que ilustra esta post, feito pelo autor –, é um texto que se pertencia a demonstrar alguns pontos importantes sobre a questão dos paradigmas e daquilo que foge a eles, dos dons e de como aproveitá-los. Certo? E por dizer em aproveitar, esperamos que vocês estejam aproveitando estas datas festivas da conclusão do corrente ano. Boa leitura e obrigado por visitar este blog.


Êeôo, vida de gado, povo marcado,  e, povo feliz!” – Zé Ramalho in Admirável Gado Novo [Zé Ramalho].

“Ô patrão, ô patrão, ô patrão, prenda o seu gado / na lavra tem um ditado / quem mata gado é jurado / missa de padre é latim / rapaz solteiro é letrado” – Martinho da Vila in Patrão, Prenda seu gado [Pixinguinha e João da Bahiana].


Será que são os patrões que nos impõem os padrões? Assim, onde, se eu tenho emprego fixo, salário certo no fim do mês, se sou heterossexual, se sigo uma crença ou um dogma, se participo deste ou daquele grupo, enfim, se isto é observado eu sou normal e feliz; se isto não acontece, então serei um maldito? Mas ora, que grande tolice tudo isto. Temos que respeitar e aceitar o diverso: as pessoas com algumas necessidades especiais, os doentes e necessitados, as pessoas mais simples e ignorantes, tal como os supra gênios incompreendidos, ou as minorias e os alternativos; todas estas pessoas ou estes paradigmas de pessoas devem ser aceitos e integrar a atual sociedade – é apenas assim que deve ser e se formar o mundo contemporâneo.
Todos temos que entender que a natureza é o diverso e não apenas um dado gabarito ou modelo. Não apenas os brancos, os de cada crença tradicional, não apenas os homens ou as massas, os militares, os políticos, que nada, masque nada disto, mas, sim, todos aqueles que formam o atual instante do mundo (em um dado tempo e espaço), ou, em uma palavra, a diversidade. Tomemos como exemplo, uma pessoa qualquer, como eu, o autor.
AFINAL: O que eu sou além de mim? Eu gosto muito de uma definição de Nietzsche, dos padrões, do que deve ser o comum e o aceito (motivo subentendido do alçar – dançar – sobre as suas próprias cabeças, isto, quer dizer do quebrar de preconceitos & limitações, e, etc.):

“XIX – [do O Homem Superior, ou O Homem Superado; Quarta Parte]
Elevai, elevai cada vez mais os vossos corações, meus irmãos! E não vos esqueçais também das pernas! Alçai também as pernas, bons bailarinos, e melhor ainda se vos sustentardes sobre as vossas cabeças!
Também animais pesados conhecem a ventura; há cambaios de nascimento que forcejam singularmente à maneira de um elefante que tentasse suster-se sobre a cabeça.
Mas vale estar doido de alegria do que de tristeza; vale mais dançar pesadamente do que andar claudicando. Aprendei, pois, comigo a sabedoria: até a pior da coisas tem dois reversos, até a pior das coisas tem pernas a bailar; aprendei, pois, vós, homens superiores, a afirmar-vos sobre boas pernas.
Esquecei a melancolia e todas as tristezas da populaça. Como hoje me parecem triste os arlequins plebeus. Mas isto hoje pertence a populaça” (NIETZSCHE, Friedrich; 2010, p. 245 – 246; in Assim Falou Zaratustra, 4ª Edição, Tradução de Alex Marins; São Paulo: Ed. Martin Claret).

Assim, é necessário evoluir e buscar outras (ou rebuscar as suas) metas e desejos a alcançar [CONTA PESSOAL DA SUA VIDA: aquilo, in-táctil-mente, a que quero alcançar-me – isto, em Investimentos-Próprio ou no Capital Pessoal de cada um]; assim, onde isto se aplica perfeitamente ao que o filósofo citado afirma com suas palavras, palavras tais como ‘afirmar-vos sobre boas pernas”” e “melhor ainda se vos sustentardes sobre as vossas cabeças” (Nietzsche, 2010; Obra Citada). E entendo isto categoricamente como o superar a si mesmo, o buscar do auto melhorar-se a priori em qualquer circunstância ou situação. Notemos, ainda, que o filósofo (e filólogo) citado faz importante distinção entre as tristezas da população e os arlequins plebeus, mas que isto, é mesmo da populaça (e, consequentemente, não é da filosofia).
Creio que este deveria ser o padrão e o comum da humanidade, buscar o melhor, o mais evoluído e aquilo de que apenas se espera que traga nos benefícios, a todos – pois superar-se a si mesmo, não é justamente podar as próprias arestas a fim de melhor contribuir para o conjunto social? Estar bem e disposta-mente sadio à vida social não é só o melhor para si, como o é, inclusive, para toda a sociedade (e evolução, creio). E não apenas os padrões de trabalho ligado à sacrifícios e esforços, com choro e murmúrios; enquanto que festas e paixões humanas desmedidas, estejam ligadas à felicidade e riso solto. Repetimos, apenas para ressaltar: que o melhor deveria ser superar-se e cura-se de meras vaidades e passatempos mundanos (que entretêm, ao mesmo tempo em que desgastam os seus praticantes, isto quando não os expõem em risco direto, inclusive com risco contra a suas próprias vidas).
É assim que dentro do padrão aceito, seja de sucesso, de harmonia, ou mesmo de conceitos de festas como natal e carnaval, há um desequilíbrio (maior ou menor), justamente, que surge nesta padronização, de modo que algumas práticas são “louváveis” e aceitas, enquanto que minorias ficam à mercê de suas próprias rotinas que nem se alteram e nem são respeitadas (nisto há comportamentos e ideias que se impõem, enquanto que reprimem demais ideias – contrárias as que se impõem); pois na impossibilidade do que fazer, acabam por tendo apenas que contentar-se em observar e ouvir aquilo que os demais propagam / fazem; onde, o uso de um padrão determinado, geralmente, traz conflito a quem é adepto de outra filosofia ou política de vida (em menor ou maior grau, em uma escala de irritante a letal).
Por isto, o padrão normal aceito, para nós, letrados e estudantes, é a evolução ou “o bailar sobre as nossas próprias cabeças” (Nietzsche, 2010). E cremos que assim deveria ser propagado e ser, de fato; mas, isto, não pode (nem deve) ser imposto, mas sim conquistado: o padrão do superar a si mesmo é para aqueles que já se desprenderam de demais anseios do instinto, por fim.
E além de superar a nós mesmos, devemos, impreterivelmente respeitar o outro, principalmente àqueles que têm opções e conceitos inteiramente diferentes dos nossos, pois se não os respeitarmos, entraremos em conflitos com aqueles que pensam e são diferentes de nós [e de nossos modos, dados por “aceitos” (ou, mais apropriadamente convenientes?), mas isto sempre gera mais conflitos e certames]. Deve-se se tolerar, mutuamente.
Se foi recorrido ao famoso filósofo prússico (atual Alemanha) para se dizer do que eu creio que somos enquanto nova humanidade (pós 2010), Nietzsche; de mesmo modo, recorremos a questões de intolerância clássica, para ilustrar estas “guerras” de religiões aqui no Brasil, a princípio, e recorremos a histórias do começo do Espiritismo, no interior de SP, dizendo de quão absurdo a não aceitação do outro pode nos fornecer pensamentos de pura irracionalidade.
Os fatos narrados a seguir, dizem, mais precisamente, da cidade de Matão – a mesma em que eu resido, desde minha nascença, há 34 anos –, porém no início do século XX, e, seus ilustres fundadores e moradores (especialmente, Schutel, Cairbar).

“O primeiro texto enfrentado por Cairbar Schutel foi com o folclórico vigário Antônio Cezarino, que, quando soube que ‘seu’ fiel estava se envolvendo com o espiritismo, mandou um recado a ele através de Belarmino de Castro, proprietário da linha de ‘trolley’ que unia os dois municípios [Mattão e Araraquara, interior de SP]:
‘Diga ao Schutel que eu vou a Matão especialmente para lhe dar uma surra de relho e ensiná-lo a nunca mais se meter com esse negócio de Espiritismo. [...]
Passados uns quinze dias, o padre calabrês foi de fato a Matão. Ao estacionar o “Trolley” em frente a farmácia, Schutel grita para D. Mariquinhas [sua esposa]: ‘Mariquinhas, prepara-se que vai haver barulho. O padre Cezarino está aí!’
Ledo engano... o valente vigário, solicita e prevenida-mente gritou já da porta: ‘Schutel, eu preciso que você me faça um curativo na mão. Acidentei-me na estrada e está sangrando muito’. [...]
Ele vinha caçando pelo caminho quando o ‘Trolley’ parou num córrego para os cavalos beberem água e descansarem. Nisso, um barulho no mato assustou os animais, que deram um tranco na carruagem, e o padre, que estava com uma das mãos apoiadas no cano da espingarda e a outra com o dedo no gatilho, disparou acidentalmente e feriu a própria mão”. [...]

“Já era de se prever um confronto ríspido entre católicos e espíritas quando selecionaram o violento padre João Batista van Esse para a paróquia de Matão. [...]
A disputa entre os dois começou através das páginas de ‘O Mattão’, jornal leigo da cidade, que publicou a polêmica religiosa, eivada de ofensas pessoais e tom agressivo da parte de padre Van Esse. [...]
O subserviente subdelegado Otávio Mendes, temeroso das consequências trágicas que tal confrontação poderia ter, dirigiu-se a Schutel e contou que o padre havia combinado com seus fiéis conduzir a procissão de sexta-feira santa até à frente do Centro Espírita e de lá atentar contra a Casa, incendiando-a.[...]
Muito bem. Então agora eu vou dar um conselho ao senhor [disse Schutel]. Como autoridade policial desta cidade, o senhor tome todas as providências cabíveis, porque eu vou abrir o Centro à hora de costume e vou pronunciar a palestra que já havia sido marcada ad-rede-mente. Caso aconteça alguma tragédia eu responsabilizarei o senhor. Meu centro não é clandestino, tem alvará, e vai continuar funcionando normalmente. [...]
Chegando o dia, ele abriu o Centro às dezenove horas e dispensou mulheres e crianças. Ficaram só os homens, já prevenidos do risco a que se exporiam, e receberam uma ordem: quando Cairbar desse um alerta, todos deveriam se jogar ao chão incontinenti.
[...] Cairbar, falava a todos os pulmões, num entusiasmo como poucas vezes se viu. [...]
A procissão começa a se aproximar do [Centro Espírita] ‘Amantes da Pobreza’ [...]. Entoavam suas cantigas e ladainhas, como de costume, com toda a certeza esquecidos de que iriam cometer um ato indigno, em nome Daquele que nos houvera dito que somos todos irmãos [...]. As vestes ‘sagradas’ serviam para ocultar punhais, porretes, pedras e revólveres. [...]
Quase em frente ao Centro, a procissão, entre excitada e agitada, aumenta o vozerio sob a batuta do vigário e desperta a ira do advogado Abel Fortes, chefe político temido, que morava nos arredores, e cuja esposa convalescia de difícil parto acometido naquele dia.
Apreensivo e indignado, o advogado, sobe num muro, [...] e fala, [...] ameaçando a responsabilizar o padre e seus acompanhantes se algo acontecesse à sua esposa e filho, além de lembrar contundentemente o desrespeito que estava se perpetrando contra a Constituição de 24 de fevereiro de 1891. E reiterou, que embora não fosse espírita e não tivesse procuração de Schutel para defendê-lo, que ele estava com a razão, pois agia dentro de seu direito de liberdade de expressão e religião.
E sua alocução foi tão violenta e exaltada e cheia de ameaças, que o povo, temeroso, começou a evacuar o local [...].
[...] Quase que indiferentes à algaravia que se processava lá fora, prosseguia a bela preleção de Cairbar Schutel.
[...] No dia seguinte, durante a sessão ele iria sofrer sérias admoestações dos Espíritos: ‘Schutel, então que belo cristão você está pretendendo ser? Você confiou em uma carabina e dois revólveres e se esqueceu de confiar em nós, aqui do outro lado [...]!
[...] A ordem que ele houvera dado para que todos se deitassem ao seu aviso, era devido a que, nas gavetas da mesa, ele trazia escondidos armas para proteger o centro na eventualidade de uma invasão. Caso acontecesse, ele pretendia defendê-lo até as últimas consequências.
[...] O padre Van Esse, depois do fiasco a que se expôs, foi transferido para Araraquara.”
(MONTEIRO, Eduardo Carvalho; GARCIA, Wilson; 2009, p. 53 – 54, e as páginas 59 – 62; in Cairbar Schutel, o Bandeirante do Espiritismo, 2ª Edição; Matão: Casa Ed. ‘O Clarim’).


Monteiro e Garcia (2009) demonstram que tragédias maiores poderiam acontecer se tais indisposições ou divergências de interesses e filosofias e dogmas (e comportamentos) tivessem sido legadas até as últimas consequências; apesar de tais rixas serem assuntos comuns no início do século XX – e final do século XIX, também – e o serem muito comum ainda hoje, infelizmente; mas repete-se, tais posturas são muito perigosas. Ter racismo, preconceito, ódio, não-aceitação, praticar bullying e demais práticas segregatícias só trazem mais divisões e incompreensões. Notaram a carga dramática que há nestes episódios citados?
E ainda, como é notável, recortei alguns trechos que considero de maior doutrinação, para evitar “usar” um texto de fim de ano, para tentar converter pessoas a fé espírita, não haveria problema nenhum nisto, mas o motivo deste texto /post não é este e por isto, abstive algumas partes de maior relevância espiritual, em respeito aos meus leitores de outras crenças diametralmente opostas ao espiritismo, mas é recomendado ao leitor do blog, que se interessou, conhecer este livro e demais obras espíritas (como os livro de Chico Xavier e a codificação clássica de Allan Kardec, Livros dos Espíritos, o Evangelho Segundo o Espiritismo, o Livro dos Médiuns, etc.); tal drama há ainda hoje em Matão, talvez não deste modo, como antes, como descrito mas há; tal “guerra” ainda existe quando um gay tem que esconder quem é verdadeiramente porque o pastor da igreja não vai aceitar, ou quando uma mulher divorciada é desprezada pela vizinhança e bairro; isto ainda existe na indiferença que temos pelos drogados, pelos mendigos e vagabundos (mas que fique claro: que estas três últimas categorias e classes de pessoas, podem ser concomitantes entre si, mas que a princípio, são igualmente distintas e isoladas entre si), onde são todas pessoas como nós, mas por algum motivo acreditam (os outros, os que formam os padrões que “devem” ser aceitos nos moldes deles) que eles – as minorias, os fora de padrões – são alienígenas ou malditos, apenas porque conservam suas “diferenças”; igualmente, ser escritor, ser artista, viver de arte e música no Brasil, tal como ser um pesquisador alternativo, um livre pensador (mas não iniciado cientificamente), é de certo modo um grande teste e um martírio sem paredes, pois, ora, quantos problemas, tristezas e sofrimentos, há guardados para quem segue estes caminhos “alternativos”, neste país? Muitos, problemas e dificuldades, sem dúvida, mas é como dizem: quanto maior o sofrimento (ou aquilo que se deve superar), mais se depura o ser e sua consciência; bem, assim esperamos. E sim, você que é comum e padronizado, pense um pouco em quanto sofrimento seus conceitos podem trazer aos diversos e diferentes. Por favor, pondere-se e tolere.
Percebe-se que há uma ligação entre a não aceitação das religiões e a intolerância (óbvio, desde a muito tempo) e o terrorismo, mais recentemente; o que isto causa, em si, é apenas uma humanidade cada vez fragmentada e não em uníssono aos anseios e necessidades que o PLANETA têm; se todos entendemos e amamos ao meus Deus – que como Jesus mesmo disse, é um só – porque estas guerras de argumentação de crença e lógica que existe entre os evangélicos VS os espíritas, ou ainda que existe entre os espíritas VS os católicos, os as intrigas entre o pessoal de um conga (Centro) de umbanda e outros, de quimbanda e etc.; o estado islâmico usa isto para manter os seus argumentos insanos a dizer que ocidente não aceita a religião Islã, e que os valores ocidentais são inteiramente distintos dos valores do oriente médio ou da lei do(s) Profeta(s), e etc. Jesus também já disse que amar a Deus sobre todas as coisas e amar o outro como a ti mesmo contém todas as leis e tudo sobre os profetas – e com certeza, o caminho deve ser por este sentido, mesmo.
Pois que o ódio não é vencido com mais ódio, mas todos sabem que o antônimo de ódio é o amor, é assim que se vence e não odiando mais do que eles nos odeiam; uma vez que isto, mais ódio, não ajuda em nada; em suma, deve-se ir ao foco do problema (as pobrezas, o mundo desigual e gritantemente contrataste, o não respeito a natureza, e etc.), e o foco tem ligação direta com todos os de fato, que de fato, alimentam este abismo ininteligível e preconceituoso de ódio e de raiva (e loucura!) entre as diferenças das concepções e das percepções de mundo (entre suas repulsas, repelências e uniões, entre as regiões) Oriental / Oriente Médio / Leste Europeu / Ocidental / América / África – entendo que para diminuir e acabar com tal abismo, deve-se tornar o mundo mais igual e mais tolerante; neste sentido, vejamos Voltaire (2015) em seu Tratado sobre a Tolerância.

“A Fé não se incute a golpes de espadas. (CerisiersSobre os reinados de Henrique VI e Luís XIII) [...]
Com a religião ocorre o mesmo que com o amor: a imposição nada consegue, a coerção muito menos; não há nada mais independente do que amar e crer. (Amelot de laHoussaie, a propósito das Cartas do Cardeal d’Ossat)
Se o céu vos amou o bastante para vos fazer ver a verdade, ele vos proporcionou uma grande graça; mas cabe aos filhos que têm herança do pai odiar os que não a tiveram? (Montesquieu, Espírito das Leis, liv. XXV)
Poderíamos fazer um livro enorme, composto apenas de semelhantes passagens. Nossas histórias, nossos discursos, nossos sermões, nossas publicações de moral, nossos catecismos, respiram todos, ensinam todos atualmente esse dever sagrado da indulgência. Por qual fatalidade, por qual inconsequência desmentiríamos na prática uma teoria que anunciamos todos os dias? [...] Há, portanto, mais uma vez, um absurdo na intolerância. Mas, dirão, os que têm interesse em atormentar as consciências não são absurdos” (VOLTAIRE; 2015, p. 86; in Tratado sobre a Tolerância; Tradução de Paulo Neves; São Paulo: Folha de S. Paulo).

Tratado original é de 1763, e foi escrito em virtude de morte de Jean Calas e de todos os outros pormenores envolvidos nesta questão (o livro é uma experiência por si só única, unido, então, ao caso real e chocante narrado em suas páginas, torna-se assim, um livro imortal). Mas Voltaire não era apenas um filósofo renomado e grande escritor; uma vez que em 1762 ele publica o livro Monseigneur le chancelier, que foi redigido por Voltaire, mas que é assinado por Donat Calas. O Traité sur la tolérance – Tratado sobre a Tolerância – é concluído em 1763, em abril, mas a sua difusão na França é complicada, devida a proibição do livro – que com este mesmo livro, Voltaire conseguiu alterar toda a opinião pública e jurídica, sobre esta questão, inclusive, dentro de sua própria época. Mais um livro que recomendamos ao leitor conhecer ou reler.
Enfim, é recomendado que se tolere, para que melhor se possa entender. Afinal, como podemos entender um poeta marginal, um trovador das filosofias niilistas ou um filósofo natural se não queremos nem ouvi-lo?
Para que finalmente possamos entender e apreciar profissões mais abstratas (e ou dogmas ou conceitos com os quais menos nos afeiçoamos), devemos, primeiramente, aceitar a condição e a posição do outro; e também, considerar que cada pessoa tem suas habilidades e aptidões específicas, e que para cada talento, há que haver suas respectivas ações ou valorizações de aproveitamento; e tudo isto em exercícios diários de aceitação e tolerância, de superação e  indulgência, a fim e buscarmos a real irmandade e a pacificação global.
Depois, deve-se dizer, ainda, que sobre a não aceitação de profissões como escritores ou mesmos as profissões mais tecnológicas e avançadas, isto pode ocorrer em virtude do medo do novo, de velhos conceitos equivocados, enfim, por motivos de desconfiança e receio. Mas, afirma-se que sim, há que haver um lugar para cada talento, ou então, o sujeito poderá estar com dificuldades de aproveitar as suas totais aptidões (ao menos, as aptidões mais latentes ou visíveis), onde então ele deve, imediatamente, se esforçar para achar outras atividades a fim de que possa ir se desenvolvendo (ou mesmo vivendo; ou sobreviver) enquanto que suas capacidades máximas não sejam inteiramente exploradas ou utilizadas.
E fatalmente, aquilo que você considera ser, é sim, muito importante. Porém, como diz, o Wagner de um texto de teatro meu (que está sendo transcrito a este blog na parte de teatro – Quem vai morar com o tio Carlos?) “Minha vontade nunca se realiza se a vontade dos outros assim não quiser”. Isto é um tanto niilista e fatalista, mas contém muito dos tempos individualistas e um tanto quanto frívolos em que vivemos; e para terminar, mais uma citação, agora do lendário álbum Clube da Esquina (1972), de Lô Borges e Milton Nascimento:

“Você queria ser o grande herói das estradas / tudo que você queria ser / sei de um segredo / você tem medo, só pensa agora em voltar / não fala mais da bota e no anel de Zapata / tudo o que você podia ser, sem medo” – Milton Nascimento in Tudo o que Você Podia Ser [Lô Borges e Márcio Borges].

Muito obrigado por acessar este blog; e que vocês tenham um 2016 exatamente como desejarem e fizeram por merecer; e sim, obrigado por manterem conexão comigo, em 2015, e que continuemos conectado, daqui pra frente. Sinto-me muito honrado sendo lido, ouvido e visto por vocês. Obrigado também por vocês que me acompanham desde há mais tempo... cheers long time!!!
Até mais. Muitíssimo Obrigado.
E pra acabar, uma frase célere (risos), feitas em uma experiência de trabalho minha:
_ E então? Vamos preencher com etanol?