Ficção Realística
Conto do Noctâmbulo:
Ondas Espectrais de Vodkas
"Astronarta". Ele pensava nesta palavra: astronauta.
Mas, subitamente, um forte barulho tira-lhe totalmente qualquer "ideia
de cogitação". Um estrondo tamanho que até mesmo os mais cômodos e felizes
(sonolentos, até) tigres, levantar-se-iam de suas aconchegantes tocas, e iriam,
curiosos, a ver qual despertador seria esse. Ele apenas move vagamente o rosto.
Vê um acidente entre uma moto e um carro. O lado frontal do corpo dele volta-se
todo para tal tragédia que os olhos captaram. Repara melhor, acaba notando que
em poucos instantes um aglomerado crescente de povos e cabelos vinham chegando
para ver também o que acontecera; "tudo é tão complicado". Ele não sabia o que
pensar, tudo aquilo era muito horrível: o motoqueiro havia sido jogado à uma
distância considerável (a frente do carro acertou o lado direito da moto - o
motoqueiro na horizontal e o motorista na vertical), e as pessoas surgiam de
múltiplas direções e perto do acidente paravam. "Sempre é assim.
A Polícia e as ambulâncias (sempre mais que uma, por quê?) também
participaram da cena; não juntas, nem ao mesmo tempo, nem uma tão logo e a outra
a seguir. Apenas estavam lá. Luis estava de tão forma confuso que olhava o
acidente e abaixava a cabeça, fazia uma coisa e depois se dedicava a fazer
outra; primeiro chegou a ambulância e depois, mais gente, e finalmente, a
polícia. Luis, suspeito e paranóico, como sempre, não se aproximava do acidente,
observava tudo a distância, com o dito. Onde Luis estava parado foi de onde ele
observou toda a cena; enquanto pensava - "astronarta" - ouviu o acidente, moveu
os olhos, depois o corpo e ficou assim: a olhar o acidente e a pensar de cabeça
baixa, onde, quase sempre, resumia-se a olhar e abaixar o semblante.
Ele, em nada, senão na semelhança, se parecia com as outras pessoas.
Enquanto os povos (rebanho, populaça) queriam se aproximar mais e falar, ele não
queria acreditar no que via. Decidiu-se por sair imediatamente dali, decidiu-se
com calma, deu meia volta (1/2) e continuou a seguir seu "Rumo".
"Astronarta". Esse pensamento lhe tornava a vir à mente, e o fez ter um
profundo sentimento de desprezo por si mesmo (como ser humano). Pensava:
"Como posso lembrar de tal canção, se acabo de presenciar um terrível
cena - como é mesquinha a humanidade. Esses povos, como eles se parecem! Devem
ser todos iguais, mesmo!"
O que mais lhe indignara, era o fato das pessoas se preocuparem tanto em
irem até o acidente; o que não lhe agradara, era o fato de todos aqueles que
estavam lá, vendo (ou os ditos "sãos"), só se aglomeravam, pela tragédia, tal
como, se o acidente fosse uma atração, um espetáculo. Ele, por sua vez, recebeu
com revolta o fato do acidente e pensou "por que aquele povo gostava tanto de
observar aquela cena fatal?"
Não conseguiu achar a resposta certa. O que queria era, em poucos
passos, nem ouvir as vozes dos populares e, muito menos, o som irritante que
produz todos aqueles veículos úteis, no momento em que prestam auxílio - a
viatura e a ambulância, entre todo o mais.
Tudo aquilo havia-lhe apavorado profundamente. Não sabia o que pensar do
acidente, não sabia que conclusão tomar sobre as pessoas, não sabia para onde
queria ir e não sabia no que pensar. Por fim, desta angústia, ele olhou para
todos os lados (em um panorama 360°, segundo as construções da cidade permitem),
e viu que a testemunha mais próxima dele se encontrava a uma distância
considerável para não notar nada, nem ver,ouvir ou ponderar. E nisto,
imediatamente, ele começa a falar consigo mesmo:
_ Que merda. Estava justamente pensando em ideias, figuras, cores e
imagens. Estava pensando nos Mutantes, quando aquele infeliz acidente ocorreu. E
aquelas pessoas todos, as autoridades... Que vinham chegando e logo após iam se
aconchegando ou prontificando para lidar com tal feito tristonho, da maneira
mais racional possível nos meios sociais... ai, tudo isso me incomodou por
demais...
E assim prosseguia. Uma vez que, antes do acidente, estava ele pensando
em como poderia divertir-se. Astronauta (em caipirês, "astronarta"), é a última
palavra que se canta em Dois Mil e Um, em performance por Mutantes. O que achou
a atenção dele, é que no momento em que pensava nesta última palavra cantada na
música citada, pensou conjuntamente no que fazer - notem que em "astronarta",
subtende-se algo para cima, algo ascendido, ou que tem leveza e que sobe e se
vai mais além (e isto fez ele ter um profundo gozo interno, de riso), e foi
quando, de súbito, ocorre aquele maldito acidente - certamente, isto o confundiu
tudo. Fora confundido nessa união de ideias, totalmente desconexas, onde acabou
por se cansar de tudo aquilo. Fora, o fato de, ter sido confundido, inclusive,
pela mudança radical no rumo de seus pensamentos: astronarta, o que fazer, riso,
frenesi e por fim, batida e morte... e mais aqueles outros pensamentos que
vieram a ele depois da tragédia, com as pessoas e tudo o mais... por fim, sentou
em uma calçada e acendeu um cigarro.
Cada vez mais um sentimento de tristeza tomava conta dele; estava
totalmente desolado, lembrou-se de "os ombros suportam o mundo", de Carlos
Drummond de Andrade: "a vida apenas, sem mistificação". Logo começou sua
dialética solitária:
_Eu, que não me dei a reparar a tragédia alheia, sofro mais com ela do
que todos aqueles curiosos que se aproximavam para se deleitarem com o
sofrimento dos outros. Esses olhudos, que em ferro de automóvel amassado veem um
atrativo para toda a família ou para toda a confraria. Toda a sociedade pertence
a uma confraria de tolos, assim trata John Kennedy Troole em seu único livro (a
história do lançamento do livro já é terrível). A humanidade é mesquinha e essa
é a máxima mais certa. E agora, quem teria dito tal primeiro pensamento ''a
humanidade é mesquinha" ? Difícil de saber se sei ou não quem disse primeiro
isso. Posso arriscar muitos nomes, mas creio que não arriscar nenhum seja a
citação mais eloquente: já devo estar muito bêbado mesmo.
E não era só isso, não. Luis adorava alterar o seu estado "normal" de
consciência. Ele fumava cigarro de papel, fumava fumo de corda com palha, fumava
(explicitamente) maconha e, pode-se dizer, que ele não tinha problema algum com
frases tipo "eu não gosto de tal substância" ou "por que eu quereria
experimentar mais uma porcaria?", pelo contrário, encontrava na marijuana e em
outros alteradores de estado consciência, um ingrediente perfeito para chegar
"ao ponto ideal". E mesmo depois dele ter dito que já estava bêbado, e mesmo
depois que eu (o narrado) esclareci sobre a real situação mental dele, ele
levantou-se e foi até um bar próximo (claro, beber mais). Enquanto caminha,
pensava (falando):
_Sempre é possível ficar mais bêbado, mas quero ver o que vou fazer para
passar a bebedeira... Há quem diga: "para passar a bebedeira, só com pó
(cocaína). Eu porém, não acredito nesta opção, como a melhor. Eu digo, "para
passar a bebedeira, só dormindo", ou o famoso, "teu mal é sono".
Enquanto Luis atravessava as ruas, passando por calçadas, pensava nestas
e em outras coisas, as vezes as dizia, as vezes somente, ria. As outras pessoas,
seguiam suas vidas, sozinhas e raras, ou, mais comum, em casais ou grupos, a
juntar interesses e fazer coisas de modo coletivo. Algumas pessoas falam. Mas o
problema da fala é o vento. Pois o vento espalha as palavras - feito um vendaval
de gotas fonemas - e as mistura, em um turbilhão caótico, as transformando em
algo diferente do que foram ditas. As pessoas permanecem sentadas ou jogadas no
mundo, como consequências de atos sexuais inconsequentes, filhos de pais e mães
que mais fruíram uns dos outros do que propriamente preocuparam-se com o amor e
a procriação. E neste mundo, onde tudo é complicado, onde cada um tem o SEU
MUNDO (seus ideais ou a falta deles), onde tudo se choca, se mistura ou se
ignora.... é neste mundo que vive Luis.
Luis é ser sem luz. Por isto Luis sem z? O brilho dele nada mais é que o
desejo das trevas, a vontade de declinar, o anseio pelo erro e por se machucar.
É uma pessoa com uma inteligência razoável (para os padrões contemporâneos,
chega a ser culta) - pois, hoje, quem tem conhecimentos? A música se perdeu, a
arte é escassa, a literatura vendida em bancas de jornais pode nos salvar,
porem, quem salvará livros, quando nem mesmo a comida está salva? - ; mas, de
uma forma ou de outra, ele chega a ser o que qualquer um é: uma pessoa que tem
(teve) que escolher, que tem que tentar viver... assim como a grande maioria, é
alguém que, ser quiser ser feliz, terá de lutar muito. Ele se consola na
chapação - que é o não estado "normal' da mente - , seja bebendo, lendo poesias,
fumando um beque, uma rocha, sei lá o quê... é a vida dele, ele deve saber o que
faz. Eu posso explorá-lo psicologicamente, dá-lhos (a vós - leitores que são meu
motivo de escrever) todos os detalhes íntimos dele, dizê-lhes todos os
pormenores e mesmo assim, ainda não me contentar, e escrever mais um ou dois
epílogos, mas, que direito tenho eu de expor assim tal ser? Mesmo que
ficcional?
Existem muitas coisas que podem pôr Luis na prisão (ou coisas que ele
poderia ter pago mais caro ainda), e eu, tornando pública a história dele corro
o risco de ser a testemunha mais importante em um provável, futuro processo
imaginativo judicial - mnese superego - , contra ele. Mas não, não poso criá-lo
somente para ser preso ou morrer. Luis não pode ser preso, pois todo personagem
só tem compromisso com o difundir de seu caminho (Rumo), de seu destino (hora e
lugar certos), para que assim, quando alguém entrar em contato com tal obra, uma
lição tirar disso tudo. E por isso não posso explorá-lo muito além do
fundamental. Todavia, por outro lado, ele pode ainda ser preso, para causar o
resgate e mais, nunca tive medo do que os outros temem e não fazem, pelo
contrário, e além de mim, Luis mais gosta quando ele mais ultrapassa os
"limites", as leis.... ele mais gosta quanto mais ele vai além.
Ou, TALVEZ, nem seja isso. Talvez, e se, somente se, talvez Luis
realmente goste dessas coisas, talvez ele não tenha mesmo mais nada para gostar,
vai ver que o que lhe restou foi apenas isso mesmo: um mundo de perdição,
drogas, sarjetas e barraquinhas, uma vida cheia de erros e uma ou outra que,
desconfiadamente, talvez, lhe traga prazer.
Finalmente Luis acha um bar aberto e chega nele.Enquanto rumava a entrar
no bar, ele só tomou por pensamento aquela base que vimos agora à pouco: "para
passar a bebedeira é melhor ir durmir ou ir cheirar cocaína? Parecia que Luis
não tinha mais certeza sobre isso, e talvez, sobre mais nada.
Uma das duas portas do bar já estava fechada e não havia ninguém do lado
de fora. Luis entrou e dentro do bar haviam outras cinco pessoas: o dono e
quatro bebuns. Os homens estavam falando que o emprego era cada vez mais difícil
de arrumar e também que é mais fácil ser demitido do que ser contratado, hoje em
dia. Luis achou tudo aquilo tolo, mas ficou quieto.
O homem atrás do balcão, olha para Luis e fala: "fala.
_ Uma dose de vodka - Luis falou timidamente, como que com vergonha.
_Vodka? Você a bebe pura, garoto?
Quem fez essa última pergunta foi um homem já ébrio, de mais de quarenta
anos, que o disse com uma voz seca e arrastada, com um certo ar de irritante.
_Sim, eu bebo pura - disse confiante e desafiador, por fim, enquanto
pegava um outro cigarro do aço; e, de fato, Luis bebia vodka pura e o que mais
fosse, pinga, conhaque e com o que viesse acompanhado, fosse pedra ou pó.
_Pois, saiba - disse o homem, depois de 1/2 segundo de silêncio - que
ela não faz nada bem e hahaha - era-se possível ouvir uma espécie de riso
ali.
_hehe, sim eu sei. Saibam, os senhores, que, certos dias, eu acordo de
ressaca de vodka e passo-os, esses dias, todos, ou quase inteiro, com ânsias,
diarreias... além de vômitos e mal estar.
_ Então, por que bebe?
_ah, essa pergunta... O senhor sabe quantas vezes já me fizeram essa
pergunta? E acredita mesmo que eu pretendo levar essa conversa adiante?
O bar que se alterava em momentos de euforia ardilosa e silêncio com
ôfegos de respiração, acaba por calar-se por completo. Decerto, só Luis sabia
porque ele estava tão irritado, mas, posso arriscar que ele estava mal humorado
assim, principalmente por tudo o que ocorreu e ele não queria dizer - não seria
ele aquele quem iria fofocar sobre a tragédia alheia - e mais, ele não queria
falar nada, ainda mais com este senhor tão atrevido. Logo o copo cheio de vodka,
que ele havia pedido, estava sobre o balcão, pagou com uma moeda (pois sim,
naquela época era possível pagar as coisas com moedas), pegou o copo e disse:
_ Me dão licença, só vim pegar isto aqui, vou beber lá fora.
Luis saiu do bar, foi sentar-se na mureta, e bebia enquanto não saía a
cena do acidente de sua cabeça e pensava: Poxa a vida, aquele pessoal, gente da
rua, gente nas casas dormindo e exceto pelos "utilitários do momento"(hashtag
#utilitariosdomomento), todos só iam lá para olhar e não ajudar - onde está a
caridade, meu Deus! Hahahahaha, ouvia risadas dentro do bar enquanto
supostamente repetiam o que Luis dizia. Ele estava inquieto e resolveu entrar
novamente no bar, enquanto entrava um dos homens disse rindo, "é rapaz, a coisa
tá feia!", Luis apenas disse:
_Queria falar uma coisa para vocês. Isso que todos nós formamos, a
humanidade, é uma coisa... uma experiência que deu errado e que só os piores
acham boa. Agora mesmo, à pouco, acabei de presenciar uma cena trágica e o que
vi, foi uma porção de pessoas que vinha exclusivamente para ver o acidente. Eles
não estavam lá por piedade, caridade ou mesmo, pavor, eles estavam lá, porque
gente morta é atração.
Riu ironicamente. Ele mesmo estava confuso, tragou o cigarro (naquela
época podia fumar dentro dos botecos), espirou muito profundamente e prosseguiu,
enquanto viu que os homens escutavam quietos e calmos, por enquanto:
_ Vejo que serei ouvido. E será que para tal terei de ouví-los, também?
Senhores, bêbados, homens de uma cervejinha só, vagabundos, empresários, donos
de bar, sejam o que forem, ouçam-me: A humanidade só pode me ver quando eu me
mascaro - quando bebo, fumo um cigarro ou qualquer outra coisa. Esse povo não
tem o direito de me ver de cara.
O homem que se encontrava sentado à maior distância de Luis, tão logo,
ouviu tais palavras, começou a rir e quando Luis continuou, tão logo pois se a
rir em gargalhadas prolongadas. Luis se mantinha:
_ Pois saibam que vocês só tem direito de verem a mim no meu estado
não-normal, não sóbrio e... de que o senhor se rí?
_ he he, se eu pudesse falar... he hahaha.... - talvez a voz de um anjo
(da luz ou não) tenha dito:
_ Um amigo meu diz que antes tudo, deve viro riso - aparentenmente era
um terceiro (quinto) elemento, que até então entretê-se com suas goladas.
_ Acaso estão a me ofender, a mim? - pergunta Luis em seguida a ter
bebido de seu copo cheio.
_ Amigo - falou o dono do bar - , não do mesmo modo que você falou que
não iria falar com ele, nós não estamos acostumados com pessoas que não
conhecemos em nossa conversa de copo. Tome! - o dono do bar oferece a ele um
copo descartável. Luis se cala por um tempo. Logo corou e disse:
_ Senhor - começou pausadamente - , apesar de tudo, reconheço a sua
cortesia, muito cordial... se for essa a palavra/sentido. Mas digo, que fico
muito ressentido com essa ofensa, tamanha!
E novamente o silêncio. Luis estava exauto por dentro, e por fora
aparentava alcoolismo e calma causada por tontura. Todos esperavam
atenciosamente que ele falasse: "Que diabos, estou eu a fazer aqui?", mas pensou
consigo mesmo:
_Ora deixe. Vocês são tolos. Não compreenderiam uma só palavra das que
eu dissesse, nem das que eu disse. O senhor está certo, dá-me teu copo, que eu
sair daqui será o melhor. Mas, por fim, só disse:
_Falou, "tiazãos"!
Luis coloca a vodka do copo de vidro no copo descartável, deixa o copo
de vidro sobre o balcão e sai, sem dizer mais uma palavra, ou dar um suspiro,
sequer. Nas ruas, pensava consigo mesmo.
"Nem ao menos me deram atenção à minha ideia de me mostrar com máscara
mental à sociedade, são tolos, mesmo. As crianças deveriam ter anseio por quando
crescerem, pudessem, finalmente, compreender todos os mistérios que suas
cabecinhas pensantes não podiam nem imaginar, enquanto eram pequenas. Mas ocorre
o oposto: muitos pensam e tem criatividade (do Criativo, o 1° I Ching), enquanto
crianças, pois não foram "condicionadas" a pensar segundo a sociedade, e o seja,
pensavam, justamente por não saberem ou por cultivaram algumas dúvidas e
"fantasias", agora, quando tornam-se adultas, não carregam mais esse hábito,
pois acabam acreditando que a sociedade e as ideias dos outros é que estão
certas..."
Luis estava muito acelerado, é uma pena, estava tão perto de concluir
uma linda reflexão, mas a sua mente, veio uma vontade de fumar pedra, ao mesmo
tempo em que lhe volta a mente a cena do bar, e ele torna a ter mais raiva
ainda, e parte para essa reflexão aqui:
"Devo estar certo. Muitos quando crescem se tornam iguais aqueles
senhores daquele bar fuleiro, se acham os donos da verdade e do lugar. Essas
pessoas podem estar totalmente ou semi erradas, já pensaram nisso? Pois muitos
do que eu vejo que se intitulam certos, em maioria, estão equivocados. Ah, que
tolice pensar.
Por fim, grita:
_Ninguém sabe. Todos estão incógnitos.
Ele estava cada vez mais possuído por um sentimento que lhe
aterrorizava. Tinha vontade de gritar mais pela rua, porém percebeu que estava
muito entorpecido e fora de si mesmo! Os pensamentos lhe eram agradáveis,
talvez, mas, na voz dele, havia algum sotaque do leste europeu, de alguma
entidade poliglota, além é claro, dos evidentes sinais de extrema bebedeira.
E falou, enquanto ia para boca, torrar seus últimos dez contos com
pedra:
_"em algum lugar, alguém deve chorar por
mim"