NOTA DO AUTOR: essa postagem, deve-se exclusivamente ao tema dos vícios e como viver sem eles, aproveitando que todos dizem desse assunto, e lembrando que o livro que falamos no texto, é esse, O Conto do Noctâmbulo, LINK AQUI. Boa Leitura, amigos(as), comentem à vontade e agradeço imensamente às visitas que a página recebe. Obrigado.
COMO
SE LIBERTAR DOS VÍCIOS
O
que é mostrado em nosso livro (projeto) O Conto do Noctâmbulo,
desde 1997 no papel, desde 2012 on line, agora dizem ser uma
verdadeira praga urbana – o fato é que não há nada de pragmático
no crack, desculpem o trocadilho, e tão pouco no que dizem, que não
há cura para o viciado e que o melhor a se fazer é aplicar a
internação compulsória, quando ainda há tempo para se fazer
alguma coisa. Meus leitores, o que é pior para a sociedade do que
iludir mais ainda seus viciados? Que por vezes a própria sociedade
formou, dizendo que não há cura para o vício deles e que, no
máximo, o que poderão fazer é trabalharem com a recuperação de
outros paciente; onde, por vezes, não houve recuperação alguma.
Mas já os aviso que há uma real recuperação sim, a reabilitação
existe sim, mas não é como imaginam e nem ao menos se precisa de
uma clínica ou qualquer outra coisa que seja, exceto um(a)
psicólogo(a) de muita responsabilidade e um(a) médico(a)
competente, para que acompanhem algumas instabilidades de saúde,
digamos assim; mas ainda assim, esses dois profissionais, e um
terceiro também, um religioso, para aqueles que acham que religião
é profissão lavrada de fé e não caminho que se segue ao longo da
vida... Mas garanto que nem ao menos esses dois ou três
profissionais são imprescindíveis para a recuperação de um ser,
não, definitivamente não, só duas coisas ou apenas uma é
necessária, uma é claro é Deus, mas Deus é tão preciso e leal,
que nem a menos precisamos dizer que precisamos Dele, pois ele já
está pronto, esperando para dar uma nova vida a que desejar
verdadeiramente te-la, mas vamos incluir Deus, claro, sempre, e, o
imprescindível, sem dúvida, é a pessoa querer ser liberta dessa
vida de repetições no vazio, esse é o termo que ouvi, libertação,
e que melhor reflete o processo que se passa e que agora eu vou
explicar como é. O Como se faz para se abandonar os vícios.
Lembro-me como se
fosse hoje, uma vez que fui em uma banca de jornal comprar gibis e
folhei por confusão, um livro daqueles de simpatia, pequenos
feitiços, encantos que servem para atrair sorte, acabar com sorte
alheia, essas coisas. E tinha uma simpatia que não esqueço, que era
“Como fazer o Filho/Marido Abandonar o Vício”, não lembro ao
certo como era, mas seria algo como “pôr algum corpo estranho na
garrafa como uma fava, um preparado especial”, não lembro, mas era
algo assim. E claro, nunca fiz isso a ninguém, será que fizeram a
mim? O Fato é que parei de beber, mas não pensem que era apenas
beber, não, era uma obsessão pela bebida, uma ânsia que não me
deixava dormir de madrugada, e se eu deitava as duas e meia da manhã,
depois de beber das seis da tarde até aquele horário, eu ainda saia
de casa as quinze para as três da manhã, para procurar onde beber
mais, às vezes sem um real no bolso, outras vezes tão alcoolizado
que nem ao menos conseguia ver as coisas sem elas estarem embaçadas
e outras vezes, perdido demais em ansiedades e tensões, que sequer
conseguia parar de pensar em beber, sempre mais, teve dias em que eu
fiquei três ou quatro dias acordos só bebendo. Realmente era uma
situação lastimável, e não pensem que era bebida fina não,eram
só doses fortes, “espirituosas”, era mais pela loucura mesmo.
Era geralmente, pinga, cachaça em corote, era mais, muito mais que
insano, era um tal de copo a boca e cheiros insuportáveis de álcool
que se exalavam de meu ser, e desconfio que ainda hoje a aura
alcoólica me acompanha, onde aqui se faz, aqui se paga. Mas esse
texto não é para falar de coisas tristes, poxa a vida... Esse texto
é para dizer de como sair do mundo da destruição causada pelo
vício. Certa vez discuti com amigos esse meu método de abandonar os
vícios e me disseram que com o crack não funcionaria, e eu digo
que sim, esse método funciona com todas as drogas pois os mecanismos
são os mesmos.
Sabe
o que acontece? Geralmente quem fala de e faz as política pública
contra as drogas é careta e refém de pragmatismos, de posições,
de acordo ou votos. Eles não sabem o que tem em mãos. Toda essa
tragédia das drogas na nossa vida hoje começou justamente com a
repressão do ex presidente norte americano Nixxon, que iniciou uma
guerra mundial contra os “estrangeiros de hábitos estranhos”, em
referência ao cigarro de marijuana dos mexicanos. Acontece o
seguinte: em 1900 anos de história de humanidade na era cristã,
salvo um ou outro momento, não tínhamos a ilegalidade da maconha,
nem da cocaína, do ópio, do vinho do que fosse... , do cigarro
(apesar que o cigarro é a droga mais caçula dessas citadas)... E se
não temos ilegalidade não temos “recursos naturais”, digamos
assim, para os criminosos atuarem, lembrem-se, os criminosos
trabalham na ilegalidade.
Agora
me digam, simplesmente começam a decretar que as drogas não prestam
e que são ilegais, todavia se esquecem que as drogas estavam ligadas
às culturas dessas populações. Ademais desse aspecto, temos um
outro que, creio, ser de extrema importância também, tudo aquilo
que nos é proibido atiça mais a nossa curiosidade, como se alguém
dissesse, não faça, e aí que o outro faz. Acrescente a isso o
poder que o crime exerce sobre algumas pessoas, que se vendem com a
falsa ilusão de status criminal, dinheiro “fácil”, mas que
custa muito caro, ao custo das vidas, dos sofrimentos, das
perturbações de todos os tipos, dos medos, e de muitas outras
coisas piores. Imaginem só. Alguns se atraem nos caminhos do crime,
muitos se perdem usando uma pedra de crack no fim da noite e quando
veem, estão fumando em plena terça feira, as onze da manhã. Muitos
jovens experimentam a bebida, no point da cidade ao qual tem acesso,
e muitos ainda, onde as eras mudam as gerações, mas os hábitos
ancestrais permanecem inalterados, mesmo já ébrios, desejam algo
mais forte e creio que todos aqui conhecem a escadinha das drogas,
começa em uma depois passa para uma outra mais forte, aumentam as
doses, aumenta a frequência do uso, e por aí vai. Destruição
atras de destruição, oculto por detrás de muito sorriso solto e
muita audácia pela degradação, nada mais que ilusão. E isso são
só alguns exemplo, de casos e casos que temos, as como decretamos
que as drogas não presta e consequentemente que usa ou mexe com
drogas não presta também, nós simplesmente ignoramos, julgamos,
denunciamos as autoridades e fazemos de conta que o problema não é
nosso, que não é um de nós que está ali sofrendo – e muitos
ainda fazem comercio desse sofrimento, usando nossa tão amada
palavra libertação como sinônimo de fanatismo deturpado, como
desculpa para doutrinar, ou seria mais para a aparecer mesmo?
Mas o vale aqui é
ter chegado a uma importante visão, que o mundo dos vícios, das
drogas, dos exageros é uma ilusão, ao menos para quem é adicto e
descontrolado, eu me permito dizer assim.
Quem
enxerga assim já pode se libertar, quem não enxerga, deve procurar,
antes, algo que o faça se lembrar do que era previamente a bebida
ou as drogas, para ter uma âncora para se lembrar de onde veio e
conseguir comparar, a vida que quer ter ou a vida que tinha com a
vida que leva agora, entregue e jogado nas drogas, no alcoolismo ou
nos dois..., no sexo desmedido, enfim. Agora quem nunca teve nada
mais na vida além das drogas, deve anelar fortemente algo para se
apegar, deve ter uma outra visão de mundo, como um grande amor, uma
causa social, uma missão, algo que o faça se sentir útil e
importante, algo que o faça se libertar. Quem só teve esse caminho,
para libertar deve querer
fortemente
algo novo, uma nova vida,novos e bons sentimentos. E claro, eu creio
que essa pessoa conseguirá.
Por
exemplo, se é um índio que quer deixar de beber pinga e fumar
crack, apesar de ser duas substâncias é um processo só e o índio
jamais poderá voltar a beber novamente, por exemplo, no caso da
droga licita; o processo de libertação é pleno e não há volta,
sem dizer que retornar é muito perigoso e pode levar o ex ex usuário
a óbito, mas creio nem ser esse o caso pois quem quer parar de usar
ou fazer o que for, seguindo esse caminho, aqui apontado, tenho
certeza, não pretenderá voltar mais para as trevas que veio, mas
sim buscar a luz de que se lembrou pertencer ou buscar a luz que
conseguiu enxergar. Agora vamos supor mais, no caso do indígena,
além de crack e cachaça, ele, vamos supor, fuma maconha, também.
Note que aqui a maconha não é algo ruim, exceto se ele fumasse
mesclado regularmente, três vezes ao dia ou mais (maconha com crack
em uma espécie de cigarro, nesse caso a ligação neuronial
associaria a maconha ao crack), senão mesmo consumindo as três
drogas em conjunto, ele poderia parar de usar, todas de uma vez, a
princípio, mas não subitamente, veja abaixo, é necessário ficar
uns dois ou três meses sem nada para que a psique da pessoa se
readeque e já aviso, ele não será igual ao que era quando bebia,
nem igual era quando não se drogava, ele terá uma nova psique,
acostumando-se eternamente a viver em um mundo que estimula a todo
momento a droga ou o álcool, ao mesmo tempo que considera impuro
quem faz uso em demasia dessas substâncias -acontece que para um
adicto não há apenas “uma dose”, mas sim, são “várias
garrafas que se fazem necessárias”, é uma sede que não seca, que
jamais sacia. Assim, nesses casos, o melhor a se fazer é parar de
beber de vez. E só para terminar o exemplo do índio, se por um lado
a escada das drogas funciona para ir piorando os vícios dos
usuários, onde começa com uma fraca e passa para as mais fortes,
também é possível parar de usar as fortes fazendo uso das fracas,
o índio em questão depois dos três primeiros meses, um certo dia,
ele vai querer voltar a participar de festas onde todos bebem e se
drogam e, nesse caso, ele pode usar a maconha para se “recrear”
enquanto amigos dele se drogam com coisas mais fortes, note que a
bebida associa-se demais a droga química e beber certamente é um
péssimo negócio, nessa nossa suposição, assim pode parecer
estranho, mas a maconha aqui pode ser um santo remédio e pode ajudar
o nosso índio a continuar mais meses sem pinga e crack. Para quem
não sabe, já foram comprovadas ações terapêuticas da maconha, em
diversos casos, tanto para favorecer o sono, quanto para dar apetite,
ou para anestesiar dores, e alguns alegam mais, dizem de iluminações
espirituais e controles de chacras com o auxílio da cannabis;
misticismos a parte, o fato é que eu parei de beber mas ainda fumo
meu cigarro, fiquei uns dois meses sem fumar também, claro e pense
que algo assim pode acontecer nessa nossa escala das drogas que
alias, parece que é as Nação Unidas quem define essa escala, mas
ora, sabemos tal substância é melhor ou pior que outra.
O
tempo também é muito importante para essa questão da
desintoxicação. Assim, é possível parar sozinho, sem utilização
de remédios, doutores e passes espirituais. Mas com uma coisa
deve-se contar, como o Tempo. Existe um tempo para o usuário parar
de usar, e claro, sempre há tendências, e o que seria tendência
senão um tempo determinado a alguma coisa, como a tendência da moda
ou a tendência as chuvas? Assim, há tempos propícios para parar de
usar e tempos que não são bons para parar, com os tempos ruins
para parar, pode-se citar o Final do Ano e o Carnaval, e os tempos
bons para parar geralmente é na época depois do carnaval e também
nas frias noites, onde o melhor a se fazer é cobrir-se em sua cama,
com seu cobertor, para refletir sobre cada situação que já passou.
Mas o tempo para para não é cronometrado, ele pode levar um certo
tempo para se realizar, mas se realizará, com certeza. Tudo vai
acontecer de acordo com tentativas, fracassos e sucessos para parar
de beber ou usar outra droga, e repito, esse método aqui funciona
com qualquer droga.
As
etapas para libertar-se são três, como são três os passos para
viver o aprisionamento. Abaixo temos um quadro sobre cada um desses
extremos. O que posso dizer deles é que acredito e funcionaram
comigo. Primeiro você tem que querer sair daquela vida, e por vezes
lembro que eu bebia, eu saía de madrugada, de manhã cedo ou de
tarde para ir atrás de bebida já com um certo peso em meu corpo, e
a bebida não me trazia felicidade mas sim, a bebida me consumia e
acabava comigo, mas o importante é que sobrevivi, muitos amigos meus
viviam apostando quando eu morreria dizendo que não passaria dos 32
anos... A partir da consciência, é ir pedindo a nova vida e claro,
tentar se afastar das bebidas, das drogas do que for. Parar de beber
é complicado, dá irritabilidade, pânico, eu andava por tardes,
noites, ainda bem que na época estava me preparando para ser
carteiro e corria e caminhava para treinar para a prova física. É
uma angústia, e uma perda. O viciado sente que está perdendo a
batalha contra o álcool, a sua relação maluca com o crack ou seu
momento relax com seu baseado, mas a pessoa não está perdendo nada,
tá bom vai, está perdendo uma coisa, uma substância, ou duas ou
até mesmo três ou mais, mas , todavia, entretanto, em compensação,
está aberta a ganhar muitas outras coisas, milhares, milhões, mais
até, pois irá se libertar de algo que o restringe, faz mal, o
descontrola, deixa os sentimentos em estado lastimável, dá medo, e
muitas outras coisas, cada um reage de um jeito a drogas, substâncias
entorpecentes legais ou não... mas não tem outro jeito e ficar sem
e garanto que é assim e funciona, é real, é querer, não são
centenas de pessoas torcendo para que você pare, não no meu caso
até alguns familiares achavam que eu não conseguiria parar, é
você, é ele, é a pessoa que tem que querer e dizer “Eu vou
parar, uma hora eu paro”, eu repetia isso em voz alta, e funcionou.
Mas o tempo é complicado.
Você
para, fica cinco dias sem se deplorar, digamos assim. Daí você
recaí, é normal. Você depois deve tentar novamente, deve se focar
e saber que recaiu porque a carne é fraca mas a vontade é mais
forte e se tentar novamente conseguirá ficar dez dias, ou talvez
sete ou talvez quatorze dias. Vai recair de novo, é normal, o seu
corpo não aceita parar de usar, tem quem sente dor, quem sente dor
de cabeça, quem se rasga todo, literalmente, quem anda o dia todo,
quem dorme, e muitos sentem todas essas coisas. Vai ficar mais um
tempo, 28 dias, mais ou menos, e sempre recai e recai feio – vem
“b.o”, sai uma sentença judicial contra você, algo lhe
decepciona demais e espere coisas ruins mesmos. Os espiritualistas
dizem que isso se deve a ações de entidades pessoais ou não, que
não aceitam ainda que a pessoa se liberte. Crenças a parte, o
importante e que isso é uma provação sim e é bom, ao menos eu
acho, que é bom ao menos tomar consciência disso. A pessoa deve
aguentar firme, aguente firme, recai até, se não suportar o
estresse da situação, a carga que se impõe sobre seus ombros
calejados que já sabiam onde recorrer quando quiserem aliviar, ao
menos enganosamente, tal carga aplicando-se devaneios
autodestrutivos. Resista firma. Volte a cabeça no lugar e comece de
novo, mais 28 dias mais três meses. Há quem recaia ainda depois dos
três meses, é tudo igual. Começa de novo, vai na fé, tenta com
mais convicção, não saia de casa se for o caso, coma o pão que o
diabo amassou e sofra como um cão doente, jogado em uma noite em
enxurrada em uma ladeira em que descem sucatas cortantes da
esquina... E finalmente, depois disso, um belo dia amanhece e lá se
vão dois anos que você não sabe mais o que é beber, que você não
fica mais mal, que não enlouquece mais.... enfim, aliás,
enlouquecer você vai, a vida continua, mas agora sua loucura não se
fará perante o uso de álcool, ou crack, ou pó, na verdade nada
disso importa, a maconha, a heroína, o ácido, a bala, o thinner,
nada, nada disso importa. Importa uma coisa meu amigo, desde já meu
muito obrigado a você que leu isso e insisto mais uma vez, tudo aqui
foi posto a prática, por ironia do destino me viciei em álcool ao
mesmo tempo em que escrevia o Conto do Noctâmbulo e se esse texto
fala disso, também fala que houve aqui uma recuperação real, e
agradeço imensamente a você que leu esse texto, de certa forma,
você contribui para que meu livro continue a ser escrito e um dia
termine com o melhor final feliz possível. Agradeço a sua atenção,
a sua leitura e digo que só uma coisa é importa. É a pessoa. O
importante é você. Sua história, sua superação, sua recuperação.
Sua vontade. Poderia dizer sua família, mas para quem vive na rua e
não tem, mas pode ter se quiser também, se alguma família lhe
estender as mãos, você não irá se permitir ao abraço? Você
ainda assim, ficaria aflito? Aí já é com você. Sei que passado
esses dois anos, tem dia que o lado negro ainda me tenta pegar
novamente, mas agora eu apenas o sinto, eu não compartilho mais das
intenções do lado obscuro eu não persisto na maldade nem me
alimento do imprestável. Se quiser está ali, no mercado é só
comprar. Mas é claro que eu não quero, eu cheguei em uma convicção,
pedi ajuda em silêncio a Deus, Ele prontamente me atendeu, me deu
forças, consegui superar dores, lágrimas, frustrações, perdas,
fracassos e mais... poderia falar de coisas maís-tristes, mas por
fim só quero dizer da esperança. Que Eu também não via a hora de
sair do emprego para beber, que por vezes ainda ia trabalhar meio de
fogo, mas que tudo isso passou e como disse Jesus “Eis que faço
novas todas as Coisas”.